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quarta-feira, junho 22, 2005

tudo que você não me disse

Espalhei as coisas na estante e num instante sua mão escreve "oi" e a minha "eu também" como um babaca, sozinho num boteco, ao virar o rosto para o crime, ao ouvir um nome parecido com o seu, ao pegar na pistola, ao ser acusado injustamente, ao molhar as mãos com o sangue alheio, ao perder a ypioca prata e a cerveja largada naquela mesa de canto, de escuro, de esquina para o nada, de buraco, de perdedor, de nada a perder e nada a jogar, pois uma só palpitação dos seus olhos já é um bom motivo para eu me acusar e sair berrando o seu nome e o seu estado civil e a sua residência e o seu RG, suas manias e hobbies, seus retratos de menina, de bebê, sua roupa preferida, seu filme preferido, sua frase preferida, já que nada, agora, pode me calar, pois acredito piamente na frase que você não escreveu e nunca disse, nem o vento da madrugada sonolenta terá este poder, nem as janelas apagadas, nem os prédios demolidos, nem a falta que a sua poesia me faz, nem o relógio timex que a muito não funciona, desde a sua partida.

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