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sábado, março 24, 2007

Mais uma do Henry

"Gosto de textos que fluem, sejam eles hieráticos, esotéricos, perversos, polimorfos ou unilaterais. Amo tudo que flui, tudo que tem em si tempo e transformação, que nos leva de volta para o princípio onde nunca há fim: a violência dos profetas, a obscenidade que é êxtase, a sabedoria do fanático, o padre com sua ladainha elástica, os palavrões da puta, o cuspe que passa na sarjeta, o leite do seio e o mel amargo que escorre do útero, tudo quanto é fluído, derretido, dissolvido e dissolvente, todo o pus e a sujeira que, ao fluir, purifica-se, que perde seu sentido de origem, que percorre o amplo circuito em direção à morte e à dissolução. O grande desejo incestuoso é continuar fluindo, unido com o tempo, fundir a grande imagem do além com o aqui e agora. Um desejo insensato e suicida, obstruído pelas palavras e paralisado pelo pensamento".

Henry Miller

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