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terça-feira, junho 22, 2010

Sobre o texto de Enéas Lour

Então, rolou uma polêmica sobre a reportagem feita pela Gazeta sobre os autores do núcleo de dramaturgia. Posto agora um comentário que eu fiz no blog do ator, diretor e dramaturgo Enéas Lour sobre o caso (este comentário servirá também para o texto escrito pelo Edson Bueno sobre este mesmo assunto).

Olá Enéas, tudo certo? Acompanho o seu blog e gostaria de me posicionar acerca deste último texto, se for possível (e faço isto por admirar a sua arte e te respeitar e claro me interessar pelo seu pensamento sobre o teatro). Tenho infinitamente menos tempo de estrada que você e sei que para ser um bom autor ainda é preciso passar por muita coisa (não me considero um gênio-semi-deus-iluminado-escolhido, como disse com todas as letras o Rogério Vianna, tanto é que estou fazendo o núcleo para tentar aprender alguma coisa, certo?) Na matéria da gazeta, disse que achava que alguns dos nossos autores estavam presos a fórmulas antigas (de forma alguma citei o seu nome, e de forma alguma falei que o que eu faço é “super-inédito”) e que outros apontavam para um caminho diferenciado (estes, aliás, não necessariamente fazem parte do núcleo). Trabalhei (com muito orgulho) com a Claudete Pereira Jorge e com o Luthero de Almeida, atores da sua geração que respeito por demais pela genialidade e posso garantir que sei do imenso valor destes grandes artístas. Aprendi muito com eles, ainda aprendo, e pretendo aprender mais ainda no futuro com estas mesmas figuras. Quero destacar o fato de que nunca consegui passar em nenhum edital da fcc ou de qualquer instituição pública (por ser novo, talvez) para realizar as três montagens que eu mesmo produzi no Mini Auditório do Teatro Guaira com textos de minha lavra (ou seja, no teatro, também sou da turma do "faça você mesmo", muito antes de aparecer o núcleo). Aliás, gostaria de passar num edital destes um dia para pagar bem os profissionais que trabalham comigo (que agora possuem drt, portanto legalmente considerados profissionais) e que acreditam no meu taco e no nosso teatro. Nunca ganhei nenhum gralha azul e nunca fui indicado para este prêmio (diferentemente de montagens estritamente comerciais como "a gorda e o anão", que, curiosamente, na categoria "melhor atriz", "venceu" Rosana Stavis, considerada uma das melhores do Paraná). Acho que a matéria da Luciana, de fato, faz um recorte e uma edição que, de uma forma ou de outra, acaba sugerindo que TUDO o que é feito em Curitiba é ultrapassado. Não concordo (e é neste ponto que eu compactuo com o seu texto). É até absurdo pensar uma coisa destas. Se você reparar na entrevista, eu cito uma autora genial que não é do núcleo e que faz um trabalho que foge das convenções da dramaturgia moderna: a Léo Gluck. Poderia também citar o Márcio Abreu (da peça "vida", inspirada na obra de Paulo Leminski, grande artista da sua geração), a Sueli Araujo, o L.F Leprevost, entre outros. Ou seja, pessoas que vem fazendo um trabalho interessante e deixando suas marcas na história do teatro curitibano. Não quero parecer um ingrato (e não quis parecer nesta entrevista). Sei do valor da sua geração e sei que a minha geração vai levar muito (mas muuuito) tempo mesmo para fazer o que vocês fizeram com a mesma dimensão e qualidade artística (isto se conseguir). Mas nós estamos tentando e trabalhando para isto (eu digo, a minha geração, e isto inclui eu, o Otávio Linhares, a Maira Lour, o Luiz Felipe Leprevost, a Maia Piva, a Helena Portela, a Verônica Rodriguez, o Diego Fortes, a Léo Gluck, a Nina Rosa, a Giorgia Conceição ,o Henrique Saidel, a Ana Ferreira, a Uyara, a Tuca, o Damaceno, o Cleber Braga, o Paulo Zwolinski, a Patrícia Kamis, o Preto, a Angélica Rodrigues, entre tantos outros, que, acredito eu, não se consideram gênios-escolhidos-etc-etc). Bom, é isto. Espero que não fiquem mal entendidos. Um grande abraço, com estima.


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