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quarta-feira, agosto 31, 2005

é...a gente se arrepende de certas coisas


corre, pois a morte não precisa de pés para o alcançar
não espere o melhor momento, se atira de uma vez
o arrependimento é uma farsa de fato
e a dor de estar inerte é igual
a dor de um atropelado
sem roupa e sem dinheiro
estatelado na calçada
na esquina mais próxima
de um boteco recheado de vida e de vícios
deliciosamente mundanos.

terça-feira, agosto 23, 2005

Agradeço, neste espaço virtual, as pessoas que leram o meu livro novo e o elogiaram (que se fodam os que falaram na minha cara que ele é uma merda, fiz o melhor que pude). Nunca havia passado por isto e digo que é do caralho: pela primeira vez uma obra minha vendeu mais de duzentos exemplares. Ufa...quase que não dá para cobrir a edição.

segunda-feira, agosto 22, 2005

enquanto eu ouvia a Janis cantar Summertime

O gosto de metal parecia impregnar não só o céu da minha boca, mas também a língua e os dentes de trás. Senti aquela merda gelada e ácida nevar no meu estômago, e eu não tinha mais saída a não ser aguentar firme aquele efeito (que poderia muito bem durar as 12 horas inteiras). A Lika me olhou bem nos olhos e falou algo do tipo "você esta bem?" Antes que ela terminasse a frase toda, vomitei o tal metal que aos poucos tomava conta do meu corpo. No ar, o meu vômito adquiriu uma textura estrelada até bater no corpo da Lika, que sem avisar mudava de rosto. Ela tinha o rosto...de quem mesmo? Não importa, só sei que a beijei deseperado, enquanto o meu pau explodia a cada minuto. Será que ela percebeu que eu estava completamente alucinado? Quando acordei, a Lika engolia o meu pau de uma forma violenta. Capotei de novo. A última sensação que me veio a mente foi a do meu corpo sendo mastigado até o osso.

domingo, agosto 21, 2005

Drops

Li pela segunda vez o Ovo Escocês do Benvenuti e tenho que dizer: o livro é foda. Linguagem seca, relato cru e cínico até o gargalo. Ovo Escocês é uma ótima opção para noites como esta, quando falta bebida, mulher e boa música. Pena que o Lino's bar fechou, já que tem tudo a ver com o clima do livro. Teria o maior prazer de, timidamente (já que eu só fui uma vez no lugar), comemorar lá o termino da leitura.

Realmente está intragável a divulgação que a globo está fazendo do filme do Zezé di Camargo. Li uma coisa engraçadíssima no blog do Bortolloto à respeito, que vou reproduzir aqui.

"Não vi. Não sei se é verdade. Mas me contaram algo que só pode ser uma piada. Me disseram que na novela "América", o personagem de Marcos Frota estava indicando de maneira descarada, o filme "2 Filhos de Francisco" (o tal filme da dupla zezé di camargo e luciano que todos estão dizendo que é muuuuito bom. Não vi, não pretendo e já achei uma merda.), ele dizia algo do tipo : "Você tem que ver. É um filme que mostra nossas raízes, e etc, etc". Ele falava tudo sobre o filme, só faltou enumerar todo o circuito em que o filme está sendo apresentado. O detalhe é que o personagem de Marcos Frota na novela é cego. Isso é uma piada? Se for, a Gloria Perez subiu no meu conceito. Pelo menos, até o próximo copo".

sexta-feira, agosto 19, 2005

ando escrevendo contos, poemas, novelas e peças de teatro. ando compondo canções, blues on the rock's, cantando por aí afora. o que sou? na dúvida, me chamem de poeta.

segunda-feira, agosto 15, 2005

Mais uma letra para a banda Sexofone (já que eu não consegui mandar por e-mail...)

