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terça-feira, março 31, 2009

Barulhos do fim


Morri suave, aqui do décimo oitavo andar

Um inseto que morre sem querer

Sem que a morte toque seu ombro esquerdo

Janela fechada na cara

Com as asas intactas

Braços cruzados no peito

E a esquadrilha da fumaça a resgatar

Nossas curvas de pensamento.

Morri distante e impreciso

Curitiba sorrindo no canto

Do olho de um vira-latas sarnento

Majestosamente alterado por

Surras mentais e remédios vencidos

Morri engasgado,

Vaidade rasgando o estômago

Fazendo do ódio performance

Teatro para o povo

Uma multidão de ninguéns

A aplaudir meu último salto.

Morri como se deve morrer

Um planeta

Definhando em minha terra estéril

A espera do messias

A espera de Deus

A espera da recepcionista

Telefonista, balconista, caixa de supermercado

A espera de uma explicação do gerente

Do político, do coronel, da mãe, do pai, dos irmãos, dos amigos

A espera do telefonema

Na hora exata.

Ninguém comentou o fato.

Morri no instante da pausa

Sem que nenhum vizinho saísse

Incomodado de casa.

quinta-feira, março 26, 2009

CANCELADA A TEMPORADA DA PEÇA "MENTIRA!"

Por problemas técnicos e de logística, a Dezoito Zero Um - Companhia de Teatro informa que a temporada no Festival de Curitiba do espetáculo "Mentira!" foi cancelada. Entraremos em nova temporada no semestre que vem. A companhia informa também que o dinheiro das pessoas que já compraram seu ingresso será devolvido. Aguardem mais informações. 

segunda-feira, março 23, 2009

Claudete Pereira Jorge no blog de teatro "Cacilda" da Folha de São Paulo


23/03/2009

Galharufas 7

Claudete Pereira Jorge

A primeira vez que ouvi falar em galharufa foi com o ator paranaense

Sansores França. Na época fiquei curiosíssima para saber o que era a

tal da galharufa. Sansores me dizia que para ser uma verdadeira atriz

eu deveria receber uma galharufa, o que me deixou de cabelo em pé,

pois não tinha idéia do que era. A partir de um determinado ponto da

minha carreira, ele disse que eu já tinha adquirido a dita cuja.

Fui saber o que era de fato, quando recebi uma galharufa de verdade

do diretor Ademar Guerra, na peça Colônia Cecília, montada pelo TCP.

Ele, num certo momento dos ensaios, tirou todo o texto da minha

personagem para ver o que eu faria em cena. Ele me dizia

“vamos ver o que você é capaz de fazer sem esta sua voz”.

Recebi ainda uma outra do diretor Marcelo Marchioro, quando tirei a

rótula do lugar durante um espetáculo e tive que colocá-la de volta

no mesmo instante para continuá-lo, e de fato fui até o fim da peça.


Galharufa é um ritual de passagem de “você achar que é uma

atriz”, para “ser de fato uma atriz”. Você ganha uma galharufa

sempre que você se supera. Quando num instante decisivo,

você realmente “atua".

Às vezes a galharufa é encarada como um trote.

Certa vez, o Alexandre França fez uma série de leituras dramáticas

com textos seus. Inventei uma história de que um deles seria lido na língua

do P.

Minha filha Helena Portela ajudou com a galharufa, ensaiando o texto

na língua do P sempre que o França aparecia aqui em casa. Ele caiu direitinho.

Só foi descobrir na hora da apresentação que tudo se passava de uma

grande brincadeira.

Sempre levo o meu São Jorge e o meu Santo Expedito para o camarim.

Chego bem cedo ao teatro para me tranqüilizar.

Brinco com o elenco, com o pessoal da técnica. Faço uma oração,

fumo um cigarro e entro em cena.

Teatro da Caixa Cultural - Curitiba

Fringe

domingo, março 22, 2009

Estréia HOJE!



Apareçam!
Entrevista para o Blog do Caderno G

por Marcio Renato dos Santos

foto: Albert Nane

O que é Curitiba?
Curitiba é uma renite que tentamos, a todo custo, curar entre edredons e livros do Dostoievski. É o frio que escondemos nos copos de cerveja e nas brasas de cigarro. Uma sala de estar vazia. O crack fumado por moleques friorentos. As luzes congeladas da nova iluminação branca da cidade. O boné do menino classe média roubado dentro do tubo do expresso. As favelas escondidas pelas campanhas publicitárias. A neve européia que ainda aguardamos. A cachaça tomada logo pela manhã por guardadores de carros. Os apartamentos mofados do centro. Reuniões literárias, recitais de poesia, indivíduos criticando amargamente seus colegas de trabalho. O vinho Campo Largo tomado por jovens nas esquinas do bairro São Francisco. A Cruz Machado abrigando musas desgastadas e músicos veteranos. A Ilíada decorada e declamada na casa da atriz Claudete Pereira Jorge. O templo do Dario Vellozo ainda ecoando em nossos ouvidos. Dalton Trevisan e a sua casa na Ubaldino. A Rua XV entulhada de lojas Diva. Os costelões 24 horas. O céu cinza. Os lambrequins que ainda resistem em casas polacas. Livros escritos por curitibanos, perdidos em prateleiras de grandes livrarias. Talentos diminuídos pela ignorância e pela falta de compreensão. Gente querendo reconhecimento de maneira obsessiva. Gente com medo de olhar na sua cara. Gente sorrindo forçosamente na festa de inauguração do último bar da moda. Um curitibano falando mal de Curitiba. Este mesmo curitibano com medo de morar fora.

