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sábado, dezembro 17, 2005

IMPERDÍVEL

Lançamento do cd "Poesia em desuso - Koproski/Bukowski/França"

Será no dia 20 de dezembro, terça-feira, no Wonka bar (que fica na trajano reis, onde era o birinites). Estejam no bar a partir das 21:00 horas. Espero todos vocês lá.
Mais uma do Cazuza.

Não estou (mais) no clima do poema, mas que é bom pra caralho, é. Sintam o aroma da perpétua.

Brigitte Bardot

Deus é amor sem segredo
Nos olhos do cachorro
E a todo animal que ele quis que visse
Sua obra já pronta.
Morro de medo dos teus olhos sem palavras
Bigorrilhos, duques e xerifes
Porque me viciei em sons codificados
Porque eu sei que amar é abanar o rabo
Lamber, latir e dar a pata.

Cazuza

sexta-feira, dezembro 16, 2005

minutos antes

enquanto você suava o olhar
cansado de deter o espírito
eu deitava o rosto em seu peito
e com os dedos secava o que derretia de amor

minutos antes estávamos inquietos
eu sobre o seu corpo
você sobre o meu
encaixados, moucos como descargas elétricas
como bestas a procura de sanar a sede da alma

minutos antes experimentávamos
na escuridão das pálpebras
os nossos gemidos, como doces escondidos
em armários secretos.
Eu, com a língua,
roubava as pintas de sua pele.
você, com as unhas
abria caminhos em minhas costas

minutos antes não sabíamos
o que era este ardor
e agora dormimos abraçados
como o caule e a casca
alimentando no sonho a idéia de amar
em todos os minutos deste andor
e em todos os espaços desta casa.

terça-feira, dezembro 06, 2005

Harvey Pekar

Descobri agora pouco que o criador da revista American Splendor, (que no começo era ilustrada pelo Robert Crumb) Harvey Pekar, possui um blog. Muito louco saber disto, já que a revista do cara sempre o expôs de forma crua durante estes anos todos. Para quem se interessar, eu coloquei um link logo ao lado.
245 - 244 = 1

Rasguei as fotocópias da faculdade, as traças que acumulei no armário.
rasguei as partituras de violão erudito,
rasguei o poema não compreendido,
rasguei o que em mim era lixo,
agora que tenho certeza.

Rasguei as rosas que eram de papel,
rasguei o tempo de aluguel, o espaço de aluguel, a musa de aluguel,
o vento de inverno, o vento de ar-condicionado, a renite alérgica,
agora que tenho certeza.

Rasguei o chão nojento que eu pisava,
rasguei aquilo que me possuía sem me pedir licença,
rasguei os travesseiros desnivelados,
as notas baixas do colégio,
o padrão estético e moral,
agora que tenho certeza.

Rasguei principalmente o meu ar de ironia,
a minha cama fria,
a luz acesa para dormir,
o escuro para chorar,
a platéia para sorrir
a certeza de tudo,

agora que tenho certeza.

Rasguei como um animal
aquilo que uivava triste no estômago
e ainda soluça ao amanhecer,
pois rasgar
foi a única maneira de voltar
a minha velha certeza de nada
e ainda não te esquecer.

quinta-feira, dezembro 01, 2005

POETA EM CONSTRUÇÃO.


Estarei ausente
não sei até quando
pra você, o meu presente:
este silêncio estranho.

terça-feira, novembro 29, 2005

APAREÇAM


terça-feira, novembro 22, 2005

Mulheres

Há uns quatro meses, mais ou menos, eu reclamava da falta que me fazia o ato de me apaixonar por alguém. Acontece é que nestes dois últimos, apareceram umas duzentas e quarenta e cinco paixões, uma atrás da outra (sem sacanagem nenhuma na frase). Não que eu tenha tido um caso com todas elas, mas, como já é do meu feitio, me apaixonei por estas mulheres. Isto é inédito (levando em conta a quantidade), e eu só posso concluir é que no fundo eu sou um apaixonado pela mulher (apesar de ainda concordar com aquele verso do Vinicius que diz que beleza é fundamental, sendo que sou apaixonado pela mulher que possui um nível superior de beleza física - o restante, fatalmente, é amizade). Ok, depois de uma semana imerso num mar de belas pequenas, eu só poderia escrever muita poesia, certo? Lá vai então:

Todas elas


Seus seios choveram carne em meus dentes.
Seu umbigo desaparecia ao poente das pernas.
Você esquecia de você lentamente, e eu
nas termas da sua saliva me perdia
como se perde, sem querer, todas as guerras


A sua pele era a pele de todas
que amadureceram o sumo em minhas artérias,
hora era a cor da alvorada curitiboca,
hora um rubi doce nas trevas da minha boca.


Ao voltar para casa, em minhas costas
elas, rubras, me abraçavam nuas
pelo expresso vermelho, pelas ruas sem cor,
e pelos muros pichados, ironicamente
piscava a declaração otária de um amor.


Seu gosto representava o gosto de todas.
De todas que deitaram na cama de meus versos.
Na boca maldita eu lembrei seu nome,
mas aqui...
...não era o mesmo da semana passada?

terça-feira, novembro 08, 2005

Pantufas, chocolates e Bach (muito Bach).

Chega de bares esfumaçados, clima pesado, papos mórbidos e ácidos...pelo menos hoje a tarde eu descanso a alma um pouco.

Obs: hoje, as 20:00 terá o espetáculo da Melina Mulazani "Risco", no Wonka bar (que fica na Trajano Reis, perto do retrô, onde era o antigo Birinites) com texto meu, do Luiz Felipe Leprevost, entre outros...depois dos chocolates e das viagens Bachianescas, eu estarei lá (eu não consigo me controlar)!

segunda-feira, outubro 24, 2005

Ontem eu não dormi direito

Há uma goteira em minha mente,
(Olheira de ontem, de hoje e sempre)
Muito embora a cabeça não sinta
Este pente de balas usadas,
Há palavras suas em minha carne:
São linhas ocupadas,
Um constante "ligue mais tarde",
Beijos sem o abrigo de uma boca
Boca sem o preciso atalho dos dentes.
Há uma falta de fome em meu estômago,
Como se o ar fosse um tipo de sangue
Que só eu consigo devorar.
Há suor em minhas paredes cansadas de me olhar,
Há saliva nas fechaduras,
Gozo nas torneiras,
Chuva nos tapetes,
Há uma febre doente em mim
Que precisa, urgentemente,
Contagiar.

terça-feira, outubro 18, 2005

Samuel (recém saído do banco), Ingrid e Koproski
Diovana e Sandrini (casal sempre presente)
Koproski e eu em ação!
Mais algumas fotos do histórico evento Porão Loquax...


Koproski, Ingrid e eu (já um pouco fora da realidade).
Pedro, irmão do grande amigo Samuel (que também estava presente)
Bukowski e o Mata-borrão, Batom

quarta-feira, outubro 12, 2005

Foi histórico!!!

A apresentação foi gravada em md e fotografada, e apesar do público ter sido pequeno, as palmas foram honestas e calorosas. Uma hora de poesia e música. Uma hora mostrando trabalho nosso, para um público curitibano.

O Porão Loquax é uma iniciativa que deveria se estender para outros bares. Eu digo que desta vez, no Wonka Bar, foi maravilhoso. Está todo mundo de parabéns: eu, Koproski, Ingrid, Mário, Ieda, Samuel, Pedro, Sandrini, Diovana, Eliege, Cláudio (o bettega), Sávio, Melina (você não queria conversar comigo?), Jonko, enfim, mais uma porrada de gente...

terça-feira, outubro 11, 2005

É HOJE!!!


Recital Fernando Koproski+Charles Bukowski+Alexandre França no Wonka Bar, hoje às 22:00h. Não percam!!!


Serviço:
Wonka Bar – Trajano Reis, 326 – São Francisco
Curitiba – PR
Horário: 22h
Couvert: 1,99

quarta-feira, outubro 05, 2005

NEWS

Grande notícia, pelo menos para mim. O meu projeto pela fundação cultural já está inteiramente financiado e, sendo assim, começarei a gravar o meu cd de canções já no mês que vem. Parece simples, porém quem acompanhou o processo todo, sabe que foi um parto dolorido.

