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quarta-feira, outubro 03, 2007

Estou de volta

O diabo espera ser amado
Com maldades baratas
E eu com a minha carência calculada
Respiro o ar do ar condicionado
Com a ofegante pressa
Dos quase afogados dos prédios enrugados do centro
Fumando teorias em cafés da moda
Arrotando arrogância na cara fofa de egos inflados
Neste calor do inferno
Os que estão bêbados
Esperam ser amados
Roendo a unha da inconveniência
E da incompetência
Perdido na privada dos sentimentos artificiais
Dormindo no balcão do desprezo
Estou de volta
Caçando o amor
Com o arpão cego das bebidas alcoólicas
Com o flerte inconseqüente
De uma caneta bic
Arrasando casamentos no castelo do batel
Ou no clube curitibano
Criando universos em copos de plástico
Desbravando a caverna úmida
Dos cantos da Ilíada
Tomando uma última lata de cerveja quente
Aos pés da reitoria
Não, não volto com a carapuça recalcada de um centro acadêmico
De algo que tiraria a roupa e se mostraria podre
E falido
Meu panfleto é reciclado
Na máquina de moer conceitos
Dos decadentes devoradores de madrugadas inúteis
Dos postos de conveniência, altares iluminados por estações tubo
Estou de volta
Com uma foto 3X4 da cantora Maysa na carteira
Estou de volta
Com a minha fossa de fim de semana
Com o tédio violento a encurralar
Os corações adolescentes
No final da fatídica e previsível sessão da tarde
Eles esperam ser amados
Bitucas acesas na área transparente
De não-fumantes
Um bafo de ópio
Na cara de um atendente de telemarketing
Um gole de cicuta quente
Num canto higienizado do mc donald´s
Uma última declaração de amor
No jornal de domingo.

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