Não dê bandeira
Ah, o céu azul
Ah, as ondas do mar
Ah, o amor
Ah, a alma
Ah, que chatice
.
Blues Curitibano
sexta-feira, março 30, 2007
quinta-feira, março 29, 2007
E mais uma vez
acordo de ressaca e um poema do grande poeta Sergio Mello me bota um sorriso na cara minutos antes de eu tomar o meu habitual cafezinho ali na esquina. Porra, parece que o Sergio estava ontem comigo no final da noite e me viu cometendo uns poemas desesperados em guardanapos.
Álcool
há um problema sério com álcool na família
meu tio bebe
e assassina o cunhado
meu primo bebe
e assalta um posto de gasolina
eu bebo
e escrevo um poema
Sergio Mello
quarta-feira, março 28, 2007
Jogo limpo
Você só sabe criticar o verso alheio
Catando à tapa as amoras do quintal
E em festas badaladas traz no peito
A pedante munição do seu arsenal
Citações em grego, russo ou aramaico
Um buraco negro cheio de motivos
A vontade imbecil de ser o bom do bairro
A necessidade imensa de ser aplaudido
Vem, que eu quero te mostrar a minha vida
Vem, que eu quero com você um jogo limpo
Mostre as suas cartas de amor
Que eu mostro os meus bilhetes suicidas
Você só sabe criticar o verso alheio
Catando à tapa as amoras do quintal
E em festas badaladas traz no peito
A pedante munição do seu arsenal
Citações em grego, russo ou aramaico
Um buraco negro cheio de motivos
A vontade imbecil de ser o bom do bairro
A necessidade imensa de ser aplaudido
Vem, que eu quero te mostrar a minha vida
Vem, que eu quero com você um jogo limpo
Mostre as suas cartas de amor
Que eu mostro os meus bilhetes suicidas
terça-feira, março 27, 2007
domingo, março 25, 2007
Veja só
como a vida é. Acordo com uma ressaca filha da mãe, resolvo ler um poema com aquele intuito de receber algum sopro de inspiração de poeta marginal daqueles que ensinam copiosamente jovens da minha idade a beber uma quantidade ainda maior de álcool, e advinha o que acontece: eu de fato me inspiro. O problema é que quando a cadela aqui de casa começou a uivar...bateu uma ressaca moral, mas enfim, o poema é este:
A felicidade bate à minha jaula
cheguei em casa truculento
Estripei minha mulher
desossei meus filhos
taquei fogo nos vizinhos
não porque sou violento
mas por estar carente de carinho
acordei feliz e satisfeito
numa jaula cheia de companheiros
sem mulher, crianças e vizinhos
só com amor carinho e compreensão
guardas, grades, cães e carcereiros
aqui protegem do mal meu coração
Marcos Prado e Edson de Vulcanis
sábado, março 24, 2007
Mais uma do Henry
"Gosto de textos que fluem, sejam eles hieráticos, esotéricos, perversos, polimorfos ou unilaterais. Amo tudo que flui, tudo que tem em si tempo e transformação, que nos leva de volta para o princípio onde nunca há fim: a violência dos profetas, a obscenidade que é êxtase, a sabedoria do fanático, o padre com sua ladainha elástica, os palavrões da puta, o cuspe que passa na sarjeta, o leite do seio e o mel amargo que escorre do útero, tudo quanto é fluído, derretido, dissolvido e dissolvente, todo o pus e a sujeira que, ao fluir, purifica-se, que perde seu sentido de origem, que percorre o amplo circuito em direção à morte e à dissolução. O grande desejo incestuoso é continuar fluindo, unido com o tempo, fundir a grande imagem do além com o aqui e agora. Um desejo insensato e suicida, obstruído pelas palavras e paralisado pelo pensamento".
Henry Miller
sexta-feira, março 23, 2007
A Fossa Nova
Leiam a entrevista que eu concedi ao "jornal comunicação" da UFPR. Interessante... http://www.jornalcomunicacao.ufpr.br/node/537
Leiam a entrevista que eu concedi ao "jornal comunicação" da UFPR. Interessante... http://www.jornalcomunicacao.ufpr.br/node/537
O dia em que eu conheci o esquecimento
O esquecimento me abraçou.
