A humanidade do meu universo (para Fer)
Hoje à tarde eu sumi. Procurei-me pelas paredes, mas não me achava. Simplesmente sumi. Apesar de lhe ver curtindo lágrimas, apesar dos meus braços abraçarem as páginas do seu mundo, apesar da maresia do seu hálito, apesar de, em calda, o tempo escorrer em meus lábios: sumi. A culpa não é sua, eu um dia sumiria sem rastro de passos ou café passado na hora. Eu não ligaria o cérebro com as coisas de ligar o olhar, não desligaria a tv nas tardes de domingo, não consumiria o espelho nas noites sujas de depressão. Sumi e estou aqui, a espreita de mim. Escrevendo à revistas de variedades, morto a tiros da prata de meu próprio nome estampando na seção de cartas. Branco de desaparecimento. Pálido de transparência. Oco das máculas que um dia provaram os meus crimes contra a humanidade do meu universo.