E, dando continuidade a turnê "Buk live at Curitiba", nesta quinta-feira às 18:00 no prédio Dom Pedro II da Reitoria, no sexto andar (sala 613), tem recital do Koproski recitando Bukowski ao som de Alexandre França. Apareçam!

terça-feira, outubro 04, 2005

Para quem estiver em Sampa...




segunda-feira, outubro 03, 2005


Botão de ejetar

Este botão azul em sua íris não serve mais para me ligar, você perdeu a ligação que tinha comigo, nós perdemos as coisas que nos habitavam, seu choro não lava mais a roupa suja, sua máquina de lavar mágoas queimou, agora eu não espero o abrigo da sua resignação, sua ausência é calo antigo, seus desejos não desejam como antes, nossa relação esta minada por angustias mal curadas.

A sua tristeza não tem mais a beleza de se acabar em mim.

(Imagem - Jackson Pollock - male female)
O ritmo que eu estava procurando ou "meu ritmo gêmeo"

The Simple Line (última estrofe)

Body as Body lies more than still.
The rest seems nothing and nothing is
If nothing need be. (sacada simplesmente genial)
But if need be,
Thought not divided anyway
Answers itself, thinking
All open and everything.
Dead is the mind that parted each head.
But now the secrets of the mind convene
Without pride, without pain
To any onlookers.
What they ordain alone
Cannot be known
The ordinary way of eyes and ears
But only prophesied
If an unnatural mind, refusing to divide,
Dies immediately
Of too plain beauty
Foreseen within too suddenly,
And lips break open of astonishment
Upon the living mouth and rehearse
Death, that seems a simple verse
And, of all ways to know,
Dead or alive, easiest.

Laura Riding

sábado, outubro 01, 2005


APAREÇAM

PORÃO LOQUAX – A voz da Palavra

O Wonka Bar inicia a partir de outubro o projeto Porão Loquax – A voz da palavra, um espaço destinado à leitura de poesia, aliada às afinidades com a música, o teatro, a prosa, a dança e as artes plásticas como a performance e a fotografia. O projeto conta com infra-estrutura de palco, som e iluminação.

Num claro intuito de formação não só de público mas de leitores de poesia, o Porão Loquax (idealizado e dirigido pelo poeta Mario Domingues e por Ieda Godoy, proprietária do Wonka Bar) é um espaço permanente, (toda terça-feira, às 22h, chova chuva ou canivetes) onde poetas poderão ler seus poemas, acompanhados por músicos, fazer lançamentos e comercializar seus livros. E ao final de cada apresentação, um rápido bate-papo com o artista.

O projeto Porão Loquax deve ser visto (e lido) como um sinal de resistência: se a poesia é um gueto, agora ela tem voz, endereço e hora certa pra começar. Um pacto entre público (couvert simbólico de 1 real) e artistas: como queria Nietszche, que via a vida como uma obra de arte a ser criada, um público mais artista, um artista mais público. Em Curitiba.

Programação – Outubro de 2005

04/10: Rodrigo Garcia Lopes: poeta e tradutor. O poeta londrinense fará leituras de poemas de seu livro Visibilia, e traduções e apresentará canções de sua autoria, com o violão em punho.

11/10: Fernando Koproski: poeta e tradutor. Koproski se apresentará acompanhado do poeta Alexandre França no violão, e lerá poemas de sua autoria e traduções de poemas de Charles Bukowski.

18/10: Adalberto Muller, poeta e tradutor. Atualmente em Brasília, Muller virá a Curitiba ler poemas de seu livro Enquanto velo teu sono, e traduções do poeta Paul Celan. O convidado especial é Marcelo Sandmann, poeta e músico.

25/10: Ricardo Corona, poeta e tradutor. Corona vai mostrar uma versãosampleada de seu CD Ladrão de Fogo, contendo sonorizações de seus poemas.

Serviço:
Wonka Bar – Trajano Reis, 326 – São Francisco
Curitiba – PR
Horário: 22h
Couvert: 1,99

sexta-feira, setembro 30, 2005

O deixar pra lá

Deixar pra lá é ficar íntegro
Ser flexível não tira pedaço.
Murchar é estar cheio de sementes.
Morrer é brotar.
Ter vontade é ter.
Ter demais é cair em tentação.

Assim, não vá por quem ataca,
mas por quem sabe deixar pra lá.
Este é o modelo do mundo.
Sem brilhar, não ofusca ninguém
e todos podem se guiar por sua luz.
Sem polemizar,
sua palavra, polén, vai mais longe.
Nunca conta vantagens,
mas é o avantajado entre os homens.

E como ele deixa pra lá
ninguém disputa com ele.
A graça das próprias coisas bem feitas
lhe rende homenagens.

Lao Tse

Do "Tao - O livro" (tradução de Alberto Centurião de Carvalho, Antonio Thadeu Wojciechowski e Roberto Prado)

quinta-feira, setembro 29, 2005

Sou vampiro também.

Vou carregar você a contra gosto para todos os lugares e desgostar dos lugares que sempre gostei de estar por que lá estará você me esperando com uma cara arrasada, maquiagem borrada, com mais uma daquelas declarações cafonas, com mais uma daquelas imitações baratas, com mais um daqueles artifícios óbvios, com aquela chupada. Vou garregar você para mais longe possível, levá-la a uma morte estranha junto comigo, transformar sua chatisse em ofício, dar uma lição aos mais jovens para que passem bem longe de pessoas como você. Vou carregá-la na minha biografia já manchada, matá-la a machadadas de palavras, muito embora continue ali grudada, se sentirá estrangulada, louca e desvairada, com a vagina vazando nadas, com o corpo suando cocaína, com a vida minada e tímida, você se arrependerá mesmo morta e fria. Vou carregá-la pelas profundas chagas do inferno, entre putas e camelôs de almas, entre mágicas e mandigas negras, entre drogas ainda não experimentadas, entre lésbicas sedentas, entre o sangue coagulado, entre tudo o que arrebenta. Vou carregá-la e vou forçá-la a tudo e você vai gostar e vai lamber até a última gota do meu branco e viscoso rancor vermelho. Você vai explodir de tanto me tomar. Você também transbordará este vazio vermelho. Eu vou carregar você só para que você também sofra. De verdade, sem enfeitar nada, sem enaltecer a dor com versinhos de donzela, sem porra de riminha burguesa. Você vai sentir de verdade o que é escrever e sofrer. É chegada a hora, meu bem: sofre, porra, você também!

quarta-feira, setembro 28, 2005


Esperando ligações no dia do show (muitas coisas ainda iriam acontecer)

Fui ao show e foi maravilhoso. Realmente não era para se ter outros planos ontem. Depois fui ao Torto, eu e Ivan Justen e Edson Vulcanis, e mais três pessoas que certamente irei conhecer melhor. Tentamos compor uma música, mas quem estava animado para tal feito era mesmo o Ivan e eu. Quero anunciar neste espaço que eu já terminei a música e é um samba estilo Monsueto, bem bacana...bem o clima de ontem mesmo. Valeu Thadeu pelas apresentações (aquela do Carlos Careqa - "O Thadeu já havia me falado de você", foi demais!). É a partir destas que a gente fica sabendo quem realmente se importa e acredita na gente...ah, sobre o post anterior: eu continuo esperado o telefonema da menina. Se ela não telefonar eu vou para a biblioteca conferir a mesa sobre tradução com o Koproski e com o Ivan. É isto.

Na boca de lambuja

Driblando o romantismo
Não mantendo a compostura
O nosso amor refuta o achismo
Picota a alta costura

Rasga o pano todo
Da mesa de sinuca
Passa o rodo na cara
de remela da suja garatuja

- Vamos trocar de coração
e espirrar o que sobrar
na boca de lambuja

Ivan Justen, Alexandre França e mais um pessoal que estava lá no bar

terça-feira, setembro 27, 2005

O imperdível show de Carlos Careqa hoje às 19:30

Obs número um: hoje tem show do Carlos Careqa. Obs número dois: eu vou, por enquanto. Obs número três: talvez eu o conheça pessoalmente. Obs número quatro: o talvez da obs anterior é um talvez bem talvez mesmo. Obs número cinco: sou um fã assumido deste grande compositor. Obs número seis: se certa pessoa que estou tentando falar há uma semana me convidar para ir para outro lugar...sem dúvida o Carlos Careqa ficará para próxima. Obs número sete: como eu sei que mulher não corre atrás de homem, portanto acho que (in) felizmente eu vou ao show.

segunda-feira, setembro 26, 2005

A grande farsa de um haikai (finalizado na festa da Rádio Caos na Grande Garagem que Grava)


Este verso não é bão
Nem aqui, nem na china
E muito menos no Japão


Alexandre França e Antonio Thadeu Wojciechowski

quarta-feira, setembro 14, 2005

para quem morre de amor a cada dia

Não amo ninguém

Eu ontem fui dormir todo encolhido
Agarrando uns quatro travesseiros
Chorando bem baixinho, bem baixinho, baby
Pra nem eu nem Deus ouvir
Fazendo festinha em mim mesmo
Como um neném, até dormir
Sonhei que eu caía do vigésimo andar
E não morria
Ganhava três milhões e meio de dólares
Na loteria
E você me dizia com a voz terna, cheia de malícia
Que me queria pra toda vida
Mal acordei, já dei de cara
Com a tua cara no porta-retrato
Não sei por que que de manhã
Toda manhã parece um parto
Quem sabe, depois de um tapa
Eu hoje vou matar essa charada
Se todo alguém que ama
Ama pra ser correspondido
Se todo alguém que eu amo
É como amar a lua inacessível
É que eu não amo ninguém
Não amo ninguém
Eu não amo ninguém, parece incrível
Não amo ninguém
E é só amor que eu respiro


(Cazuza / Roberto Frejat / Ezequiel Neves)

terça-feira, setembro 13, 2005

Memórias do Subsolo (do porão, do sótão, do antro, do buraco...)

