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sábado, outubro 28, 2006

intimidação

já estou imaginando
o que se passa na cabeça
de uma pessoa como esta
na fila do cinema, atrás de mim
a me cutucar com o dedo indicador
até furar o tecido da pele
até incomodar os órgãos adormecidos do corpo
até provocar a minha ira nietzschiana
até que eu não durma à noite com medo
dos insetos que não foram convidados
para a festa silenciosa do meu sono.
ela deve pensar:
"ele me reconhece
ele me quer por perto,
ele sabe que gosta de mim"
daí eu me pergunto:
quem a quer por perto?
daí eu me respondo:
o mundo não é uma máquina de perguntar
eu não estou fazendo este poema
pra você nem pra ninguém
eu posso muito bem
não estar pensando em nada
neste exato instante
eu posso planejar o seu assassinato
mas eu não lhe dei esta intimidade

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