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domingo, maio 20, 2012

desejo de invenção

Fazer na literatura um pouco o que Schönberg, por exemplo, fez na música - a cada trecho, uma arquitetura de linguagem diferente. Indicar, ou melhor, proporcionar ao leitor uma sensação de se estar desbravando outros mundos a cada final de frase. Sugerir o que é próprio da nossa natureza - a vontade de invenção. Indicar o caminho da inventividade, e não da moral estabelecida do começo ao fim, e não da conclusão absoluta, e não do final unilateral, e não da estetização imóvel da condição humana. Queimar os retratos mofados da sua cabeça. Buscar o buraco-negro do paradoxo. Não compactuar com os sistemas já estabelecidos. Indefinir o mundo de que se está falando - colidir mundos inventados e que estão para ser inventados (ou seja, arquiteturas e estratégias de linguagem diferentes) para, com o colapso total, mostrar ao leitor que ele também é capaz de mais - que a destruição também gera invenção. Mostrar ao leitor (ao espectador também) que ele, JUNTO com o autor, é capaz de mais. Inflar a vontade do leitor com desejos de invenção. Fazer da literatura um libelo amorfo a favor da invenção constante.

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