Ao pegar como ponto de partida o tema da solidão, o poeta e compositor Alexandre França tece, em seu primeiro CD de canções, um painel da vida noturna, desde os seus personagens mais célebres, como a prostituta e o músico de bar (retratados nas músicas “Neurótico cantor de boteco” e “Ela”), até os seus coadjuvantes, como os estudantes universitários descritos na música “Reitoria”.
Com um estilo ácido e direto de escrever letras, Alexandre não perdoa os defeitos e manias de seus personagens, que acabam, através de um antilirismo, adquirindo contornos humanos bem próximos à realidade. Inspirado em compositores que vão de Lupicínio Rodrigues a Arrigo Barnabé, este cd é uma releitura contemporânea do tema “noite”, que foi tão recorrente na mpb do passado, e que hoje está praticamente esquecido.
Os arranjos do cd foram confeccionados para, no total, doze instrumentistas - dos sopros (trompete, trombone, clarinete, clarone), passando pelos instrumentos de base (bateria, percussão, piano, baixo, guitarra), até as cordas (violino, viola, violoncelo) - formando assim uma ampla gama de possibilidades e “cenas” sonoras, dando ainda uma cara orquestral para o trabalho.
“A solidão não mata, dá a idéia” conta com a produção musical e com os arranjos de Gilson Fukushima, guitarrista do Grupo Fato (um dos grupos mais importantes da cidade) e também com a participação de músicos de renome internacional, como Endrigo Bettega, Sérgio Albach, Sérgio Justen e Guilherme Romanelli. Há também a participação especial da atriz Claudete Pereira Jorge declamando um poema do autor.