"este flerte é um flerte fatal. este flerte é um flerte fatal. este flerte é um flerte fatal(...)"
(edgar escandurra)

segunda-feira, setembro 12, 2005

É...eu continuo apaixonado por certa pessoa.

Sou mesmo esta massa suja e doente jogada no seu colo. Não é à toa que me apaixono nos dias de chuva, em que você aparece e desaparece pela janela. Sou obrigado a ver através de telas e vitrines para descobrir você toda noite. Dia de chuva e eu aqui encharcado de versos infantis e apaixonados. Estou completamente usado, vou desligar a tv, sonhar com outros cenários e calcular a luz da minha escuridão de sempre. Sei gritar o seu nome para mim mesmo e isto basta: já compus poemas, joguei fora as bitucas de cigarro e limpei o cinzeiro de vaidades. Agora é a sua vez: desliga um pouco o seu mundo e deita um segundo aqui do meu lado.
Maratona Polaco da Barreirinha

E as entrevistas no blog do Thadeu não param. Desta vez a vítima é o poeta e tradutor Ivan Justen que conta um pouco a sua história para nós. Ok...se não me engano, todo domingo tem uma nova entrevista lá no Polaco da Barreirinha. Haja saliva e dedo para tanta conversa. de minha parte, estou adorando.

(visitem também o blog do Ivan, cujo link eu já disponibilizei logo ao lado)

terça-feira, setembro 06, 2005

ainda não tinha lido, mas li agora pouco e adorei a entrevista com o poeta Batista de Pilar no Polaco da Barreirinha. Vale a pena conferir!
a inutilidade da arte é igual a inutilidade de se ter nervos

domingo, setembro 04, 2005

sim: eu vou para o Era só o q faltava!

Estas pílulas vermelhas à minha frente me olham cada vez mais sérias e me pedem para que eu fique em casa, dê água para o cachorro e durma com os anjos. Mas não, prefiro respirar a poeira que a noite me impõe, pois é nela, somente nela, que as coisas não me olham com este diabólico olhar de analgésico. Nunca fui de comer barra de cereal, amamentar as tetas deste padrão estético filho da mãe. Faço do meu jeito e, em noites como esta, procuro até fugir um pouco de mim. Agora é o momento de sorrir para a câmera do umbigo, pegar o meu sobretudo e mandar ver.

quarta-feira, agosto 31, 2005

é...a gente se arrepende de certas coisas


corre, pois a morte não precisa de pés para o alcançar
não espere o melhor momento, se atira de uma vez
o arrependimento é uma farsa de fato
e a dor de estar inerte é igual
a dor de um atropelado
sem roupa e sem dinheiro
estatelado na calçada
na esquina mais próxima
de um boteco recheado de vida e de vícios
deliciosamente mundanos.

terça-feira, agosto 23, 2005

Agradeço, neste espaço virtual, as pessoas que leram o meu livro novo e o elogiaram (que se fodam os que falaram na minha cara que ele é uma merda, fiz o melhor que pude). Nunca havia passado por isto e digo que é do caralho: pela primeira vez uma obra minha vendeu mais de duzentos exemplares. Ufa...quase que não dá para cobrir a edição.

segunda-feira, agosto 22, 2005

enquanto eu ouvia a Janis cantar Summertime

O gosto de metal parecia impregnar não só o céu da minha boca, mas também a língua e os dentes de trás. Senti aquela merda gelada e ácida nevar no meu estômago, e eu não tinha mais saída a não ser aguentar firme aquele efeito (que poderia muito bem durar as 12 horas inteiras). A Lika me olhou bem nos olhos e falou algo do tipo "você esta bem?" Antes que ela terminasse a frase toda, vomitei o tal metal que aos poucos tomava conta do meu corpo. No ar, o meu vômito adquiriu uma textura estrelada até bater no corpo da Lika, que sem avisar mudava de rosto. Ela tinha o rosto...de quem mesmo? Não importa, só sei que a beijei deseperado, enquanto o meu pau explodia a cada minuto. Será que ela percebeu que eu estava completamente alucinado? Quando acordei, a Lika engolia o meu pau de uma forma violenta. Capotei de novo. A última sensação que me veio a mente foi a do meu corpo sendo mastigado até o osso.

domingo, agosto 21, 2005

Drops

Li pela segunda vez o Ovo Escocês do Benvenuti e tenho que dizer: o livro é foda. Linguagem seca, relato cru e cínico até o gargalo. Ovo Escocês é uma ótima opção para noites como esta, quando falta bebida, mulher e boa música. Pena que o Lino's bar fechou, já que tem tudo a ver com o clima do livro. Teria o maior prazer de, timidamente (já que eu só fui uma vez no lugar), comemorar lá o termino da leitura.

Realmente está intragável a divulgação que a globo está fazendo do filme do Zezé di Camargo. Li uma coisa engraçadíssima no blog do Bortolloto à respeito, que vou reproduzir aqui.

"Não vi. Não sei se é verdade. Mas me contaram algo que só pode ser uma piada. Me disseram que na novela "América", o personagem de Marcos Frota estava indicando de maneira descarada, o filme "2 Filhos de Francisco" (o tal filme da dupla zezé di camargo e luciano que todos estão dizendo que é muuuuito bom. Não vi, não pretendo e já achei uma merda.), ele dizia algo do tipo : "Você tem que ver. É um filme que mostra nossas raízes, e etc, etc". Ele falava tudo sobre o filme, só faltou enumerar todo o circuito em que o filme está sendo apresentado. O detalhe é que o personagem de Marcos Frota na novela é cego. Isso é uma piada? Se for, a Gloria Perez subiu no meu conceito. Pelo menos, até o próximo copo".

sexta-feira, agosto 19, 2005

ando escrevendo contos, poemas, novelas e peças de teatro. ando compondo canções, blues on the rock's, cantando por aí afora. o que sou? na dúvida, me chamem de poeta.

segunda-feira, agosto 15, 2005

Mais uma letra para a banda Sexofone (já que eu não consegui mandar por e-mail...)

Meu coração é um chaveiro

Na política como no amor
não existe o feliz
existe o menos-triste

você me mostrou a dor
sorrindo como quem
conta o final de um filme

um crime contra
o meu mundo de esquerda
do nosso peito um coração de chaveiro
bate apressado um discurso mal feito
de muitas palavras, risadas compradas
chega de tanta conversa furada, amor
cale esta boca que eu berro.

na política como no amor
não existe um parceiro
mas um comandante

e hoje você esquentou
num fogão à lenha
a fúria do meu sangue

um crime contra
o meu mundo de esquerda
do nosso peito um coração de chaveiro
bate apressado um discurso mal feito
de muitas palavras, risadas compradas
chega de tanta conversa furada, amor
cale esta boca que eu berro.

quinta-feira, agosto 11, 2005

Mais um copo pro Leprevost

Queria que você estivesse aqui para ver
eu deitado no colo de uma prostituta nervosa
ouvindo o Cazuza cantar "vida louca, vida"
e achando que isto é poesia
Queria que você estivesse aqui para ver
o céu cada vez mais cinza
e a vida nada cor-de-rosa de um mendigo
relando em cada comentário de uma histérica moça que ameaçava se matar por mim
Queria que você estivesse aqui para ver
o café da padaria envenenado matando um bolo de gente
que não faria diferença nenhuma na minha estranha rotina.
Queria que você estivesse aqui para ver
eu cuspia no quartel e bebia mais um gole de cerveja
e saía com uma metralhadora de versos podres
e ganhava mais uma vez aquele mundinho de crianças indefesas.
Queria que você estivesse aqui para ver
eu demoli prédios
reconstrui sexos
instaurei a vergonha em festas chiques
gozei na cara de madames cinquentonas
fiz suas filhas me idolatrarem
fiz as pazes com a minha maldade
Queria que você estivesse aqui para ver
até lá não sei se já não terei esgotado
todas as possibilidades
não sei se ainda aguentarei esperar por você.

