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quinta-feira, maio 27, 2004

Visões do Paraíso

Hoje publico a entrevista com esta, que na minha opinião, é uma das figuras mais simpáticas da cena musical paranaense: Eugênio Fim. Vocalista e instrumentista da banda Regra4, Eugênio está, atualmente, cursando produção musical da UFPR, sendo que está sempre atualizado com as novidades do universo da música popular. A banda, da qual faz parte, vem obtendo um bom destaque na mídia e é considerada como uma das mais importantes de Curitiba. Confira a entrevista com esta importante figura da nova geração musical curitibana.

Defina o músico e compositor Eugênio Fim.

O músico Eugênio Fim é um cara que está sempre em busca de algo novo e, mesmo não conseguindo, continua, assim exigindo dos outros, sem medo de mostrar para o outro companheiro seus conhecimentos. Ele acha triste quando as pessoas têm medo de repassar seus conhecimentos para o próximo, ou quando acha que assim o próximo roubará suas idéias e etc. Mas o Eugênio acredita que nesse mundo, se ele estiver passando o que ele sabe para as pessoas que estão ao seu lado, o que estiver a sua volta vai melhorar, pois se melhora para o outro conseqüentemente melhora pra mim também, pois a evolução é do meio em que vivemos, juntamente com a pessoal.
Eu amo criar algo, adoro ver que uma letra ou uma melodia pode fazer alguém pensar em algo novo e positivo, busco o novo a todo instante, mesmo às vezes não conseguindo. Depois da composição a parte mais louca de um trabalho musical (que eu adoro) é o arranjo.


Você se considera um compositor curitibano ou brasileiro? Ou seja, a sua identidade é marcada pela brasilidade “standard” que é demonstrada pelos meios de comunicação, ela vem de uma raiz maior ou ela veio das baladas curitibanas? Aproveita e fale para nós sobre as suas influências.

Eu creio que sou um compositor brasileiro-curitibano. Além de influências brasileiras tenho também influências curitibanas sim, pois é o universo que paira a minha volta que me cutuca a todo instante. Acredito em vários trabalhos daqui e que me influenciam sim, ao mesmo tempo sei que sou influenciado e somos todos uns influenciados pelos outros aqui onde estamos. Tento sempre criar algo que não seja só para o Brasil ouvir, sabe como? Influências: Tom Zé, Tom Jobim, Marcos Suzano, Otto, Rubin Stainer, African Music, Drum´n´Bass, literatura, jornais, livros, padaria, açougue, mercado, teatro, cinema e assim vai.

Qual a sua opinião a respeito da arte (tudo – cinema, artes plásticas, teatro, etc) que é feita em Curitiba?

Minha opinião é que cada vez mais é produzido arte em Curitiba. E acredito que primeiro o importante é fazer, depois é que vem a melhora a evolução. É uma busca constante quando se trata de algo artístico. O Paraná é um jovem muito louco em busca da evolução. Sinto que as pessoas vêm se comunicando muito mais do que antes e isso ajuda muito o meio. Sinto também que estamos crescendo cada vez mais. Tanto quanto qualquer outro lugar.

Curitiba figura no cenário nacional da música? Por que sim ou não?

Assim, existem várias bandas e trabalhos daqui de Curitiba trabalhando e divulgando sua arte, que muitos nem imaginam que estes trabalhos são de Curitiba-PR, mas realmente ainda pouca coisa saiu daqui e virou sucesso absoluto na mídia nacional. No entanto existem aqui hoje, mesmo não sendo reconhecidas nacionalmente, várias bandas de respeito e de qualidade nacional – internacional. Claro que como em todo lugar tem coisas medianas, mas isso é em todo lugar. Paraná é uma panela de pipoca que logo logo estoura alguma coisa por ai.

A música, em Curitiba, é estudada, pesquisada ou discutida? Qual é a importância disto para você?

Ela é discutida, acredito. A importância disto é que com a discussão as coisas funcionam e melhoram.

Para você, um músico curitibano pode dar certo fora de Curitiba? Por quê?

Não só músico curitibano, como qualquer outro músico pode dar certo fora do seu ninho, pois em todo lugar tem alguém querendo escutar música. Sendo assim, quem ama fazer isto estará em constante busca do melhor som, da melhor forma de expressar suas emoções e razões em forma de música. Exercitar é o caminho para a qualidade.

Se fosse para você fazer uma música para alguém de Curitiba, para quem você faria e por quê?

Para os loucos latinos americanos que ficam nos sinais fazendo arte.

Como surgem as letras de suas melodias? Fala um pouco sobre o seu processo de composição e se Curitiba influencia este processo de alguma forma.

Geralmente vem primeiro uma melodia ou um ritmo na minha mente. Logo eu tento harmonizar, vou para o meu estúdio caseiro e faço os arranjos. Por último, ponho a letra. Não necessariamente nesta ordem, mas esta é a mais comum, e Curitiba influencia nesse processo.

Os músicos, em Curitiba, são unidos? Isto importa para o bom desenvolvimento da arte musical curitibana?

Acredito que como em todo lugar existem pessoas mais individualistas e pessoas que tem o prazer de compartilhar experiências. Eu acredito em compartilhamento, pois com isto tudo em nossa volta fica mais favorável para as novas conquistas. O compartilhamento favorece Curitiba sim.

Agora você terá que fazer uma pergunta ao entrevistador. Mande ver.

Você gosta do que é feito aqui?

Resposta: Ótima pergunta! Gosto sim, porém com restrições, pois reconheço nos músicos curitibanos um talento latente que, ainda, não foi aproveitado plenamente. Penso, no entanto, que as coisas em Curitiba acontecem de uma forma extremamente lenta, já que a nossa cidade, infelizmente, ainda tem uma atitude provinciana com relação à arte e, por que não, também com relação à cultura. Chega de clientelismo! Falta a gente daqui levar as coisas mais a sério no sentido de produzir um material bom (novo, artístico, diferente) e não só de aparecer por tocar o que da certo fora de Curitiba. A partir do momento em que os músicos se mobilizarem em função dos estudos das nossas raízes e de uma busca de uma identidade cultural curitibana a coisa começará a caminhar, pois desta maneira os artistas começarão a produzir uma arte nossa, curitibana, que não seria criada em lugar algum do Brasil. Desta forma é que eu acho que a coisa poderia dar certo fora de Curitiba, pelo simples fato de ser diferente, de ser arte mesmo. Acho que falta aproveitar a influência da música celta (pouquíssima aproveitada), da música de fronteira, do fado...enfim, sair um pouco do samba, que a gente insiste em copiar exaustivamente. Falta o conservatório de mpb mostrar pro pessoal que a coisa não se resume ao choro. Falta produzir uma música daqui mesmo pra depois misturar, acho que um grupo que começou a fazer um pouco disto foi o Fato, com o lance do Fandango de Valadares, mas é preciso uma mobilização maior para a coisa explodir mesmo.

Agora você pode falar o quiser, o quiser mesmo. Manda bala.

Então, obrigado França. Valeu e é o seguinte, gostaria que quem estivesse lendo (principalmente artistas daqui) esta entrevista saiba que um lugar só evolui quando nós fazemos algo para melhorá-lo. Não melhora do nada. Por isso em vez de ficar falando mal da cena Curitibana, em vez de reclamar, façamos algo realmente. Pontos positivos e negativos têm em todo lugar, pode crer, não adianta muito reclamar que há uma desunião e BLA,BLÀ, BLÁ >>>>>UNA-SE VOCÊ!! FAÇA VC MESMO AGORA!JÁ!
UM ABRAÇÂO A TODOS
EUGENIO FIM

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