Meu coração é um chaveiro

Na política como no amor
não existe o feliz
existe o menos-triste

você me mostrou a dor
sorrindo como quem
conta o final de um filme

um crime contra
o meu mundo de esquerda
do nosso peito um coração de chaveiro
bate apressado um discurso mal feito
de muitas palavras, risadas compradas
chega de tanta conversa furada, amor
cale esta boca que eu berro.

na política como no amor
não existe um parceiro
mas um comandante

e hoje você esquentou
num fogão à lenha
a fúria do meu sangue

um crime contra
o meu mundo de esquerda
do nosso peito um coração de chaveiro
bate apressado um discurso mal feito
de muitas palavras, risadas compradas
chega de tanta conversa furada, amor
cale esta boca que eu berro.

quinta-feira, agosto 11, 2005

Mais um copo pro Leprevost

Queria que você estivesse aqui para ver
eu deitado no colo de uma prostituta nervosa
ouvindo o Cazuza cantar "vida louca, vida"
e achando que isto é poesia
Queria que você estivesse aqui para ver
o céu cada vez mais cinza
e a vida nada cor-de-rosa de um mendigo
relando em cada comentário de uma histérica moça que ameaçava se matar por mim
Queria que você estivesse aqui para ver
o café da padaria envenenado matando um bolo de gente
que não faria diferença nenhuma na minha estranha rotina.
Queria que você estivesse aqui para ver
eu cuspia no quartel e bebia mais um gole de cerveja
e saía com uma metralhadora de versos podres
e ganhava mais uma vez aquele mundinho de crianças indefesas.
Queria que você estivesse aqui para ver
eu demoli prédios
reconstrui sexos
instaurei a vergonha em festas chiques
gozei na cara de madames cinquentonas
fiz suas filhas me idolatrarem
fiz as pazes com a minha maldade
Queria que você estivesse aqui para ver
até lá não sei se já não terei esgotado
todas as possibilidades
não sei se ainda aguentarei esperar por você.

quarta-feira, agosto 10, 2005

Aniversário

Hoje é o meu aniversário e infelizmente estou com o meu sistema respirátorio completamente comprometido. Não bastou apenas a gripe que eu peguei na viagem para Parati e me veio esta de presente. Haja Redoxon, Resprin, Cataflan, suco de laranja, de limão e outra cositas mais. Para os que acharam que eu iria comemorar hoje lá no Ponto Final, aí vai a péssima notícia: não irei. Mas, contudo, todavia, se eu ficar melhor até sexta ou sábado, quem sabe, não é mesmo?

terça-feira, agosto 09, 2005

Sin City

Finalmente, ontem fui assistir ao Sin City no cinema. Foi a coisa mais genial que eu presenciei nos últimos cinco anos. Não se trata de um filme noir, na minha opinião, ou de uma reprodução infantilizada de algum herói dos gibis, mas sim de um "filme-quadrinho" desenhado através da crua personalidade ultra-realista dos traços de Frank Miller. Está tudo lá: as sombras laterais, as fantásticas mulheres, os renegados como heróis, a redenção como a única e preciosa catarse final. E a grande revolução está justamente aí, por mostrar num universo de gibi a podridão de um mundo cujas regras estão à mercê do mais poderoso. As prostitutas são respeitadas, pois todos sabem do que elas são capazes. Os heróis não têm exatamente super-poderes, mas sim "super-vontades". Eles são aqueles personagens mais velhos, que já se foderam um monte na vida e ainda penam no fogo de alguma doença cardíaca ou coisa que o valha.

Há todo um sistema de moral criado por Frank Miller nesta fascinante cidade do pecado. É como se fosse uma Ilíada moderna, na qual a batalha é o elemento centralizador dos reais problemas do ser-humano. Numa luta, por exemplo, não basta apenas matar e ganhar; tem de mutilar, arrasar e fazer engolir merda. Fazer com que o vilão sinta a dor de suas vítimas em todos os nervos do seu maldito corpo. É uma espécie de toma-lá-dá-cá generalizado.