Não pensei duas vezes
Antes de um dar um tapa
Nas suas costas:
Esqueci do final da tarde
Esqueci do final da garrafa
Esqueci do final da novela
Quando fui esquecê-la
Me senti incompleto
Um completo perdido
talvez eu não tenha entendido
a brincadeira do esquecimento
Ao me olhar no espelho partido
Eu já havia desaparecido
O esquecimento me abraçou.
Não pensei duas vezes
Antes de um dar um tapa
Nas suas costas:
Esqueci do final da tarde
Esqueci do final da garrafa
Esqueci do final da novela
Quando fui esquecê-la
Me senti incompleto
Um completo perdido
talvez eu não tenha entendido
a brincadeira do esquecimento
Ao me olhar no espelho partido
Eu já havia desaparecido
segunda-feira, março 19, 2007
Amanhã no Wonka - Porão Loquax - França lendo Bia de Luna
Recital de poemas da Bia de Luna! Uma lenda viva da poesia Curitibana! Naquele horário de sempre (11:30 da noite), entrada 1,99, no Wonka Bar (Trajano Reis, 326 - Fones - 3026.6272 : 3014.6252). E depois microfone aberto para a poesia da galera. APAREÇAM!
domingo, março 18, 2007
Letra escrita em cima de mais uma música do Octávio Camargo.
Beijo de tchau
A geada chegou
Soprando todo o fogo
O vento provocava a sua fala improvisada
A dor
Parando com o verbo o tempo
Congelando fragmentos do meu olhar
Um arranha-céu, os dedos do ar
Uma estrela que apagava num estalo
Eu sinto falta
Do seu silêncio
Você me oferecendo um cigarro
Num destes cafés do centro
Eu te decifrava e você me encontrava
Desfilando o seu andar lentamente
Te solucionava
E você a me entregar todo o mau
Guardado no cofre
Dentro da sua cabeça
Num beijo de tchau.
Beijo de tchau
A geada chegou
Soprando todo o fogo
O vento provocava a sua fala improvisada
A dor
Parando com o verbo o tempo
Congelando fragmentos do meu olhar
Um arranha-céu, os dedos do ar
Uma estrela que apagava num estalo
Eu sinto falta
Do seu silêncio
Você me oferecendo um cigarro
Num destes cafés do centro
Eu te decifrava e você me encontrava
Desfilando o seu andar lentamente
Te solucionava
E você a me entregar todo o mau
Guardado no cofre
Dentro da sua cabeça
Num beijo de tchau.
sábado, março 17, 2007
Bem interessante a entrevista que o poeta Rodrigo Garcia Lopes concedeu ao jornal Rascunho em 2004. Acho que a minha visão sobre o que acontece no cenário poético brasileiro hoje é mais ou menos essa:
"Algo que tenho observado em parte da poesia brasileira que tem sido publicada e em antologias recentes é que ela, com felizes exceções, está muito contida, chata, livresca, pedante, literária demais. Tem uma poesia conservadora, que não me interessa. Poetas jovens que escrevem como velhos, como se estivéssemos nos bons tempos do século 19, nos idos áureos da Semana de 22 ou mesmo na era concretista, como se nada tivesse acontecido depois.
Poesia do tipo:
Nas fímbrias dos furibundos vagalhões
Sois a Carrara da pele imaculada
Nos grotões onde repousa minha erma puberdade
Lembro-me de meu pai...
Ou destilações de Bandeira:
Quando eu era menino
Olhava com os olhos tristes para a velha samambaia...
Da janela do quarto, que dava para a Consolação,
e onde eu bebia café
Via o gatinho doente na varanda do vizinho
do lado de um pires vazio.
Como escreveu o poeta William Carlos Williams: “Arte ruim é aquela que não serve no contínuo serviço de limpar a linguagem de todas as fixações sobre usos mortos, mal-cheirosos do passado”. Por outro lado, muitas vezes também tenho a impressão de que poetas diferentes estão escrevendo um mesmo poema. Digo isso em relação a um tipo de poema curto, que muitas vezes são fragmentos de descrições estilizadas (geralmente da janela de um apartamento, com o poeta entre reproduções de Mondrian, tomando chá de camomila, lendo livros chatos e fazendo cara de inteligente). Para mim, esses poemas também escondem, sob uma pretensa “concisão”, uma falta danada do que dizer.