Quer ler a entrevista completa? É clicar só aqui http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/blog/blogdocadernog/?id=869651

segunda-feira, março 16, 2009

APAREÇAM!

quarta-feira, março 11, 2009

Deu no Blog do Festival de Curitiba

França e Brasil se encontram no palco e em debate

O diretor de teatro Walter Lima Torres vai falar sobre as influências recíprocas entre a França e o Brasil nas artes cênicas. O encontro faz parte do Café Philosophique, bate papo promovido pela Aliança Francesa de Curitiba, no dia 27, às 19h no café Babette, rua Prudente de Morais, 1101. A entrada é gratuita.

Walter Lima Torres também é professor de estudos teatrais na Universidade Federal do Paraná e doutor em Artes do Espetáculo pelo Instituto de Estudos Teatrais da Universidade de Paris III, Sorbonne Nouvelle. Da França, colaborou com o jornal O Correio Brasiliense, escrevendo artigos e críticas sobre espetáculos ocorridos em Paris.

É uma boa ocasião para o tema. Em 2009 é comemorado o ano da França no Brasil, acordo de cooperação assinado entre governantes dos dois paises. Ainda sobre a relação França-Brasil o espetáculo “Mentira” da companhia de teatro Dezoito Zero Um discute a revolução francesa através de um encontro fictício entre dois importantes personagens históricos do levante: Jacques-Louis David e Charlotte Corday.

A peça fica em cartaz no espaço cultural Falec. Confira datas e horários no link do Fringe neste site.



A Dezoito Zero Um companhia de teatro reúne atores de outros quatro coletivos de Curitiba

Festival de Curitiba

O poeta, autor e diretor teatral Luis Fernando Leprevost apresenta o show “Eu Sou uma Dupla Sertaneja”, misturando rock com percepções da contemporaneidade e do mundo urbano, juntamente com a banda Normas da ABNT e com participação especial de Thayana Barbosa e Léo Glück.


Liquespace é a banda do músico e compositor Marcelo França, conhecido desde a década de 90 por suas composições de cunho poético e inovações musicãis, vem acompanhado por Fernando Rischbieter guitarra, Júlio Epifany bateria, Denis Nunes baixo, Alonso Figueroa voz teclados acordeon e programações. www.myspace.com/liquespace


Apareçam!

terça-feira, março 10, 2009

Arte X política no Festival de Curitiba


- “Os dois lados mentem. A senhora não percebe isto?!”.

Diz uma das personagens que é prontamente interrompida pela camareira do teatro:

- “‘Os dois lados mentem’ é coisa da sua cabeça, seu autor. Ele não falaria isto!”.


De um lado, dois personagens da Revolução Francesa, Charlotte Corday e Jaqcues Louis David, debatem sobre o sentido da arte num tempo de revoluções e cabeças cortadas. Do outro, autor e camareira discutem a respeito de qual posição política a peça que ali ocorre deveria tomar: esquerda ou direita.


Assim é o funcionamento do espetáculo Mentira! , que terá sua estréia nacional no Festival de Curitiba no Espaço Cultural Falec. Dois planos de realidade entram em conflito, a partir do momento que a visão do autor é criticada pela camareira do teatro.


No palco cada personagem será interpretada por dois atores, que integram dois grupos de atuação: A e B. Assim, num diálogo de espelhos, o conflito muitas vezes aparece no equívoco; nas falhas de comunicação entre os planos de realidade e os grupos de atuação. As conclusões ficarão a cargo do espectador, que será convidado desde o começo a participar deste jogo de linguagem e convencimento.


A dramaturgia e direção são de Alexandre França que além de Mentira! estará com outros dois textos em cartaz no Festival: Final do Mês e Habituès. A peça conta ainda com a participação de atores de diversas companhias de teatro da cidade, que vem marcando presença na produção local, tais como: Companhia Silenciosa, Companhia Elenco de Ouro, Heliogábalus, Cia. Despida de Teatro e Dezoito Zero Um – Companhia de Teatro (esta última, fundada pelo autor e diretor em parceria com as atrizes Verônica Rodrigues e Helena Portela). A idéia é misturar a linguagem e a bagagem artística de cada artista envolvido, com o objetivo de proporcionar ao espectador um espetáculo único, que passe longe do lugar comum.


Serviço

Mentira!

Texto e Direção: Alexandre França

Com Verônica Rodrigues, Simone Magalhães, Maia Piva, Kassandra Speltri, Leo Glück, Helena Portela, Ricardo Nolasco e

Paulo Vinícius.

Part. Especial - Luthero de Almeida.

Trilha: Gilson Fukushima

Luz: Karol Gubert

Realização: Dezoito Zero Um – Companhia de Teatro.




em Março de 2009

dia 26 as 18 horas;

dia 27 as 21 horas;

dia 28 as 12 horas;

dia 29 as 15 horas.




No Espaço Cultural Falec

Na Mateus Leme, 990

ao lado da pizzaria Calabouço.

terça-feira, março 03, 2009



Finalmente, o cartaz finalizado.
Apareçam!

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segunda-feira, março 02, 2009

Gelo dos olhos

Na nossa hora
Paro com o violão, com o toque duro
Das cordas de aço e falo, falo, falo
No lugar do silêncio dos ouvidos
Das paredes mofadas do meu quarto

À noite aperto o mute da tv
Para que o mundo não invada
À força a nossa casa
Com chutes e pontapés

O diálogo é a nossa missa

Parte das minhas roupas
Você jogou fora
Parte está fora de moda
(você me protege de vesti-las)
Mesmo dormindo me sinto seguro
Submerso num micro-cosmos de
Pequenas deliciosas mentiras

Não à toa saio à noite
Entre copos, cigarros e isqueiros
Onde busco a todo custo
Outra fonte de oxigênio

Mas deixar este teto, não
Isto são outros quinhentos
Nunca poderia esquecer
A mulher que
Derreteu
O gelo dos meus olhos.

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