quarta-feira, agosto 10, 2005

Aniversário

Hoje é o meu aniversário e infelizmente estou com o meu sistema respirátorio completamente comprometido. Não bastou apenas a gripe que eu peguei na viagem para Parati e me veio esta de presente. Haja Redoxon, Resprin, Cataflan, suco de laranja, de limão e outra cositas mais. Para os que acharam que eu iria comemorar hoje lá no Ponto Final, aí vai a péssima notícia: não irei. Mas, contudo, todavia, se eu ficar melhor até sexta ou sábado, quem sabe, não é mesmo?

terça-feira, agosto 09, 2005

Sin City

Finalmente, ontem fui assistir ao Sin City no cinema. Foi a coisa mais genial que eu presenciei nos últimos cinco anos. Não se trata de um filme noir, na minha opinião, ou de uma reprodução infantilizada de algum herói dos gibis, mas sim de um "filme-quadrinho" desenhado através da crua personalidade ultra-realista dos traços de Frank Miller. Está tudo lá: as sombras laterais, as fantásticas mulheres, os renegados como heróis, a redenção como a única e preciosa catarse final. E a grande revolução está justamente aí, por mostrar num universo de gibi a podridão de um mundo cujas regras estão à mercê do mais poderoso. As prostitutas são respeitadas, pois todos sabem do que elas são capazes. Os heróis não têm exatamente super-poderes, mas sim "super-vontades". Eles são aqueles personagens mais velhos, que já se foderam um monte na vida e ainda penam no fogo de alguma doença cardíaca ou coisa que o valha.

Há todo um sistema de moral criado por Frank Miller nesta fascinante cidade do pecado. É como se fosse uma Ilíada moderna, na qual a batalha é o elemento centralizador dos reais problemas do ser-humano. Numa luta, por exemplo, não basta apenas matar e ganhar; tem de mutilar, arrasar e fazer engolir merda. Fazer com que o vilão sinta a dor de suas vítimas em todos os nervos do seu maldito corpo. É uma espécie de toma-lá-dá-cá generalizado.

A grande vantagem e mérito deste filme foram reconstituir o mundo de Miller com uma riqueza de detalhes impressionante. Visualmente, você se sente em outra dimensão, num mundo onde a cor só aparece quando é inevitável aparecer. Num mundo onde o pecado é onipresente, sendo que a única salvação está na vingança. Vamos esperar agora para ver se algum produtor lá de Hollywood tem a grande idéia de fazer um filme do Cavalheiro das Trevas, outra obra prima de Frank Miller.

segunda-feira, agosto 08, 2005

pois ainda estamos no inverno.

Eu já temia isto há algum tempo, mas nunca pensei que poderia acontecer tão cedo: estou ficando sem ter o que dizer. É impressionante como estou sentido a minha fonte secar aos poucos. Já sei das minhas fórmulas, procedimentos e outras manhas para preencher o papel. Pensei que fosse a bebida; não era. Falta de leitura, também não. A última opção que me veio a tona foi o fato de eu não me apaixonar há mais ou menos uns dois anos. Seria este o motivo? No fundo, hoje o que faço é principalmente uma cópia do que eu fazia antes. Escrever se tornou muito fácil e muito difícil ao mesmo tempo. Fácil, pois em poucos dias posso confeccionar um novo-velho-livro de poemas, como quem martela pregos numa construção. Difícil por que é raro quando a poesia realmente original dá as caras. Digo original diante de tudo aquilo que eu já fiz. Pollock se matou justamente por isto: não ter mais o que pintar. Podem me chamar de romântico, piega ou qualquer coisa assim, mas antigamente costumava escrever motivado por paixões: seja a paixão por uma guria, por uma cerveja, por um cigarro, por um momento que fosse. Agora escrevo para lembrar do quanto é bom escrever. É patético, eu sei, mas o que eu poderia fazer nesta entre safra, como diria o leminski, me suicidar ali e voltar? O que eu posso ainda dizer é que um homem que foge dos seus chavões é um homem que foge de si mesmo. Não, não estou falando de livros; estou falando de homens. Consegue entender a diferença? Depois que deixei de lado um pouco a minha vaidade, passei a não ter vergonha dos meus chavões. Não me levo mais a sério. Não escrevo poemas para poetas. Escrevo poemas para o mundo (é chavão sim, e qual é o problema?). O que hoje me resta é esperar esta maldita manhã passar, esta maldita tarde passar, pois à noite, pelo menos, eu irei beber uma cerveja e olhar para as coisas e imaginar que por pelo menos alguns segundos a poesia ainda flui em meu sangue.

domingo, agosto 07, 2005

esse vai para alguma guria fumante.

o olho da garrafa estilhaçava
a garganta que eu rasgava
para vê-la.
enquanto dava a última prega
à minha saga (bar, armada, saideira e cama)
roubava o cinzeiro das suas cinzas
fumadas na mesa.
pertenço muito ao seu pulmão
você me sopra o bico
para esfriar a manhã.
nas cordas vocais dos meus sonhos
ainda ouço a sua voz falar:
- te amo, meu bem, mas vai
diz que me ama.
Furos

Luiz Felipe sumiu, Thadeu tá dormindo, Koproski está em São José...seguinte, a gente não havia combinado um churrasco? Pelo jeito ficará para próxima.

Que a força esteja com você

Fui a uma oficina de poesia, a convite do Koproski que a estava ministrando e foi legal até. O único problema é que definitivamente, poetas em geral se levam a sério demais. Valeu por ter conhecido algumas figuras como o Rodrigo (pelo que eu pude perceber, um grande talento) e o Devanir, grande escritor de poesias de boteco. O mais chato, sem dúvida, foi um cara que eu apelidei de mestre Yoda, ou o Tinhorão da literatura brasileira. Nem é bom falar muito se não o mestre é capaz de sentir alguma má vibração na força.

quarta-feira, agosto 03, 2005

tchau

Acorda deste sono que eu lhe dei. Não vale a pena envenenar o corpo com estas pálpebras. Você nua em cima do sofá, esbravejando contra o cachorro, contra os quadros, contra os nossos planos infantis. O que ainda sinto é o aroma de nuvem da sua vulva, disto ainda tenho saudades, pois eu já esqueci de como eu me afogava na sua pele, nos seus seios, no seu colo. Veste de novo esta saia de vergonha. Você não merece beber estas fórmulas baratas de ternura. Se quiser, pode ir nua, mas não tome mais a minha bêbada amargura. Não beba o que os meus olhos não mais podem dar, amor. Eu já sequei todos os sabores da cama. Todos os fluídos do espírito. Eu já parei a chuva para que você possa voltar em paz.

terça-feira, agosto 02, 2005

Meu caro amigo Fernando Koproski deixou este recado para os ouvintes do Blues.


Caros amigos, convido-os para o lançamento de Essa loucura roubada que não desejo a ninguém a não ser a mim mesmo amém, antologia de poemas de Charles Bukowski editada pela 7 Letras. O evento ocorrerá no BAR SAL GROSSO, (Largo da Ordem, 59, ao lado do bar do alemão...) nesta QUINTA-FEIRA, dia 4 de Agosto, a partir das 19:00 horas. Conto com sua presença para celebrarmos juntos, com muita poesia esta homenagem ao velho BUK!

um abraço

Fernando Koproski

SOBRE O LIVRO: A editora 7 letras está lançando Essa loucura roubada que não desejo a ninguém a não ser a mim mesmo amém, antologia de poemas de Charles Bukowski em tradução de Fernando Koproski. Utilizando como fonte poemas selecionados de 11 livros do autor, o volume apresenta pela primeira vez em edição brasileira textos poéticos representativos dos temas mais freqüentes da poética bukowskiana no período de 1969 a 1999, permitindo uma avaliação precisa da instigante obra poética deste autor que no Brasil é mais conhecido como prosador.

SOBRE O AUTOR: Charles Bukowski nasceu em Andernach, Alemanha em 1920. Migrou para os Estados Unidos aos dois anos de idade. Estreou na poesia com Flower, fist and bestial wail em 1960, ao que se seguiram mais de vinte livros de poemas, além de coletâneas de contos e romances, tais como Cartas na rua, Factotum e Mulheres. Faleceu em 1994.

