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segunda-feira, abril 10, 2006

In my solitude...

Eu falo de uma loira
com um tribal tatuado no braço
a ouvir summertime
escorada num quadro da Billie Holiday
com um ar de arrogância
para os que não escutam
os longos improvisos da banda.
eu falo que ela bebia
algo transparente com limão
a propagar a cor da sua mão
a criar asas escuras
por entre as raras impressões de alívio
que o bar suspira entre uma canção e outra.
eu falo do seu olhar
e das estrelas mortas que ele carrega
um firmamento aquoso
onde bóiam as noites de solidão
(eu bebendo algo barato por ela
e formando uma família inteira
de versos parecidos com a gente).
eu falo desta que queima
a minha visão com a sua acidez
por que tudo que chapa é ácido
e as cores de uma beleza ácida
possuem vida própria.
eu falo desta mulher
com quem não quero conversar.
prefiro conhecê-la assim:
ouvindo summertime
escorado num quadro do Chet Baker
com um ar de arrogância
para os que não escutam
os longos improvisos da banda.

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