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sexta-feira, setembro 30, 2005

O deixar pra lá

Deixar pra lá é ficar íntegro
Ser flexível não tira pedaço.
Murchar é estar cheio de sementes.
Morrer é brotar.
Ter vontade é ter.
Ter demais é cair em tentação.

Assim, não vá por quem ataca,
mas por quem sabe deixar pra lá.
Este é o modelo do mundo.
Sem brilhar, não ofusca ninguém
e todos podem se guiar por sua luz.
Sem polemizar,
sua palavra, polén, vai mais longe.
Nunca conta vantagens,
mas é o avantajado entre os homens.

E como ele deixa pra lá
ninguém disputa com ele.
A graça das próprias coisas bem feitas
lhe rende homenagens.

Lao Tse

Do "Tao - O livro" (tradução de Alberto Centurião de Carvalho, Antonio Thadeu Wojciechowski e Roberto Prado)

quinta-feira, setembro 29, 2005

Sou vampiro também.

Vou carregar você a contra gosto para todos os lugares e desgostar dos lugares que sempre gostei de estar por que lá estará você me esperando com uma cara arrasada, maquiagem borrada, com mais uma daquelas declarações cafonas, com mais uma daquelas imitações baratas, com mais um daqueles artifícios óbvios, com aquela chupada. Vou garregar você para mais longe possível, levá-la a uma morte estranha junto comigo, transformar sua chatisse em ofício, dar uma lição aos mais jovens para que passem bem longe de pessoas como você. Vou carregá-la na minha biografia já manchada, matá-la a machadadas de palavras, muito embora continue ali grudada, se sentirá estrangulada, louca e desvairada, com a vagina vazando nadas, com o corpo suando cocaína, com a vida minada e tímida, você se arrependerá mesmo morta e fria. Vou carregá-la pelas profundas chagas do inferno, entre putas e camelôs de almas, entre mágicas e mandigas negras, entre drogas ainda não experimentadas, entre lésbicas sedentas, entre o sangue coagulado, entre tudo o que arrebenta. Vou carregá-la e vou forçá-la a tudo e você vai gostar e vai lamber até a última gota do meu branco e viscoso rancor vermelho. Você vai explodir de tanto me tomar. Você também transbordará este vazio vermelho. Eu vou carregar você só para que você também sofra. De verdade, sem enfeitar nada, sem enaltecer a dor com versinhos de donzela, sem porra de riminha burguesa. Você vai sentir de verdade o que é escrever e sofrer. É chegada a hora, meu bem: sofre, porra, você também!

quarta-feira, setembro 28, 2005


Esperando ligações no dia do show (muitas coisas ainda iriam acontecer)

Fui ao show e foi maravilhoso. Realmente não era para se ter outros planos ontem. Depois fui ao Torto, eu e Ivan Justen e Edson Vulcanis, e mais três pessoas que certamente irei conhecer melhor. Tentamos compor uma música, mas quem estava animado para tal feito era mesmo o Ivan e eu. Quero anunciar neste espaço que eu já terminei a música e é um samba estilo Monsueto, bem bacana...bem o clima de ontem mesmo. Valeu Thadeu pelas apresentações (aquela do Carlos Careqa - "O Thadeu já havia me falado de você", foi demais!). É a partir destas que a gente fica sabendo quem realmente se importa e acredita na gente...ah, sobre o post anterior: eu continuo esperado o telefonema da menina. Se ela não telefonar eu vou para a biblioteca conferir a mesa sobre tradução com o Koproski e com o Ivan. É isto.

Na boca de lambuja

Driblando o romantismo
Não mantendo a compostura
O nosso amor refuta o achismo
Picota a alta costura

Rasga o pano todo
Da mesa de sinuca
Passa o rodo na cara
de remela da suja garatuja

- Vamos trocar de coração
e espirrar o que sobrar
na boca de lambuja

Ivan Justen, Alexandre França e mais um pessoal que estava lá no bar

terça-feira, setembro 27, 2005

O imperdível show de Carlos Careqa hoje às 19:30

Obs número um: hoje tem show do Carlos Careqa. Obs número dois: eu vou, por enquanto. Obs número três: talvez eu o conheça pessoalmente. Obs número quatro: o talvez da obs anterior é um talvez bem talvez mesmo. Obs número cinco: sou um fã assumido deste grande compositor. Obs número seis: se certa pessoa que estou tentando falar há uma semana me convidar para ir para outro lugar...sem dúvida o Carlos Careqa ficará para próxima. Obs número sete: como eu sei que mulher não corre atrás de homem, portanto acho que (in) felizmente eu vou ao show.