SOBRE O TRADUTOR: Fernando Koproski nasceu em Curitiba, em 1973. Bacharelou-se em Letras Inglês na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Publicou os livros de poemas: Manual de ver nuvens (1999), O livro de sonhos (1999), Tudo que não sei sobre o amor (2003), incluindo CD que apresenta leitura de poemas na voz do autor e temas musicais compostos por Luciano Romanelli, Como tornar-se azul em Curitiba (Kafka – edições baratas, 2004) e Pétalas, pálpebras e pressas, livro sobre poesia premiado com publicação pelo conselho de literatura da Secretaria de Cultura (Secretaria de Estado da Cultura/Imprensa Oficial do Estado, 2004). Participou de Passagens — antologia de poetas contemporâneos do Paraná, organizada por Ademir Demarchi em 2002. Ao lado de Paulo Sandrini é editor da Kafka – edições baratas, projeto editorial de produção de livros em formato pocket, o qual lançou O sorriso de Leonardo de Bárbara Lia, Tornozelos deitados de Luiz Felipe Leprevost e Toda mulher merece ser despida de Alexandre França, entre outros.

segunda-feira, agosto 01, 2005

Avisos vaidosos

1 - Não faço poesia para poetas...mas se quiser dar uma olhadinha no que escrevo, não tem problema.

2 - Alguém da banda Sexofone (Ângelo, Ciba ou Claudinho), por favor, preste atenção no post abaixo.

sábado, julho 30, 2005

Letra de Rock

Passei o dia inteiro tentando compor um rock'n'roll, mas só consegui fazer a letra. Quem quiser tentar compor a música, fique à vontade.

canibalismo

limpo todo quarto a procura do meu vício:
você em três por quatro, quatro notas deste disco.
só encontro roupas espalhadas feito lama,
bichos implorando uma noite em minha cama,
meu corpo em pedaços quentes servido vivo,
restos da minha alma jogados no lixo.
preparo a minha dose de conhaque com limão,
me espalho por osmose nos botecos de plantão,
me entrego a toda dama "mais ou menos" que aparece
num prato com tempero de suor e sacanagem:
a boca livre do bar sou eu, por que não?
guria, coma o pedaço que é seu deste meu coração,
mas não me deixe aqui
em coma numa cama estranha.
escute enfim
meu rock'n'roll sem fazer drama.
guria, coma o que é seu de uma vez
e engula esta manha.

sexta-feira, julho 29, 2005

valeu

Muito bom ontem, apesar de, cansado, aguentar os minutos como quem aguenta pedras nos rins, foi muito bom. Meus amigos me fizeram esquecer este cansaço de pedra. Adorei conhecer a Michelle, muito embora eu tenha apenas trocado alguns parcos gestos monossilábicos com ela. A guria tem no rosto a mancha que todo o bom poeta possui no olhar e no sorriso. Só de olhar para ela, você já sente um alívio. Muito bom também encontrar a Carol Benini, com a sua beleza irretocável, elegantemente trajada de preto: por um pedaço de tempo, lembrei de como era bom estar realmente apaixonado. Jabuti, Ezio, Paty, Carolina, também foi muito legal os reencontrar. As minhas amigas do Ponto Final também marcaram presença: Salete (a pura), Mara Silvia (Charlotte) e Drica. Vocês são definitivamente o trio mais simpático que eu conheci este ano. Os "Kafkas" ocupavam as frestas do recinto e fizeram a festa: Sandrini e seu cabelo milimétricamente cortado, Koproski e seu cabelo milimétricamente comprido, Bárbara e seu simpático romantismo, Luiz Felipe, que, como diria Jaques Brand, mora no olho do furacão. No final da noite, todos completamente bêbados, discutiam a validade artística da obra de Tatára. Eu gosto, quero deixar claro...mas não deixo de cantar: tatáratatáratatáraaaaa, tatáratatáratatáraaaa, tatáratatáratatáratatárararaaaaaaaaaa...

sábado, julho 23, 2005

A KAFKA EDIÇÕES BARATAS AVISA:

LANÇAMENTO DOS LIVROS "TORNOZELOS DEITADOS" DE LUIZ FELIPE LEPREVOST E "TODA MULHER MERECE SER DESPIDA" DE ALEXANDRE FRANÇA .

Finalmente, no dia 28, quinta-feira, no hermes bar (Avenida Iguaçu, 2504), eu e o Leprevost estaremos lançando os nossos livros a partir das 20:00 horas. Apareçam!!!

sexta-feira, julho 22, 2005

CARALHO! VOCÊS JÁ LERAM ESTE POEMA?


declaração do criminoso na solitária


Matei minha mulher.
Matei.
O ódio com que a odiava
era maior que o amor que a odiava.
Mas não matei a mãe de meus filhos.
É por isso que o retrato dela está sempre comigo.


Murilo Mendes (1901-1975)
Noite de gala

Ontem fui ao lançamento do livro do Rodrigo Garcia Lopez lá no teatro Paiol e foi genial. Ainda não conhecia as músicas do poeta e fiquei impressionado com as composições, principalmente uma cujo verso fala "você me toca como quem troca de roupa". Muito bom. Depois fomos à casa do Thadeu "o polaco da barreirinha", tomamos muito vinho e quase compusemos uma canção juntos. Lá por uma da manhã fui a um bar chamado Wonka, encontrei os amigos Luiz Felipe (bom, este eu encontro sempre), Troiano, Nero, Fukushima, Marina, Val, FabíUla (com "u" mesmo), e como sempre acontece nestes encontros, todo mundo tirou sarro de todo mundo. Divertidíssimo. Tudo muito bom, tudo muito bem...mas Thadeu, cadê o meu exemplar de "assim até eu"?

Sobre a solidão

Apareçam lá no blog do Polaco da Barreirinha. Boas idéias, bom humor e uma série de poemas sobre a solidão. Tem até um bem solitário texto meu. Vale a pena.

quarta-feira, julho 20, 2005

joguinhos

quem beber primeiro ganha, beleza?
engole tudo seu viado...o que? você não sabe o que é isto?
é um revolver, seu viado. agora bebe, antes que eu me arrependa de ter saído hoje de casa.
não vale mais a pena sair de casa, os desafios já se tornaram fáceis demais, inúteis demais,
frágeis demais. a minha boca parece uma pedra de tanto eu me esconder atrás de cigarros.
mas essas coisas ainda valem a pena: o meu ovo de conserva, a minha cerva gelada, a minha mesa molhada de sangue quente, definitivamente sou um vira-latas ferido...
...nem meu sangue escorre por esta ferida chamada morte,
ou seria vida?
Os monstros se escondem às duas da manhã, agora eu sei o porquê:
pensar em como seria o suicídio,
é uma forma de espantar os monstros,
de desligar a noite da tomada.
Lançamentos

É o seguinte, ouvintes do Blues, agora vocês já têm programa para hoje e para amanhã.

Hoje
Serviço: Acorda + Poesia
Original Café – Rua Vicente Machado, 622.
Horário: 21horas – Quarta, 20 de julho
Fone 3323-4548
Entrada Livre
O primeiro barril de chopp é cortesia do Original Café.

O que é?
"A cantora Rogéria Holtz concebeu um material audiovisual sobre poesia e música que retrata um pouquinho do que está sendo produzido no Paraná. O especial para TV “ACORDA + Poesia” com 50 minutos de duração tem participação dos poetas Alice Ruiz, Estrela Leminski, Etel Frota, Marcelo Sandmann, Rettamoso, Ricardo Carvalho, Ricardo Corona e poema e música de Paulo Leminski, além de interpretações da própria Rogéria".


Amanhã
Lançamento de Visibilia, de Rodrigo Garcia Lopes
Teatro do Paiol (Largo Professor Viaro, s/n.º, Prado Velho, Curitiba),

(41) 3321-3300.
Dia 21 de julho, quinta-feira, às 20 horas.
Entrada franca.


O que é?
O livro de poemas Visibilia, de Rodrigo Garcia Lopes, terá sua segunda edição lançada em Curitiba na quinta-feira, dia 21 de julho, às 20 horas, no Teatro do Paiol (Largo Professor Viaro, s/n.º, Prado Velho,). O livro, publicado pela Travessa do Editores, ganhou mais uma seção: “Desterrados”, que inclui três poemas inéditos e vários outros escritos em Florianópolis em 1997, ano da primeira edição, mas que não constavam dela.


Segundo o poeta, a temática principal do livro é a visibilidade como produtora de linguagem: “Acredito, como Berkeley, que construímos a natureza enquanto a percebemos. Meus livros todos tocam nessa questão do olhar para dentro e para fora, simultaneamente”, ressalta Rodrigo Garcia Lopes. “Visibilia proporciona um exercício de autoconsciência através da diferença do ver e enxergar.”