Poemas do tipo (estou inventando agora):
A avenca, à
janela
embora (caligramas),
outra
paisagem pousa
na palavra
glamífera.
Ou ainda:
O gato, quer dizer,
(embora nem tanto)
pisa pé,
ante pé (pétala)
enfim, quase um
triciclo quebrado,
búgulo pistilo, que
edulcorasse
por sobre o vermelho
(como num quadro de
Bacon), mas
a luz do poste
na testa, que,
aprés midi,
talvez, sei lá
etc.
Quando não temos diluições pioradas de um Manoel de Barros (também estou inventando agora), como:
Quando chove a barriga da formiga horizonta a tarde.
A lesma é versada em pedra de jardim.
A perna quando puxa tubarão não tem orelha.
E a manhã estruma na canga do poente.
Acho estes tipos de poesia chatas pra caramba. Concisão, em poesia, não deve ser tanto uma questão de quantidade, mas de qualidade de dizer. Esses “procedimentos”, “fraturas” e personificações geralmente mascaram um pensamento superficial, pobre de vida, sem viço. Afinal, poesia tem que dizer alguma coisa. Talvez no Brasil a própria poesia, enquanto discurso ou anti-discurso, esteja em crise. Talvez por ser um terreno valorativamente mais indefinível e movediço, infelizmente a poesia se presta a todo tipo de picaretagem e bobagem. Na narrativa é mais difícil: fica claro quando o cara sabe ou não contar uma história, que é o objetivo. Veja bem, cada um escreve como bem entender. Só estou dizendo que poemas como esses costumam me proporcionar, como leitor, viagens muito curtas e rasas".
Rodrigo Garcia Lopes
quer mais? http://estudiorealidade.blogspot.com/
sexta-feira, março 16, 2007
Recado para Jaques Brand
Caríssimo
Há um novo poeta na cidade
Do ano de 81 ou 82
Vamos nos reunir
Para acabar com o suprimento
De vodka e cigarros
É necessário um seqüestro
E um cativeiro de livros
É necessário papel e caneta
E um galão de nanquim
É necessário conhecer a função
Do fio vermelho e do azul
Ei, Jaques Brand
Vamos tomar um café ali no centro
15 minutos antes
De desarmarmos
A bomba atômica?
Caríssimo
Há um novo poeta na cidade
Do ano de 81 ou 82
Vamos nos reunir
Para acabar com o suprimento
De vodka e cigarros
É necessário um seqüestro
E um cativeiro de livros
É necessário papel e caneta
E um galão de nanquim
É necessário conhecer a função
Do fio vermelho e do azul
Ei, Jaques Brand
Vamos tomar um café ali no centro
15 minutos antes
De desarmarmos
A bomba atômica?
quarta-feira, março 14, 2007
França no teatro
Confirmado para dia 19 de abril (quinta-feira), às 21hs no mini-auditório do teatro Guaíra, a peça "Um Idiota de Presente", escrita e dirigida por mim. A peça conta com as atrizes Helena Portela e Verônica Rodrigues e terá 50 min de duração (quer dizer, mais ou menos isto). Confira o release do espetáculo:
Um Idiota de Presente
A peça “Um Idiota de Presente” conta a história de duas irmãs enfurnadas num apartamento do centro da cidade. Uma delas, Maria, vive em uma cadeira de rodas por opção, sempre afundada em livros, e a outra, Sônia, tem por obrigação manter a vida da irmã, pagar as contas da casa, fazer compras no supermercado e ainda por cima consertar um relacionamento com um homem que a abandonou grávida.
O conflito se dá quando Maria dá de presente à irmã um exemplar do livro “O Idiota” de Dostoievski. A partir daí uma trama de argumentos livrescos (de fontes que vão do próprio Dostoievski a Nietzsche) é posta em cheque quando Maria tenta convencer Sônia a matar o homem que a deixou. A pergunta que se faz durante toda peça é: Sônia ou o idiota do livro teriam a capacidade de matar?
“Um Idiota de Presente” é um texto-homenagem a um dos grandes escritores do século XIX, Fiódor Dostoievski. Cheio de referências a este autor, a peça, assim como a obra do escritor russo, levanta questões morais relacionadas à culpa, ao assassinato, à morte, e também existenciais relacionadas à solidão e ao abandono. Neste caso, a discussão principal é: até que ponto, conteúdos mal interpretados podem ser nocivos ao ser humano?
