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quinta-feira, julho 29, 2004

A mosca que masquei de sobremesa, a mesa posta para os gafanhotos do céu da boca, a plantação de sangue da minha língua, a terra molhada de lágrimas da minha retina, as unhas amarelas de tanto fumar, o sabor de húmus das ondulações do ar, o meu corpo se espreguiça ao torcer as porções nervosas que ainda não sentem, o umbigo mostra a língua para os que não me admiram, os besouros do fígado aplaudem o próximo gole, as minhas pernas não andam como pede as joaninhas dos coágulos do cérebro, as formigas que rodam as esquinas do estômago, a aorta vomita medo a todo instante, o jardim de fel das cozinhas dos rins, as nódoas das paredes do que ainda não aderiu, as corcovas de espanto do intestino grosso, a morada do escuro no meu corpo interno.

Encarei o avesso com álcool e pedi mais uma porção de aranhas para o jantar.

 

Depois de encarar o avesso, nenhum veneno em meu corpo conseguiu vingar.



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