A obra foi lançada recentemente durante a 3.ª Festa Literária Internacional de Parati (Flip). Em São Paulo, outro lançamento está previsto. O evento acontece na Livraria da Vila (Rua Fradique Coutinho, 915, Vila Madalena), no dia 25 de julho, segunda-feira, às 19 horas. A entrada é franca; o telefone da livraria é (11) 3814-5811. Para o evento em Curitiba, o poeta Rodrigo Garcia Lopes preparou um pocket-show, em que lê e interpreta poemas do livro que foram transformados em canções. A entrada também é gratuita.

sábado, julho 16, 2005

ERRATA

Para quem já tem o "Toda mulher merece ser despida", aqui vai o meu pedido de desculpas.

Na página 5, onde se lê "As pessoas não tem a escolha de rejeitá-la", lê-se , na verdade, "As pessoas não têm a escolha de rejeitá-la".

Na página 16, no título, onde se lê "Uma dose à um dia feliz", lê-se "Uma dose a um dia feliz".

E finalmente, na página 17, onde se lê "Se lhe enganei ao me interpretar na cena", lê-se "Se a enganei ao me interpretar na cena".


É isto. Na próxima edição estes erros não mais aparecerão. Ah, espero comentários sobre o livro.
você ainda perde tempo com pena, imbecil,
esta boneca que lhe empurraram na tv, em promoção.
não adianta me olhar assim,
ter pena de você me faz acreditar na sua religião de esmola,
não me olha, estou atento a sua mentira.
estou cozido demais para me ajudar
não tenha pena de apagar a luz do bar,
deita comigo,
o que nos resta é apenas
morrer juntos.

sexta-feira, julho 15, 2005

continuando...

...bom, faltou falar da galera que no final nos levou ao Café Aurora para ouvir um rock'n'roll e ao Sujinho para comer um bom filé. São eles: o Picanha (uma lenda do Rock, além de ser um cara super gente boa) os coreanos Kim e Cassidy (uma dupla sensacional de novos escritores, como eu) e o Ceccato Tamanduá (um ator bom pra caralho que lá no Sujinho leu um poema meu sobre a solidão). É isto aí São Paulo, em breve estarei de volta!

quinta-feira, julho 14, 2005

vômito, brigas, amizades, rock'n'roll e livro novo.

A viagem não foi mil maravilhas, mas o final valeu. No avião de ida para o Rio de Janeiro passei muito mal. Meu nariz não parava de escorrer (havia pego uma gripe um dia antes da viagem), a minha barriga parecia rasgar a cada minuto e o meu estômago borbulhava. No caminho até o apê do Luiz tive que parar o táxi para vomitar, foi uma bosta, eu parecia um exorcizado. Passei os dois primeiros dias mal. Já na Flip a gripe me deu uma trégua, porém...dá até vergonha de falar, mas chegando em Paraty, o imbecil aqui não sabia o nome da pousada. Eu sabia apenas que o nome da dona era Olga e que ela era artista plástica. Descemos eu e o Luiz Felipe no meio da muvuca e perguntávamos para todo mundo se alguém conhecia a tal dona Olga, a artista plástica dona de pousada. O foda é que muito gente é dono de pousada e artista lá naquele lugar. Enfim, lá pelas duas da manhã paramos numa pizzaria, jantamos e por alguma decisão divina fomos ajudados pelo dono da pizzaria. Menos mal, no fim tudo acabou bem. Conhecemos uns gaúcho legais pra caramba lá em Paraty. O Marcelo Benvenuti (que escreve pra caralho) e o Delfim (que escreve pra caralho), ambos da K edições. Lançamos os nossos livrinhos junto com os deles. Foi du caralho. Em Sampa ficamos num hotel engraçado pra burro chamado Fórmule 1. Um novo conceito de hotelaria, que consiste em pagar super barato por um cubículo, no qual faziamos manobras espetaculares para nos movimentar. Foi no mínimo interessante. No segundo dia em São Paulo, fomos ao espetáculo do Mário Bortolloto, À Queima Roupa, cuja história é de arrepiar: um tal Cardan que sai da cadeia e resolve voltar a vida de psicopata. Saí estriquinado do teatro e com a cabeça chacoalhada. Um dia antes, eu e o Luiz quase saimos na porrada numa discussão sobre ter pena das pessoas. "Odeio coitadinhos", entoava o Luiz (meio que falando que eu era um coitadinho). E no final do espetáculo, uma cena parecia encaixar as últimas peças deste "légo da pena". Um mendigo pede um pedaço do cachorro quente que o Cardan (o psicopata) estava comendo. O Cardan ao invéz de dar um pedaço do cachorro, dá uma arma para o mendigo. Foda. Depois da peça fomos para o boteco da frente trocar uma idéia. O Mário é gente finíssima, nos tratou super bem. Ah, sem mencionar o fato dele ter gostado do título do meu livro, toda mulher merece ser despida. Conhecemos também o Marcelo Montenegro - um dos melhores poetas que eu já li - e o Ronaldo Ventura, que também nos trataram muito bem. Aliás, todo mundo que eu conheci em Sampa naquele dia foi gente fina. Saí com a sensação de alívio. Pelo menos numa parte da viagem a gente tinha que se dar bem. Tem mais algumas coisas para contar, mas o meu tempo aqui na intenet está quase esgotado. No próximo post eu conto mais.

quarta-feira, junho 29, 2005

Será dia primeiro de julho (sexta-feira) às 18:30min.

Conto com a presença de todos vocês no lançamento da revista Oroboro número 4 e dos livros: figuras metálicas (poesia, ed perspectiva) de Claudio Daniel, distância (poesia, ed 7letras) de Virna Teixeira, nós da província: diálogo com o carbono (contos, ed 7letras) de Carlos Machado. Será dia primeiro de julho (sexta-feira) às 18:30min, na livraria dario vellozo, rua são francisco 325 - largo da ordem. Espero por vocês!

segunda-feira, junho 27, 2005

hackeando catatau

O Octávio Camargo prepara um espetáculo sobre a obra do Paulo Leminski. Fora as pesquisas em livros, livros, bibliotecas e mausoléus diversos, Camargo também montou a sua esquadra na internet. Para conferir em que pé anda este audacioso projeto, vocês podem entrar no blog hackeando catatau, que me impressionou logo de cara: eles REALMENTE estão discutindo o catatau. Vale a pena entrar.

domingo, junho 26, 2005

e o título é:

"toda mulher merece ser despida". Vamos lançar os pockets todos lá na FLIP, em parati. Eu, Leprevost, Koproski, Sandrini e Lia...Bárbara Lia (heheheh). Vai ser uma loucura poética, etílica, taumatúrgica, demiúrgica e cirurgicamente estratégica - depois iremos lançar em São Paulo e finalmente em Curitiba. Estou inteiramente empolgado. Mas mudando de assunto, Luiz Felipe, que história é esta de "Leprevost e as Lepravadas"? Fiquei ultra curioso.

Seda

Apareçam lá no site do Lobão, pois esta rolando um mp3 de uma música inédita dele com o Cazuza chamada "Seda".

sexta-feira, junho 24, 2005

frase da semana (para os que acham que eu não deveria escrever sobre a solidão)

"se não posso mudar o mundo, tampouco permitirei que o mundo me mude a mim, arrancando-me esse câncer de mistérios e heresias que é toda a minha riqueza e que faz com que minha voz não seja apenas o grunhido de um porco, nem meu olhar apenas o olhar de um peixe dentro do aquário".

campos de carvalho

quarta-feira, junho 22, 2005

tudo que você não me disse

Espalhei as coisas na estante e num instante sua mão escreve "oi" e a minha "eu também" como um babaca, sozinho num boteco, ao virar o rosto para o crime, ao ouvir um nome parecido com o seu, ao pegar na pistola, ao ser acusado injustamente, ao molhar as mãos com o sangue alheio, ao perder a ypioca prata e a cerveja largada naquela mesa de canto, de escuro, de esquina para o nada, de buraco, de perdedor, de nada a perder e nada a jogar, pois uma só palpitação dos seus olhos já é um bom motivo para eu me acusar e sair berrando o seu nome e o seu estado civil e a sua residência e o seu RG, suas manias e hobbies, seus retratos de menina, de bebê, sua roupa preferida, seu filme preferido, sua frase preferida, já que nada, agora, pode me calar, pois acredito piamente na frase que você não escreveu e nunca disse, nem o vento da madrugada sonolenta terá este poder, nem as janelas apagadas, nem os prédios demolidos, nem a falta que a sua poesia me faz, nem o relógio timex que a muito não funciona, desde a sua partida.

domingo, junho 19, 2005

só falta o nome do livro!!!

