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terça-feira, março 21, 2006

sobre política (para Hannah Arendt)

a esquerda que eu conheci?
alcoólatras recalcados
que pelo jeito se deram muito mal na infância
invadindo espaços,
incomodando o que não é incomodável,
iludindo a vocação para otário
a esbravejar a palavra "revolucionário"
copiosamente, sem parar.
um clubinho de pessoas decadentes
a jogar um vôlei decadente
com as cabeças de figuras de direita
(que provavelmente estarão no poder nas próximas eleições).
se eu sou de esquerda?
sim, mas não da esquerda que eu conheci.

a direita que eu conheci?
uma fábrica de sabão neutro
pronta para implodir sujeira e restos
de gordura ideológica.
enfim, a pasteurização da hipocrisia.
uma fábrica de homens engravatados
com código de barras e três modalidades de fala:
"não fui eu", "não sei quem foi"
e "poderia me passar o adoçante?"
de direita eu nunca fui.

sobre a política?
a matemática da maquiagem.
a marcha fúnebre da plebe
em direção ao poço:
direita, esquerda, direita, esquerda
direita, esquerda, direita, esquerda...

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