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quinta-feira, outubro 28, 2004

pronta para ouvir?

Como se você não soubesse, que há anos eu procuro um atalho em você. E busco partes separadas de mim, um copo de uísque, três pedras de gelo, um trago. Como se você não soubesse, que detesto dar tchau. Prefiro que você me dispense calada, com a alma rouca de tanto gritar. Ocultando marcas, dando voz a outros pedaços do corpo. Como se você não soubesse, que eu me submeteria a falar “eu te amo” e não lutaria contra a sua vontade. Trairia a minha própria poesia. E ainda deslocado de toda a sua espinha, teria a certeza idosa deste mendigo que sou: esta minha sina, que por acaso não me sabia, foi a minha maior metáfora.

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