Ouvintes do Blues, é o seguinte: mais uma vez, utilizo deste espaço para pedir a opinião de vocês a respeito do nome do meu novo trabalho que sairá no mês que vem pela Kafka Edições Baratas. Lembram-se que eu havia deixado o nome "complexo de orfeu", certo? Pois é, agora surgiu uma outra sugestão de nome: "toda mulher merece ser despida". Mais rodriguiana, mais direta, mais longa e "pop". Esta frase ("toda mulher merece ser despida") faz parte da prosa poética que abre o livro. E então, qual dos dois títulos você preferem?
1) complexo de orfeu
2) toda mulher merece ser despida
Por favor, me ajudem a decidir, já que eu tenho menos de uma semana para escolher o nome deste "trem".

quarta-feira, junho 15, 2005

chove!

a chuva me queimou depressa à noite.
cada pingo uma célula.
milhares de gotas desabam cada pedaço de sentido.
milhares de moças acodem o meu pedido.
sacodem a minha libido. e o meu corpo em círculos
(línguas, dialetos e bocas derramadas)
eram trovões de desgosto sussurrados em meus ouvidos.
eram moscas de todas as espécies procurando a minha carne.
era um massacre. a violência das nuvens me massacrava.
mastigava e me cuspia.
eu era a saliva de Deus a respingar nos arbustos.
eu era a chuva.
eu era a enchente e seu afogamento.
eu era Curitiba em dia de neblina, a minha capa era a rua XV inteira.
eu era a corrida no temporal. a minha vida corria no temporal. eu só gritava no temporal.
ninguém me escutava.
eu era definitivamente a chuva
e a sua falta de sono.

segunda-feira, junho 13, 2005

Preparar para o mergulho!

Largue esta vergonha que o incomoda. Tire toda esta roupa, trague este cigarro e relaxe. Nada o pode incomodar, a não ser você mesmo. Esquece esta ilusão chamada vida. Quem foi que disse que a vida é para ser vivida? A vida é para ser usada. Utilizada pedaço à pedaço, célula à célula, descarga à descarga. Largue agora a minha mão, você não precisa mais de ninguém. Ninguém precisa de ninguém quando descobrimos a nós mesmo. Chupe toda a alma que a sua carne pode absorver. Chupe todos os sentidos, engula devagar os sentidos, sinta a sua mente se espreguiçar, a poesia surgindo, a vida sendo plenamente utilizada, a mão não resistindo à escrita, a caneta trabalhando, os sistemas em seu pulmão, em seu intestino, nada o pode parar, nem o seu inútil desejo de não entrar nesta nova pira de fogo, de lodo, de útero, de mágma, de lava, de luz. Você não precisa mais do papel, quando você viu você já desabou neste buraco branco e cego, completamente cego e ignorou o resto. O mundo esfarelou dentro do papel. Esquece as festinhas de aniversário, as noitadas em karaokê, as danceterias, as boates retrôs (hoje em dia, super na moda), os bailes de formatura, os casamentos, os chás de bebê, o poker de fim de semana, o parque de fim de semana, a trepada de fim de semana, a leitura de fim de semana, os velórios, os velórios, os velórios. Você já está em outro caminho. Esquece este mundinho medíocre que algum medíocre, mediocremente, chamou de vida. A sua vida agora é outra. Tire logo esta roupa e mostre a você até aonde você pode ir. Você já pode escrever o primeiro verso.

sexta-feira, junho 10, 2005

Compus esta canção junto com o Troy, um dia antes dele ir para o Rio de Janeiro (ou seja, ontem).

diz pro Luiz

amigo não me deixe aqui sozinho
o outro já foi lá para ficar
sem vocês eu sou mais um perdido
cantor neste bar de província

a Dani já me esqueceu
nem beijos de língua eu tenho para dar
e os abraços alguém escondeu
nesta passagem só de ida

a vida segue em frente
à Gávea ou Palácio Avenida
ah se viesse um abraço de brinde nesta poesia

quarta-feira, junho 08, 2005

Sobre o show do Carlos Careqa

Esqueci de mencionar o fato de que fui ao show do Carlos Careqa e gostei muito. O cara além de cantar bem demais, possui uma postura cênica no palco que deixaria até o governador Roberto Requião rolando de rir. Depois de descrever o fenômenopastiche social da "Paranização" (uma coqueluche no mundo inteiro, que tem como característica principal um transe paranístico, no qual as pessoas repetem o mantra "eu não sou gato de ipanema sou bicho do Paraná") Careqa entoa o clássico "eu gosto de cu...ritiba, eu quero ir fundo, no meio do mundo, aqui é o lugar. Olhar as meninas da praça osório, pela janela do meu escritório (...) a noite é fria, mas coração é quente, eu quero ir fundo, eu quero ver gente". Enfim, não vou me estender, até por que estou escrevendo de uma lan. Mas gostaria de dizer que com certeza presenciei o show de uma das maiores expressões da atual música popular brasileira (com direito a falar mal de Curitiba e tudo).

segunda-feira, junho 06, 2005

A humanidade do meu universo (para Fer)

Hoje à tarde eu sumi. Procurei-me pelas paredes, mas não me achava. Simplesmente sumi. Apesar de lhe ver curtindo lágrimas, apesar dos meus braços abraçarem as páginas do seu mundo, apesar da maresia do seu hálito, apesar de, em calda, o tempo escorrer em meus lábios: sumi. A culpa não é sua, eu um dia sumiria sem rastro de passos ou café passado na hora. Eu não ligaria o cérebro com as coisas de ligar o olhar, não desligaria a tv nas tardes de domingo, não consumiria o espelho nas noites sujas de depressão. Sumi e estou aqui, a espreita de mim. Escrevendo à revistas de variedades, morto a tiros da prata de meu próprio nome estampando na seção de cartas. Branco de desaparecimento. Pálido de transparência. Oco das máculas que um dia provaram os meus crimes contra a humanidade do meu universo.

domingo, junho 05, 2005

poema da semana

II / Rain Towards Morning

The great light cage has broken up in the air,
freeing, I thing, about a million birds
whose wild ascending shadows will not be back,
and all the wires come falling down.
No cage, no frightening birds; the rain
is brightening now. The face is pale
that tried the puzzle of their prison
and solved it with an unexpect kiss,
whose freckled unsuspect hands alit.

Elizabeth Bishop

sábado, junho 04, 2005

NEWS

Ouvintes do Blues, tenho em minhas mãos a revista Oroboro número 4 deste mês, na qual poemas inéditos meus foram publicados. A Oroboro é uma revista de arte e poesia, editada pela Medusa do poeta Ricardo Corona e da artista plástica Eliana Borges. Para quem se interessar pelo meu trabalho fora deste espaço virtual, é uma boa oportunidade.

