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domingo, março 19, 2006

sobre a minha fracassada noite de ontem

andando sozinho à noite
por ruas e quadros
em preto e branco
você pensa em matar alguém.
sujeitos estranhos o perseguem
e você se lembra que "não mataria nem uma mosca".
você adianta o passo, eles passam por você
e não dão a mínima.
aí aquela velha falta de fôlego
volta à ativa.
seu pulmão, este novelo enrugado e medroso,
o faz suar e você esquece toda a reação de ódio
que um hipócrita pedante lhe causaria minutos antes.
as janelas das casinhas de madeira,
nas quais você um dia já sonhou em morar,
piscam as luzes como num sinal de alerta que carros
de último tipo dariam para ultrapassá-lo
numa br qualquer.
não há bares nesta região
e a única alternativa numa hora destas
é relembrar os detestáveis fatos do começo da noite
até que depois de 40 minutos
você chegue ao centro da cidade
aliviado e seguro.
finalmente
você entra e toma o primeiro copo
e descobre que não mataria ninguém
a não ser você mesmo.

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