.

quarta-feira, outubro 07, 2009

Gina no Caderno G

Quarta-feira, 07/10/2009

Reka Ross Kloss/Divulgação

Reka Ross Kloss/Divulgação / Maia Piva: aos 33 anos, a atriz protagoniza seu primerio monólogo
Maia Piva: aos 33 anos, a atriz protagoniza seu primerio monólogo

Os amores platônicos de Gina

Uma cinquentona solitária se apaixona por homens mais jovens na nova peça de Alexandre França, que estreia hoje no Mini-Guaíra

Publicado em 07/10/2009 Luciana Romagnolli

Relações românticas duráveis não são o forte da filha de Gina. A moça troca de namorado a toda hora. E a mãe cinquentona, de certa forma, a acompanha: se apaixona por cada um deles. Os amores platônicos nos quais a sonhadora senhora acredita piamente são partilhados por ela com a plateia, em tom confessional, no monólogo Gina, que estreia nesta quarta-feira, no Mini-Guaíra, uma breve temporada de duas semanas.

Escrita e dirigida pelo curitibano Alexandre França, a peça ficou guardada por mais ou me­­nos três anos na gaveta do jovem autor, cujos textos ultimamente têm sido bastante vistos nos palcos da cidade em montagens como Habituès – O Longo Caminho de Dois Frequentadores de Boteco, Um Idiota de Presente e Final do Mês. Nesta última, contracenavam a veterana Claudete Pereira Jorge e sua filha Helena Portela.

Alexandre não encontrou facilmente uma intérprete que pudesse enxergar no papel de Gina. “É um texto que expõe bastante a atriz. É uma mulher completamente maluca”, justifica, rindo. Durante os ensaios de outro espetáculo seu, o malogrado Mentira – que estrearia no Festival de Curitiba do ano passado, mas acabou cancelado –, o criador enfim encontrou uma intérprete para sua criatura. “Maia Piva estava no elenco. Vendo a ação dela nos ensaios, achei que poderia dar conta de fazer o texto”, conta França.


Para a atriz, o desafio é duplo – ou até mesmo triplo. Maia é uma profissional estreante, formada há pouco pela Faculdade de Artes do Paraná. Mas já enfrenta a responsabilidade de sustentar um monólogo, em que as atenções recaem todas sobre ela. Além disso, aos 33 anos, ainda está longe das cinco décadas acumuladas por sua personagem. Sua maior preocupação declarada é, portanto, alcançar a profundidade de uma mulher com uma história de vida mais longa que a sua.

Atento a isso, o diretor e ela se dedicaram ao trabalho corporal, adequando seu modo de andar e falar à idade pretendida. De­­ta­­lhes ainda mais importantes, uma vez que França conduziu a encenação por uma estética mais naturalista. O figurino e o cenário (um puf e um manequim) ajudam a compor o universo da personagem, que trabalha em uma loja de ternos. “Dão esse ar mais de senhora do centro de Curitiba”, define o autor. A cidade aparece em referências a lugares emblemáticos para os curitibanos, como a Reitoria.

Gina ocupa sua solidão com fantasias e usa o manequim que lhe faz companhia para re­­presentar seus amados. Ale­­xandre França, ao imaginar a personagem, pretendia falar de amor, mas pensava, principalmente, em como o romantismo foi se desgastando com o tempo. Quis então contrastar passado e presente.

“Gina glamouriza tudo. Tem essa visão mais antiga do amor. Ela acredita que está certa e que o objeto do seu desejo a ama ao extremo”, conta. A graça da situação evolui para um clima de tensão, a medida que seus amores ilusórios não se concretizam.

Serviço: Gina. Mini-Guaíra (R. Amintas de Barros, s/n.º), (41) 3315-0979. Texto e direção de Alexandre França. Com Maia Piva. Estreia hoje. Quarta-feira a sábado, às 21 horas; e domingo, às 19 horas. R$ 10. Desconto de 50% para portadores do Cartão Teatro Guaíra. Classificação indicativa: 18 anos. Até 18 de outubro.

Dezoito Zero Um no Facebook

Arquivo do blog