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quinta-feira, dezembro 28, 2006

Último poema do ano (para Meilily)

Meu olhar de melancolia
Disparou com o óleo das lágrimas
Pelas paredes do largo da ordem
E ouviu as reclamações
Dos bêbados escorados nos
Tijolos mofados da pele
De um homem a declamar poemas
Meu olhar de melancolia
Borrou a maquiagem na
Garoa fina e pesada
Que o chumbo do céu nos provoca
E me deixou com um vazio no
Estômago quando sem grana
Pedi um pedaço de um
Prensado para um destes hippies
Que se dizia ator de teatro
Antes de ser por ideologia
Artista de rua
Meu olhar de melancolia
Deu tchau com a manga da blusa
Para o seu cheiro, para a sua pele
Para a sua voz, para o seu hálito
Quando lembrei que não era mais meu
O seu olhar melancólico

O meu olhar de melancolia
Fechou os seus olhos

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