A grande vantagem e mérito deste filme foram reconstituir o mundo de Miller com uma riqueza de detalhes impressionante. Visualmente, você se sente em outra dimensão, num mundo onde a cor só aparece quando é inevitável aparecer. Num mundo onde o pecado é onipresente, sendo que a única salvação está na vingança. Vamos esperar agora para ver se algum produtor lá de Hollywood tem a grande idéia de fazer um filme do Cavalheiro das Trevas, outra obra prima de Frank Miller.

segunda-feira, agosto 08, 2005

pois ainda estamos no inverno.

Eu já temia isto há algum tempo, mas nunca pensei que poderia acontecer tão cedo: estou ficando sem ter o que dizer. É impressionante como estou sentido a minha fonte secar aos poucos. Já sei das minhas fórmulas, procedimentos e outras manhas para preencher o papel. Pensei que fosse a bebida; não era. Falta de leitura, também não. A última opção que me veio a tona foi o fato de eu não me apaixonar há mais ou menos uns dois anos. Seria este o motivo? No fundo, hoje o que faço é principalmente uma cópia do que eu fazia antes. Escrever se tornou muito fácil e muito difícil ao mesmo tempo. Fácil, pois em poucos dias posso confeccionar um novo-velho-livro de poemas, como quem martela pregos numa construção. Difícil por que é raro quando a poesia realmente original dá as caras. Digo original diante de tudo aquilo que eu já fiz. Pollock se matou justamente por isto: não ter mais o que pintar. Podem me chamar de romântico, piega ou qualquer coisa assim, mas antigamente costumava escrever motivado por paixões: seja a paixão por uma guria, por uma cerveja, por um cigarro, por um momento que fosse. Agora escrevo para lembrar do quanto é bom escrever. É patético, eu sei, mas o que eu poderia fazer nesta entre safra, como diria o leminski, me suicidar ali e voltar? O que eu posso ainda dizer é que um homem que foge dos seus chavões é um homem que foge de si mesmo. Não, não estou falando de livros; estou falando de homens. Consegue entender a diferença? Depois que deixei de lado um pouco a minha vaidade, passei a não ter vergonha dos meus chavões. Não me levo mais a sério. Não escrevo poemas para poetas. Escrevo poemas para o mundo (é chavão sim, e qual é o problema?). O que hoje me resta é esperar esta maldita manhã passar, esta maldita tarde passar, pois à noite, pelo menos, eu irei beber uma cerveja e olhar para as coisas e imaginar que por pelo menos alguns segundos a poesia ainda flui em meu sangue.

domingo, agosto 07, 2005

esse vai para alguma guria fumante.

o olho da garrafa estilhaçava
a garganta que eu rasgava
para vê-la.
enquanto dava a última prega
à minha saga (bar, armada, saideira e cama)
roubava o cinzeiro das suas cinzas
fumadas na mesa.
pertenço muito ao seu pulmão
você me sopra o bico
para esfriar a manhã.
nas cordas vocais dos meus sonhos
ainda ouço a sua voz falar:
- te amo, meu bem, mas vai
diz que me ama.
Furos

Luiz Felipe sumiu, Thadeu tá dormindo, Koproski está em São José...seguinte, a gente não havia combinado um churrasco? Pelo jeito ficará para próxima.

