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quarta-feira, fevereiro 28, 2007

...e ontem no bar do Torto

Uma poesia em parceria com o mais novo parceiro, o Língua. Thadeu W também entrou na brincadeira.

Promoção e pramocinha

Não esqueça do Quartzolit
Lembre-se daquilo que te impossibilite
Não dê uma de socialite
Quando você é uma socialaite
Eu tive um insight
Ao acender o pavio da dinamite
O TNT tava em promoção nas Casas Bahia
E você vai explodir antes de mim, vadia
Quero ver você na esquina
Toda briga de amor
É uma boa razão para uma chacina

França, Língua e Thadeu

sábado, fevereiro 24, 2007

para chamar a atenção (versão final)

Não sei se foi para chamar a atenção
você com uma margarida de plástico
com aquele enorme olho amarelo
chapado com a cabeça caída para
o lado.
não sei se foi para chamar a atenção
um zippo sem gás, com a pedra gasta
uma triste metáfora de algo
que já não é mais
tipo uma panela vazia em fogo baixo.
não sei se foi para chamar a atenção
mas pelo menos na minha frente
você esqueceu de roer as unhas
e de contar moedas de cinco centavos
na iminência de dividir a conta
em duas partes exatamente iguais.
Não sei se foi para chamar a atenção
mas você deixou largada na cadeira
a sua bolsa
com uma foto 3x4 minha
no fundo falso da carteira.

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Porta-retrato

Fósforo aceso na madrugada
Uma carta de adeus queimada
Calada mais de uma vez
Por dia
Flores perdendo o tempo
De serem dadas, envelhecendo
Nas cinzas que a tarde fez
Da vida
Pétala a pétala, conto todas as pétalas
Arrancadas da rosa que eu guardei
No armário
Uma lembrança do mar de espinhos
Que a chuva tempestuosa da despedida detém
Num raio
O apartamento que abandonei
Toda a mobília que não usei
Como sumir do porta-retratos
Que você guarda na sua mesa
Mas o dia amanheceu
O dia amanheceu
Amanhecer o dia me faz muito bem.

Octávio Camargo, Alexandre França e Thadeu Wojciechowski

terça-feira, fevereiro 13, 2007

meio-dia

Sono
Ao meio-dia
Ninguém vai me acordar
Nem balde de água fria
Ao meio-dia
Ninguém vai me ouvir roncar
Nem toda a bibliografia
Do meio-dia
Conseguiu me explicar
O inverno de Curitiba
Ao meio-dia
Um senhor tentou matar
O tédio com aspirina
Ao meio-dia
Minha voz sumiu no ar
De toda a coreografia
Do meio-dia
Num segundo de amar
Daquela anatomia
Do meio-dia
Uma chuva de chorar
Vestia de preto o dia
Ao meio-dia
Ninguém vai me acordar

quinta-feira, fevereiro 08, 2007


terça-feira, fevereiro 06, 2007

Porão Loquax - Rodrigo Madeira

IMPERDÍVEL
Terça, dia 13 de fevereiro

Porão Loquax com Rodrigo Madeira, o vencedor do Concurso de Poesias Helena Kolody, categoria Paraná. Rodrigo estará apresentando, no Wonka Bar (que fica na Trajano Reis 326) os poemas que compõe o próximo lançamento Sol sem Pálpebras, com lançamento previsto para abril.
entrada R$1,99

Às vezes o tempo dá umas boas risadas da nossa cara. Digo isto pelo imenso prazer de escrever sobre o livro do poeta Rodrigo Madeira. Poxa tempo, eu é que deveria pedir ao Rodrigo para escrever qualquer impressão sobre algum poema meu! Já que é ele quem faz a poesia que pode nascer “menino Jesus” ou “bebê de rosemary”. Ele que, ainda criança, matou o Leminski no bar Stuart, numa tarde cinzenta desta cidade de chumbo chamada Curitiba. Ele que entende tão bem o gosto das damas da noite na boate Gato Preto, sentindo um sabor ácido de bateria usada na ponta da língua. Ele que fala sobre um amor que nunca ouvirá as suas palavras, mas que ainda sim subsiste “no fundo do peito, no canto da razão, no canteiro de pêlos”. Digo isto sem exagero nenhum e mais: o ritmo cortado e denso dos poemas parece sussurrar significados em minha cabeça, como se aqueles versos fossem as últimas palavras de um doente terminal, de alguma tarde fria da nossa tímida terra “e muitos de vós nunca se abriram, dominicais, em programas de auditório”. Há poemas ainda que provocam uma espécie de “ressaca moral”, um soco no estômago rompendo artérias de realidade, como no poema “favela”: “cedinho, três cadáveres assistem à televisão”.É por estas e por muitas outras (que o leitor terá o prazer de conferir) que o tempo é mesmo um sacana: no final do livro, Rodrigo ainda dá uma lição aos muitos candidatos a gênio da literatura, que infestam o intestino da nossa cultura: “eu não escrevo para ficar, meu amor, escrevo para ir embora”. O tempo, Rodrigo, que agora ri da nossa cara, sem dúvida o entende.

sábado, fevereiro 03, 2007

água de beber

O alcoólatra é uma máquina
De desiludir a si mesmo
E toda droga mais ou menos
Que atravessa a sua vida
É uma luz de brilho negro
Que ofusca a sua mania
De beber e chorar pra dentro
De olhar e acompanhar o óbvio
De dormir e sonhar com medo
Da sobriedade, este feto
Encolhido no peito
Entupido de não-me-toques

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