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segunda-feira, outubro 13, 2008

corpos


O som do silêncio da rua

O ronco do computador

Velhos xerox empilhados num canto

Como um prédio virando cortiço

Um bairro jogado as traças

Bilhetes perdidos na estante

Outros tantos guardados no armário

E uma carta de amor inacabada

Escrita em dezessete de maio

De dois mil e cinco

Este pulmão de sopros mofados

E de suspiros e apnéia do sono

Formam a respiração do meu quarto

Logo uma falta de ar me consome

As coisas me engolem e me cospem

Num só movimento

Trato delas como o asfalto

Trata seus pombos

Não as alimento direito

Esqueço de suas funções

Me esqueço dentro delas

E só lá pelas quatro, no escuro

Me esqueço dentro de mim.


Não quero que cheguem perto

Dos corpos que enterrei.

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