segunda-feira, setembro 26, 2005

A grande farsa de um haikai (finalizado na festa da Rádio Caos na Grande Garagem que Grava)


Este verso não é bão
Nem aqui, nem na china
E muito menos no Japão


Alexandre França e Antonio Thadeu Wojciechowski

quarta-feira, setembro 14, 2005

para quem morre de amor a cada dia

Não amo ninguém

Eu ontem fui dormir todo encolhido
Agarrando uns quatro travesseiros
Chorando bem baixinho, bem baixinho, baby
Pra nem eu nem Deus ouvir
Fazendo festinha em mim mesmo
Como um neném, até dormir
Sonhei que eu caía do vigésimo andar
E não morria
Ganhava três milhões e meio de dólares
Na loteria
E você me dizia com a voz terna, cheia de malícia
Que me queria pra toda vida
Mal acordei, já dei de cara
Com a tua cara no porta-retrato
Não sei por que que de manhã
Toda manhã parece um parto
Quem sabe, depois de um tapa
Eu hoje vou matar essa charada
Se todo alguém que ama
Ama pra ser correspondido
Se todo alguém que eu amo
É como amar a lua inacessível
É que eu não amo ninguém
Não amo ninguém
Eu não amo ninguém, parece incrível
Não amo ninguém
E é só amor que eu respiro


(Cazuza / Roberto Frejat / Ezequiel Neves)

terça-feira, setembro 13, 2005

Memórias do Subsolo (do porão, do sótão, do antro, do buraco...)

"este flerte é um flerte fatal. este flerte é um flerte fatal. este flerte é um flerte fatal(...)"
(edgar escandurra)

segunda-feira, setembro 12, 2005

É...eu continuo apaixonado por certa pessoa.

Sou mesmo esta massa suja e doente jogada no seu colo. Não é à toa que me apaixono nos dias de chuva, em que você aparece e desaparece pela janela. Sou obrigado a ver através de telas e vitrines para descobrir você toda noite. Dia de chuva e eu aqui encharcado de versos infantis e apaixonados. Estou completamente usado, vou desligar a tv, sonhar com outros cenários e calcular a luz da minha escuridão de sempre. Sei gritar o seu nome para mim mesmo e isto basta: já compus poemas, joguei fora as bitucas de cigarro e limpei o cinzeiro de vaidades. Agora é a sua vez: desliga um pouco o seu mundo e deita um segundo aqui do meu lado.
Maratona Polaco da Barreirinha

E as entrevistas no blog do Thadeu não param. Desta vez a vítima é o poeta e tradutor Ivan Justen que conta um pouco a sua história para nós. Ok...se não me engano, todo domingo tem uma nova entrevista lá no Polaco da Barreirinha. Haja saliva e dedo para tanta conversa. de minha parte, estou adorando.

(visitem também o blog do Ivan, cujo link eu já disponibilizei logo ao lado)

terça-feira, setembro 06, 2005

ainda não tinha lido, mas li agora pouco e adorei a entrevista com o poeta Batista de Pilar no Polaco da Barreirinha. Vale a pena conferir!
a inutilidade da arte é igual a inutilidade de se ter nervos

domingo, setembro 04, 2005

sim: eu vou para o Era só o q faltava!

Estas pílulas vermelhas à minha frente me olham cada vez mais sérias e me pedem para que eu fique em casa, dê água para o cachorro e durma com os anjos. Mas não, prefiro respirar a poeira que a noite me impõe, pois é nela, somente nela, que as coisas não me olham com este diabólico olhar de analgésico. Nunca fui de comer barra de cereal, amamentar as tetas deste padrão estético filho da mãe. Faço do meu jeito e, em noites como esta, procuro até fugir um pouco de mim. Agora é o momento de sorrir para a câmera do umbigo, pegar o meu sobretudo e mandar ver.

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