Que a força esteja com você

Fui a uma oficina de poesia, a convite do Koproski que a estava ministrando e foi legal até. O único problema é que definitivamente, poetas em geral se levam a sério demais. Valeu por ter conhecido algumas figuras como o Rodrigo (pelo que eu pude perceber, um grande talento) e o Devanir, grande escritor de poesias de boteco. O mais chato, sem dúvida, foi um cara que eu apelidei de mestre Yoda, ou o Tinhorão da literatura brasileira. Nem é bom falar muito se não o mestre é capaz de sentir alguma má vibração na força.

quarta-feira, agosto 03, 2005

tchau

Acorda deste sono que eu lhe dei. Não vale a pena envenenar o corpo com estas pálpebras. Você nua em cima do sofá, esbravejando contra o cachorro, contra os quadros, contra os nossos planos infantis. O que ainda sinto é o aroma de nuvem da sua vulva, disto ainda tenho saudades, pois eu já esqueci de como eu me afogava na sua pele, nos seus seios, no seu colo. Veste de novo esta saia de vergonha. Você não merece beber estas fórmulas baratas de ternura. Se quiser, pode ir nua, mas não tome mais a minha bêbada amargura. Não beba o que os meus olhos não mais podem dar, amor. Eu já sequei todos os sabores da cama. Todos os fluídos do espírito. Eu já parei a chuva para que você possa voltar em paz.

terça-feira, agosto 02, 2005

Meu caro amigo Fernando Koproski deixou este recado para os ouvintes do Blues.


Caros amigos, convido-os para o lançamento de Essa loucura roubada que não desejo a ninguém a não ser a mim mesmo amém, antologia de poemas de Charles Bukowski editada pela 7 Letras. O evento ocorrerá no BAR SAL GROSSO, (Largo da Ordem, 59, ao lado do bar do alemão...) nesta QUINTA-FEIRA, dia 4 de Agosto, a partir das 19:00 horas. Conto com sua presença para celebrarmos juntos, com muita poesia esta homenagem ao velho BUK!

um abraço

Fernando Koproski

SOBRE O LIVRO: A editora 7 letras está lançando Essa loucura roubada que não desejo a ninguém a não ser a mim mesmo amém, antologia de poemas de Charles Bukowski em tradução de Fernando Koproski. Utilizando como fonte poemas selecionados de 11 livros do autor, o volume apresenta pela primeira vez em edição brasileira textos poéticos representativos dos temas mais freqüentes da poética bukowskiana no período de 1969 a 1999, permitindo uma avaliação precisa da instigante obra poética deste autor que no Brasil é mais conhecido como prosador.

SOBRE O AUTOR: Charles Bukowski nasceu em Andernach, Alemanha em 1920. Migrou para os Estados Unidos aos dois anos de idade. Estreou na poesia com Flower, fist and bestial wail em 1960, ao que se seguiram mais de vinte livros de poemas, além de coletâneas de contos e romances, tais como Cartas na rua, Factotum e Mulheres. Faleceu em 1994.

SOBRE O TRADUTOR: Fernando Koproski nasceu em Curitiba, em 1973. Bacharelou-se em Letras Inglês na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Publicou os livros de poemas: Manual de ver nuvens (1999), O livro de sonhos (1999), Tudo que não sei sobre o amor (2003), incluindo CD que apresenta leitura de poemas na voz do autor e temas musicais compostos por Luciano Romanelli, Como tornar-se azul em Curitiba (Kafka – edições baratas, 2004) e Pétalas, pálpebras e pressas, livro sobre poesia premiado com publicação pelo conselho de literatura da Secretaria de Cultura (Secretaria de Estado da Cultura/Imprensa Oficial do Estado, 2004). Participou de Passagens — antologia de poetas contemporâneos do Paraná, organizada por Ademir Demarchi em 2002. Ao lado de Paulo Sandrini é editor da Kafka – edições baratas, projeto editorial de produção de livros em formato pocket, o qual lançou O sorriso de Leonardo de Bárbara Lia, Tornozelos deitados de Luiz Felipe Leprevost e Toda mulher merece ser despida de Alexandre França, entre outros.

segunda-feira, agosto 01, 2005

Avisos vaidosos

1 - Não faço poesia para poetas...mas se quiser dar uma olhadinha no que escrevo, não tem problema.

2 - Alguém da banda Sexofone (Ângelo, Ciba ou Claudinho), por favor, preste atenção no post abaixo.

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