sexta-feira, junho 03, 2005

a arte brega para reacionários acadêmicos

Estes dias ouvi uma música do Magal que me encantou. Pela despretenção, pelo desprendimento e pela criatividade. Por que geralmente o brega é assim: criativo ao tentar ser compatível com padrões de beleza retrógrados, que eles assim não os consideram (ou fingem não considerar). Acabam escorregando em clichês mal ajambrados, que para um esteta refinado, seria mais uma amostra do mal gosto popular. É parecido com uma coisa Kitch, porém é escrachado, assumido, exótico e principalmente divertido. Não sei se vocês conhecem a canção, mas é uma que sempre toca num clipe da Mtv, na qual aparece a atriz Débora Fallabela. Sorri de uma forma despreocupada quando a ouvi e tentei cantar em voz alta aquela pérola brega...quer dizer, até aparecer um elemento, com a frase "você gosta disto?!" no tambor de sua pistola pseudo-intelectual. Reconheci na hora. Só poderia ser um indivíduo macho de uma raça que nunca foi analisada pelos acadêmicos de plantão e que só agora eu coloco nesta roda de Blues: trata-se dos "reitorias". Como reconhecer um "reitoria", pergunto eu, vestido com as minhas singelas "sandálias da humildade"? Simples, primeiro puxe um papo com o espécime. Se ele o desprezar por no mínimo 10 minutos, há uma boa chance de se tratar de um sujeito reitoria. Muito embora, escritores fracassados estravazem a mesma falta de tato social, com a desculpa esfarrapada de que não podem perder tempo com conversas banais e sem utilidade, já que Virgílio precisará de uma tradução a altura de um mestre da arte de versar (sim, estou falando daqueles que tem como um patuá da sorte falar mal de Paulo Leminski). Insista até ele lhe dar bola. Se no auge da conversa, ele começar a discordar de tudo o que você fala, ops, então as chances são extremamente grandes. Apesar de que, artistas "que estão no começo da carreira" (como Alexandre França, por exemplo) tem a mesma pentelha mania de mostrar serviço intelectual discutindo até o porquê de se ir ao banheiro depois de se tomar um galão de cerveja (como assim porque ir ao banheiro? Por que eu quero porra! Não me encha o saco França) Enfim, se o nosso exemplo, no auge de sua sabedoria e depois de uma hora de conversa, citar alguma frase de um escritor desconhecido, marginal, maltrapilho e mal curado, para encerrar o assunto com chave de ouro, aí sim! Parabéns! Você acaba de conhecer um reitoria. Eles estão em todas as partes, mostrando que você é um alienado, que você tem mal gosto, que você é um pária do capitalismo e que você, apesar de tudo, não tem culpa de nada, mesmo que concorde com o neo-liberalismo norte-americano. Antes nem tivesse ouvido a música do Magal, não é mesmo? Fico pensando se estas pessoas não se divertem, se elas vestem a carapuça do mártir incompreendido quando encontram uma pobre vítima como eu de suas picuinhas e que à noite batem uma punhetinha para a vadia "alienada" (porém gostosa e norte-americana) da Britney Spears, rebolativa e suntuosa, num porche vermelho e conversível. O que estou querendo dizer com tudo isto é: que culpa tenho eu de achar a música do Magal divertida e exótica? Resumo da ópera: fui para casa, com uma culpa filha da puta. Tranquei-me no quarto, peguei o violão, fechei os olhos e toquei o foda-se ao cantar de uma forma gritada "linda, você é muito formosa, você é maravilhosa, lá lá lá lá lá lá lááááááá..."

quinta-feira, junho 02, 2005

Insônia

Tenho sonhos com dor no estômago. Gástricos, líquidos, brasas de carne efervecendo no copo d'água do dia seguinte. Insistentes, meus sonhos pululam em purulentas contrações de resignação e olhar. Suspendem a dor da alma a um nível físico, sobrevivem no esgoto do espírito, incomodam a elite dos sistemas do corpo. Eles estão à espreita quando estou acordado, quando não se chamam mais "sonhos" e me desiludem ainda de manhã, numa única e total falta de anoitecer.

quarta-feira, junho 01, 2005

Ironias de um pobre machista à beira de um ataque de nervos (rascunho de um conto inédito)

(em algum lugar do Boqueirão)
Acostumei a visão ao profundo. Não adianta querer resumir, eu gozo quando é fundo, e eu sei que a sua tentação é de simplificar; de jogar-me na cara: "é tudo tão simples". Eu não sou simples, porra. Se quiser ser comum, que seja, eu não tenho vocação para sumário, folha de rosto, subtítulo. Agora, cá entre nós, se você quiser pular este papo aranha para finalmente transarmos bem forte e fundo...como assim "eu é que estou resumindo agora"? Querida, já passa das quatro e nada. Nem uma mãozinha na virilha, nem um beijo no cangote...nem uma chupadinha. Hahahahah, lembrei de uma cachaça que tomei em Morretes chamada "Chupadinha". Eu?! Eu não estou sendo grosso! É você que esta me irritando com está sua mania de simplificar tudo! Se você não gosta de me ouvir falar então procure um outro idiota para lhe servir de banco! Sim, por que eu banco todas as suas noitadas de vadia! Agora pára de chorar! Não...eu não sou uma pessoa simples, eu já falei, porra! Pára! Cala esta boca Bárbara!

terça-feira, maio 31, 2005

Solidão e eu: uma estranha parceria.

Tomo um café expresso e completo as conexões do cérebro com um cigarro de filtro vermelho. Vou parar, com certeza no final do ano, de tragar esta fumaça nojenta. Dou um alô para alguns passantes do bairro que desavisados pisam o passo das minhas pálpebras cansadas. Mais um café é o suficiente para deter aquela sensaçãozinha de estriquinado. Volto para casa trópego e com a mandíbula levemente dura. Leio uma parte do Anticristo (a mesma que eu li na semana passada). Coloco um cd do Villa-Lobos; desato a escrever inutilidades. Dou algumas voltas pela casa. Um suco de uva estimula a minha atroz falta de vivacidade . O fim acaba sendo aquele terrível gosto amargo que a fruta deixa de brinde. Um amigo liga para o meu celular (eita objeto irritante) e me pede que eu desenvolva uma frase de efeito para o cartão endereçado a sua namorada. Começo a me questionar, "será que fui eu mesmo que escolhi esta música do seriado Friends para tocar nesta porra de telefone". Meu amigo parece ansioso com a resolução que eu darei para o "serviço". Falo para colocar uma frase do Cazuza; ele recusa dizendo que é muito "apaixonadona". Retorno ao Anticristo: para que ler um livro destes mais de uma vez? Eu não tenho ninguém para telefonar e dizer - algo mudou em minha vida. Como diria um amigo: "o legal não é só a foda, mas também é descrevê-la para a galera". Penso num verso sobre a solidão e descubro que eu já o havia escrito. A minha solidão não é mais novidade para ninguém. É foda descobrir que a solidão já se tornou rotina.

segunda-feira, maio 30, 2005

A arte do desencontro

Acordei no ap do Troy exatamente ao meio-dia. "Agora que me mandam para fora", pensei no exato momento em que entrei no expresso. Abro a porta de casa, meu irmão lava a louça do dia anterior: "bateu o recorde hoje, ein piá". Enfim, vou para o quarto, coloco um cd do Vinícius e ouço o verso que me faz acordar para a situação que estava a encarar-me de punho e sola. "Meu tempo é quando", "será, Vina?", perguntei ao poeta velho de guerra, já que eu tive a nítida impressão de que esquecia algo, afinal o meu tempo não é "quando" e geralmente eu confiro as horas pelo relógio do computador. Há muito que eu não lia os meus e-mails e que eu não entrava no orkut (um mês, acredito); isto significava um rombo entre mim e o mundo virtual. É como assistir a um filme e sair na metade para fazer o número dois. Perde-se o fio da meada, o desenlace e o climax da coisa. Primeiramente, abro a voz do Blues e de cara as letrinhas de um singelo comentário explodem na minha retina "chego em curitiba quinta-feira, no meio da sua boemia cabe mais uma cerveja? bêjus!" Nãããooooo, já passava das seis da tarde daquela maldita quarta-feira...isto mesmo, QUARTA-FEIRA, exatamente o dia que antecede a quinta, e eu não poderia fazer mais nada, já que eu não dei atenção ao comentário que deveria ser da segunda ou da terça. "Não Ju, a gente não vai tomar uma cerveja juntos, por que o idiota aqui não entrou na internet faz uma semana!!!!" Fiquei pensando como era conhecer uma blogueira de fora. Como era conhecer ao vivo uma pessoa que eu conhecia tão bem virtualmente. É só você entrar no blog de alguém para perceber que dentro de alguns posts está a personalidade de um indivíduo em forma de caracteres e idéias. E esta menina eu queria conhecer mesmo, já que além de transparecer uma enorme simpatia, alguns de seus posts possuiam um certo valor literário. Seus comentários também eram ótimos, já que instigavam a minha capacidade de argumentação e de interpretação de meus próprios textos. Assim, aquela tal Ju parecia entender muito bem o meu Blues e consequentemente a uma parte de mim. Eu parecia conhecer muito bem o blog dela também. Ambos conheciam o semblante virtual um do outro. Já era tarde demais. O blog dela demonstrava uma enorme empolgação com a viagem, ou seja, a sua "cara" virtual estava sorrindo para mim e para a minha cidade. Já a minha "cara" dormia tão profundamente, que parecia desprezar a felicidade dela. Fui para o Ponto Final conferir o aniversário do turco. No dia seguinte, espero a ligação da Ju em vão, provavelmente durante a viagem ela não leu o e-mail no qual eu havia escrito o meu telefone. Já era. A internet é um diabinho que lhe dá um corpo e um rosto virtual. Em troca, ela lhe pede que você entre todos os dias na rede, que sorva lágrimas através de comentários, que sorria através de posts, que se irrite com a demora do outro em digitar uma mensagem no msn. É como se alguém criasse uma alma para você. A minha alma virtual eu havia esquecido num canto. Como castigo, perdi a oportunidade de conhecer uma alma real. Tinha também o aniversário do Rodrigo "Mows" para ir (sábado, no Empório). Este sim eu conheci ao vivo, olhos nos olhos, aperto de mão e abraço de urso. Nem preciso dizer que ele me avisou da festa por e-mail.

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