O conflito se dá quando Maria dá de presente à irmã um exemplar do livro “O Idiota” de Dostoievski. A partir daí uma trama de argumentos livrescos (de fontes que vão do próprio Dostoievski a Nietzsche) é posta em cheque quando Maria tenta convencer Sônia a matar o homem que a deixou. A pergunta que se faz durante toda peça é: Sônia ou o idiota do livro teriam a capacidade de matar?
“Um Idiota de Presente” é um texto-homenagem a um dos grandes escritores do século XIX, Fiódor Dostoievski. Cheio de referências a este autor, a peça, assim como a obra do escritor russo, levanta questões morais relacionadas à culpa, ao assassinato, à morte, e também existenciais relacionadas à solidão e ao abandono. Neste caso, a discussão principal é: até que ponto, conteúdos mal interpretados podem ser nocivos ao ser humano?
terça-feira, março 13, 2007
feminista
A água acabando no mundo
E eu pensando em matar a sede
Do sono a apertar as pálpebras
E eu pensando na mulher
Que poderia estar ao meu lado
Sonolenta e linda
Longe, bem longe da matilha sangrenta
De vaginas percorrendo a minha
Neurose-carnal-maníaco-depressiva:
São elas, com suas presas
Da marca Louis Vuitton
Mulheres agonizando solidão
Em suas caricaturas de beleza
Rastreando a grama do quintal
Da revista “casa e jardim”
Com sua sensibilidade de plástico
Sua falsa alma babaca e “sensível”
Seu hálito de cigarrilha
E sua resignação doméstica
Adaptado aos moldes
da publicidade contemporânea
Como radiações de um apocalipse
Rostos de manequins usados
Olhos de bonecas usadas
Como moeda de troca
Barbies envelhecendo
Em suas fantasias temáticas
Imagino uma só mulher
Que dormiria ao meu lado
Depois de um dia intenso
Vivido apenas por pessoas intensas
E não por impressoras de felicidade
Imagino uma mulher
Que finalmente decrete
O que é belo ou não
Em nossas vidas
A água acabando no mundo
E eu pensando em matar a sede
Do sono a apertar as pálpebras
E eu pensando na mulher
Que poderia estar ao meu lado
Sonolenta e linda
Longe, bem longe da matilha sangrenta
De vaginas percorrendo a minha
Neurose-carnal-maníaco-depressiva:
São elas, com suas presas
Da marca Louis Vuitton
Mulheres agonizando solidão
Em suas caricaturas de beleza
Rastreando a grama do quintal
Da revista “casa e jardim”
Com sua sensibilidade de plástico
Sua falsa alma babaca e “sensível”
Seu hálito de cigarrilha
E sua resignação doméstica
Adaptado aos moldes
da publicidade contemporânea
Como radiações de um apocalipse
Rostos de manequins usados
Olhos de bonecas usadas
Como moeda de troca
Barbies envelhecendo
Em suas fantasias temáticas
Imagino uma só mulher
Que dormiria ao meu lado
Depois de um dia intenso
Vivido apenas por pessoas intensas
E não por impressoras de felicidade
Imagino uma mulher
Que finalmente decrete
O que é belo ou não
Em nossas vidas
sexta-feira, março 09, 2007
terça-feira, março 06, 2007
Minha primeira parceria com a Claudete.
Ela lá (para a atriz Lala Schneider)
Ela se foi dormindo
Sem saber da sua morte vindo
Carregando os nossos sonhos
Ela dormiu sem saber que morria
Se entregou ao sono
Que a noite trouxe de consolo
Com a mesa de jantar
Comentou que o céu estrelava
Falar sobre estrela é difícil
Como é difícil o amor
Bate uma vontade irresistível
De juntar tanto afeto à dor
Mas um coração sempre sorrindo
Mesmo numa oração de luto
É a pulsação de uma platéia
Que de longe vê o azul do mundo
Lala se foi dormindo
Sem saber da sua morte e vida
Carregando os nossos sonhos
Ela dormiu sem saber que nascia
Alexandre França e Claudete Pereira Jorge
Ela lá (para a atriz Lala Schneider)
Ela se foi dormindo
Sem saber da sua morte vindo
Carregando os nossos sonhos
Ela dormiu sem saber que morria
Se entregou ao sono
Que a noite trouxe de consolo
Com a mesa de jantar
Comentou que o céu estrelava
Falar sobre estrela é difícil
Como é difícil o amor
Bate uma vontade irresistível
De juntar tanto afeto à dor
Mas um coração sempre sorrindo
Mesmo numa oração de luto
É a pulsação de uma platéia
Que de longe vê o azul do mundo
Lala se foi dormindo
Sem saber da sua morte e vida
Carregando os nossos sonhos
Ela dormiu sem saber que nascia
Alexandre França e Claudete Pereira Jorge
segunda-feira, março 05, 2007
Contratempo
Edições.
