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segunda-feira, novembro 09, 2009

Troy no Caderno G

(amanhã ele estará no Wonka junto com Octávio Camargo)


Segunda-feira, 09/11/2009

Albari Rosa/Gazeta do Povo

Albari Rosa/Gazeta do Povo / “Às vezes, a vida ‘afunila’, e só mesmo o violão para salvar e apontar novos horizontes”, diz Troy Rossilho
“Às
vezes, a vida ‘afunila’, e só mesmo o violão para salvar e apontar novos horizontes”, diz Troy Rossilho

Perfil

Odisseia Musical

Músico e compositor nascido em Paranavaí e radicado em Curitiba, Troy Rossilho já gravou cinco álbuns e pretende migrar dos bares para a produção em estúdio

Publicado em 09/11/2009 | Marcio Renato dos Santos

A trajetória de Troy Rossilho, 27 anos, é um daqueles casos em que parece que cada passo, pelo menos até aqui, já estava escrito. O destino dele, de certa forma, aparenta estar ligado ao próprio nome. O pai, Cesar, gostava da Guerra de Troia e, por esse motivo, batizou o filho com a versão em inglês (Troy) do nome da cidade.

Cesar, um desses sujeitos que faz o Brasil seguir em frente, um empreendedor, desde muito cedo incentivou o pequeno Troy a ler. Um dia, o filho disse para o pai que queria ser médico. O pai, sem hesitar, rebateu: “Mas por quê? Já tem tanto médico por aí. Por que você não vai ser artista?”. O menino, dia e noite com o violão nos braços, sem guerrear consigo mesmo, seguiu o conselho paterno.

Passa o tempo, talvez 1998, no máximo 1999, e um tio pergunta: “Cadê a tua Helena?”. Troy ainda não conhecia em profundidade os assuntos gregos, mas já sabia que a personagem Helena foi o pivô da Guerra de Troia. Ele fez uma canção chamada “Helena”, a décima faixa de seu álbum Cru, gravado no ano 2000.

Se é acaso ou não, difícil afirmar, mas há quatro anos Troy vive uma relação estável com uma mulher chamada Helena. Trata-se da atriz Helena Portela.

A coincidência é maior ainda. Helena é filha da atriz Claudete Pereira Jorge, que há dois anos viajou para Salônica, cidade grega, para declamar o “Canto 1” da Ilíada, de Homero: nada menos que 700 versos, em meio a uma bienal de artes.

Quando Claudete contou aos gregos que tinha uma filha chamada Helena, poucos acreditaram. Em seguida, ela disse que o namorado da filha se chama Troy. “Pensaram que eu estava contando piada. É realmente muita coincidência esse encontro de uma Helena com um Troy”, diz Claudete.

O que o palco ensina

Há dez anos Troy vai dormir por volta das 6 horas e acorda às 15. Durante essa última década, ele fez história tocando em bares curitibanos. Nem lembra o nome de todos onde se apresentou. Passou pelos palcos do Ciccarino, do Bar Brasil e do Ponto Final. Há poucas semanas, deixou de ser a atração fixa de todas as sextas-feiras do Era Só O Que Faltava. Atualmente, toca todos os sábados no Bar Doce Lar, acompanhado de Marcos Saldanha (bateria), Guaraná (baixo) e Mazzar (guitarra).

De Ataulfo Alves a Chico Buarque. De Nelson Cavaquinho a João Bosco. Troy costuma apresentar canções desses e de outros compositores brasileiros, geralmente músicas não-óbvias. Entre um e outro clássico, ele mostra alguma composição autoral. Já gravou cinco álbuns. Ele faz parcerias com letristas curitibanos, mas as canções mais bem resolvidas de seu repertório pessoal são as que ele compõe ao lado de seu pai. Cesar Rossilho, um profissional liberal, é na realidade um poeta: ele tem um olhar inusitado sobre o cotidiano, o amor e os impasses do ser humano.

Troy aprendeu, “muito”, sobre o comportamento observando o público nos bares onde se apresentou. Ele conta que as noites das sextas-feiras são únicas. É o final da jornada da semana, todos querem alegria e há uma onda de entusiasmo diante da perspectiva dos dois dias de folga que antecedem a próxima segunda-feira e o retorno ao trabalho. “Já vi de tudo. Dos sentimentos sublimes aos mais violentos.” A troca de energia, entre palco e plateia, é uma surpresa a cada nova apresentação.

Além de observar, e entender, as contradições humanas, ele também exercitou e evoluiu como instrumentista e cantor nos bares.

Mudança de estação

Troy inicia um processo que parece irreversível: dos bares rumo ao estúdio. Recebeu o convite do diretor de teatro Marcelo Marchioro para fazer a direção musical da peça Medeia, com previsão de ser encenada no primeiro semestre de 2010, no Teatro Guaíra. Ele já fez trilha sonora para as peças O Longo Caminho, de Edson Bueno, e Um Idiota de Presente (Alexandre França), e ficou muito satisfeito com a experiência.

Há três anos, Troy comprou uma casa de três pisos e no último andar construiu um estúdio profissional, onde já gravou álbuns de artistas locais. Atualmente, as quintas-feiras são reservadas para ensaiar o repertório de seu próximo disco, que será finalizado antes do próximo carnaval. Já tem propostas para gravar jingles para a campanha política do ano que vem.

Amanhã, às 21 horas, ele desce ao porão do Wonka Bar (Trajano Reis, 326), (41) 3026-6272, para, ao lado do maestro, amigo e virtuose do violão Octávio Camargo, apresentar repertório autoral.

Troy segue a sua travessia, e diz, cantando: “Nada mais sincero que o amor em busca de atenção.”


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