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segunda-feira, maio 17, 2004

Sobre Curitiba

Como a espuma que ao redor fica da coagulação, o meu olhar fica ao redor da sua boca gelada. Eu falo de Curitiba e de suas lâmpadas maquiladas de lampiões. Durmo sempre em cima de suas coroas de orvalhos congelados, das suas praças sujas de moleques friorentos. Durmo no vento que o seu assovio pronuncia, sua canção de ninar pombas. Durmo no alto da casa Hoffman e da sua mania de ser mais do que já é. Eu dedilho esta Curitiba de tubos em franca decadência. Eu mastigo esta Curitiba de migalhas esquecidas nos vãos da praça Carlos Gomes. Eu engulo você Curitiba, como quem engole o leite duvidando se este vem da mãe ou da vaca. Eu curto você assim: na acidez do hospital evangélico e de sua ala de queimados. Do cinza do HC e de seus bares metropolitanos. Eu viajo em Curitiba assim: como um curitibano em sua certeza de não ser o que é.

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