A idéia que mais me acalma:
Lançar uma nova edição
Dessa mesma velha alma.
Rayanne
Quer mais? Então entre no http://meucontratempo.blogspot.com/
Edições.
A idéia que mais me acalma:
Lançar uma nova edição
Dessa mesma velha alma.
Rayanne
Quer mais? Então entre no http://meucontratempo.blogspot.com/
domingo, março 04, 2007
Acordei um pouco violento
Transbordo a espuma dos assuntos
Fazendo a cabeça com cerveja quente
Amargamente importada
Em promoção na loja dos vícios
Pequeno-burgueses de sempre
Aqui, mandando socialmente
Para o porão do descrédito
Todas as partituras das canções
Que eu não toquei
Que não beijei e não vivi
Até que a morte os separe
Com o Lombardi de fundo
Ofertando um televisor de 24 polegadas
Ou a possibilidade imbecil
De ser milionário ou a possibilidade remota
De felicidade ou a possibilidade prática
De mudar o canal, de destruir a televisão
De montar uma coleção de discos de vinil
E de mandar o mundo calar a boca
Com um tiro de escopeta na tela
Transbordo a espuma dos assuntos
Fazendo a cabeça com cerveja quente
Amargamente importada
Em promoção na loja dos vícios
Pequeno-burgueses de sempre
Aqui, mandando socialmente
Para o porão do descrédito
Todas as partituras das canções
Que eu não toquei
Que não beijei e não vivi
Até que a morte os separe
Com o Lombardi de fundo
Ofertando um televisor de 24 polegadas
Ou a possibilidade imbecil
De ser milionário ou a possibilidade remota
De felicidade ou a possibilidade prática
De mudar o canal, de destruir a televisão
De montar uma coleção de discos de vinil
E de mandar o mundo calar a boca
Com um tiro de escopeta na tela
sábado, março 03, 2007
quinta-feira, março 01, 2007
E por falar em show do Chico em abril, uma amostra do calibre poético do grande cancioneiro.
Tempo e Artista
Imagino o artista num anfiteatro
Onde o tempo é a grande estrela
Vejo o tempo obrar a sua arte
Tendo o mesmo artista como tela
Modelando o artista ao seu feitio
O tempo, com seu lápis impreciso
Põe-lhe rugas ao redor da boca
Como contrapesos de um sorriso
Já vestindo a pele do artista
O tempo arrebata-lhe a garganta
O velho cantor subindo ao palco
Apenas abre a voz, e o tempo canta
Dança o tempo sem cessar, montando
O dorso do exausto bailarino
Trêmulo, o ator recita um drama
Que ainda está por ser escrito
No anfiteatro, sob o céu de estrelas
Um concerto eu imagino
Onde, num relance, o tempo alcance a glória
E o artista, o infinito
Chico Buarque
Tempo e Artista
Imagino o artista num anfiteatro
Onde o tempo é a grande estrela
Vejo o tempo obrar a sua arte
Tendo o mesmo artista como tela
Modelando o artista ao seu feitio
O tempo, com seu lápis impreciso
Põe-lhe rugas ao redor da boca
Como contrapesos de um sorriso
Já vestindo a pele do artista
O tempo arrebata-lhe a garganta
O velho cantor subindo ao palco
Apenas abre a voz, e o tempo canta
Dança o tempo sem cessar, montando
O dorso do exausto bailarino
Trêmulo, o ator recita um drama
Que ainda está por ser escrito
No anfiteatro, sob o céu de estrelas
Um concerto eu imagino
Onde, num relance, o tempo alcance a glória
E o artista, o infinito
Chico Buarque
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