Visões do Paraíso
Bom, como prometido, darei início a série "visões do paraíso",na qual serão entrevistadas algumas personalidades da cena cultural curitibana à respeito da cidade de Curitiba. O primeiro entrevistado da série é o vocalista e multi instrumentista da banda Gato Preto, Ivan Halfon.
Defina o músico e compositor Ivan Halfon.
Acho que dá para separar essa pergunta: como músico, dá pra dizer que eu sou vagabundo, toco muito mais por instinto e pelo ouvido do que por estudo. Como compositor é o contrário, não tem nenhum dia que eu passe sem pensar em fazer uma música. Mas eu também sou muito auto-crítico, então eu jogo a maioria das músicas fora.
O que é Curitiba para você?
É uma cidade muito rock n’ roll.
O movimento psicodália veio alcançando uma popularidade cada vez maior entre as pessoas que saem à noite e que gostam de rock psicodélico. Hoje é um dos movimentos musicais mais importantes para Curitiba. E a banda Gato Preto, na qual você é instrumentista e vocalista, é uma das mais relevantes deste movimento. Sendo assim, o que o psicodália tem a ver com Curitiba? Qual a sua principal característica? E, principalmente, ele está no mesmo caminho da atual estética cultural e artística de Curitiba?
Não sei o que o Psicodália tem a ver com Curitiba, acho que em qualquer lugar que aquelas figurinhas se encontrassem eles iam fazer um movimento de Rock n´ Roll.
A principal característica do movimento, pra mim, é o gosto e o amor pelo rock 70 e, já respondendo a outra pergunta, livre de qualquer estética artística ou cultural. Pra te falar a verdade, eu nem sei qual é a atual estética cultural e artística de Curitiba, meu negócio é o rock n´ roll, mesmo.
Curitiba influenciou de alguma forma a sua música, a sua arte?
Foi aqui que eu tive contato com bandas como King Crimson, Yes, Mutantes, Jethro Tull, tudo isso aí.
Qual é a sua opinião sobre o atual cenário musical curitibano.
Eu acho as bandas daqui muito boas, dentro dos seus estilos. Acho que tem boas bandas pra todos os gostos, da MPB ao disco.
O que você acha a respeito das atuais leis de incentivo e de fomento a cultura? Elas ajudam em alguma coisa? São relevantes para a comunidade musical curitibana?
Nunca mandei nenhum projeto para a lei de incentivo, mas já ouvi falar que o processo leva anos, até a liberação do dinheiro. Mas parece que eles bancam tudo, então tá ótimo, não dá pra fazer muita cobrança também. Eu já ouvi discos muito bons que foram gravados pela lei do incentivo, então eu acho que ela é relevante e ajuda aos artistas, sim.
Agora uma pergunta diferente: se fosse para você fazer uma música para algum lugar de Curitiba, para qual lugar você faria e por quê?
Eu faria pro bar do Torto, porque tem a cerveja mais barata e a mesa de sinuca mais reta da cidade. Mas a única música que eu já fiz para um lugar se chama o Som Azul, e foi feita para um lugar que chama Tamanduá. Não preciso nem explicar por quê, se um dia você for lá você vai fazer um poema pro Tamanduá também.
Você acha que um artista curitibano pode dar certo fora de Curitiba? Por quê?
Claro, eu acho que um artista de qualquer lugar pode dar certo em qualquer outro lugar, o local é o de menos.
Você teve alguma influência de artistas curitibanos? Quais são elas e o que elas significam para a sua arte?
Não tive. Aliás, eu tento ter o mínimo de influência, a idéia é fazer algo o mais original possível. É claro que é inevitável não se influenciar nos sons que você curte, então acaba tendo influências das bandas que eu citei lá em cima, por exemplo.
Bom, neste último item você deverá formular uma pergunta ao entrevistador. Uma pergunta que você ache pertinente ao tema “visões do paraíso”. Mande ver.
Beleza. Quais os locais de Curitiba que, na sua opinião, mais se aproximam de “visões do paraíso”? Aproveite também para citar os pontos turísticos de Curitiba que você definiria como “visões do paraíso”, sem esquecer de citar as linhas de ônibus que levam a cada um deles, exemplificando e justificando cada uma.
Resposta: Os dois lugares básicos que, não se aproximam, SÃO as visões do paraíso é a rua XV e o Largo da Ordem, principalmente à noite, onde a diversidade de casos e tipos é infinita. Outro lugar que eu acho ser uma visão do paraíso é a cruz machado, mais conhecida como a rua da lama...como não se divertir com os espelhos decorativos de um La Honda, ou com o perigo eminente de se entrar num lugar como o Gato Preto?
Fale o que você quiser, o que quiser mesmo, para terminar.
Falou, até a próxima, obrigado pela entrevista, e quem gosta de rock n´ roll vão dar uma conferida na banda Gato Preto!
É isto pessoal. Semana que vem será entrevistado o poeta Luiz Felipe Leprevost. Até a próxima.
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Blues Curitibano
segunda-feira, maio 10, 2004
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