.

quarta-feira, junho 15, 2005

chove!

a chuva me queimou depressa à noite.
cada pingo uma célula.
milhares de gotas desabam cada pedaço de sentido.
milhares de moças acodem o meu pedido.
sacodem a minha libido. e o meu corpo em círculos
(línguas, dialetos e bocas derramadas)
eram trovões de desgosto sussurrados em meus ouvidos.
eram moscas de todas as espécies procurando a minha carne.
era um massacre. a violência das nuvens me massacrava.
mastigava e me cuspia.
eu era a saliva de Deus a respingar nos arbustos.
eu era a chuva.
eu era a enchente e seu afogamento.
eu era Curitiba em dia de neblina, a minha capa era a rua XV inteira.
eu era a corrida no temporal. a minha vida corria no temporal. eu só gritava no temporal.
ninguém me escutava.
eu era definitivamente a chuva
e a sua falta de sono.

Dezoito Zero Um no Facebook

Arquivo do blog