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domingo, agosto 02, 2009

Choro suicida


Música do meu amigo Octávio Camargo. Letra deste que vos fala. Uma das muitas parcerias "cancionísticas" com o Octávio. Ganhou versão nova no cd "Música de Apartamento". No vídeo, a minha querida amiga Bárbara Kirchner canta junto comigo (apresentação do Thadeu, do Octávio e da Bárbara na Casa Gomm)

Choro Suicida

(Octávio Camargo e Alexandre França)


Nem toda história de amor acaba em morte, mas

Em Curitiba estes números assustam, pois

Quando o inverno chega por aqui

Os suicidas de amor se multiplicam por dois


Mais um poeta da dor se joga fora do bar

Onde a garoa cai guardando suas palavras

No piso de pedra do Alto da Glória para

Toda a boemia abraçada rir cantando


Nem toda história de amor acaba em morte, mas

Em Curitiba estes números assustam, pois

Quando o inverno chega por aqui

Os suicidas de amor se multiplicam por dois


Esta doença de amor não tem remédio, porém

Em Curitiba no inverno os bares enchem mais

De gente fria esquentando com cachaça

Um desejo que no fundo só faz bem de mais


eu mesmo largo mão de tanta hipocrisia

dançando com as mocinhas da cidade

que eu não dava valor

em cada esquina mais um santo se agita

ao ler a missa que Dionísio saberia de cor


na rua o tom de cinza tenta dar um clima

avermelhado pro curitibano se despir do pudor

e a chuva deixa dentro um fogo um cataclisma

pulsando um outro sentimento que nos dá calor


é a polaca do Batel deixando a boca sorrir

falando alto, sem vergonha, pro comboio ouvir

que o esporro vai continuar na sua casa

outra casa cabisbaixa para farra enfeitar

com cores novas a fachada desbotada

cheia de lambrequins

um vinho campo largo pinta os dentes de um infeliz

que agora fala pelos cotovelos que não doem tanto

quanto antes numa época em que o amor doía como

aneurisma ou pontadas na barriga, o amor era uma briga

que batia um coração desajustado, tão cansado de sofrer

por opção


Nem toda história de amor acaba em morte, mas

Em Curitiba estes números assustam, pois

Quando o inverno chega por aqui

Os suicidas de amor se multiplicam por dois


Mas toda noite do mundo que se preze também

Possui no fundo da gaveta um suicida bem do tipo

Que não liga tanto para a vida, mas

Que para morte nunca deu a mínima.


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