Insônia
Tenho sonhos com dor no estômago. Gástricos, líquidos, brasas de carne efervecendo no copo d'água do dia seguinte. Insistentes, meus sonhos pululam em purulentas contrações de resignação e olhar. Suspendem a dor da alma a um nível físico, sobrevivem no esgoto do espírito, incomodam a elite dos sistemas do corpo. Eles estão à espreita quando estou acordado, quando não se chamam mais "sonhos" e me desiludem ainda de manhã, numa única e total falta de anoitecer.