ops!
Alguém aí leu o post abaixo? Se leram, saibam que aquilo alí não era eu. Eu devia estar possuído por alguma força malígna engolidora de verdades, que geralmente age nas proximidades do Batel (ou, se for no Rio de Janeiro, Leblon, ou ainda, se for em São Paulo, Jardins). O fato é que ontem voltei bruscamente ao mundo dos tristes enfadonhos depois de ouvir uma simples e direta frase: "me diverti muito com você, França!". Não direi o autor deste verso a reboco, já que o considero muito (os dois: o verso e a pessoa que o declamou em meus ouvidos) e também sei que a pouca idade nos dá esta possibilidade de sermos cruéis numa dimensão diferente da do mundo dos adultos "felizes". Antes de jorrar mais um pouco de comida estragada, gostaria de tecer algumas breves considerações a respeito deste espaço. Considero este blog uma espécie de terapia, ou seja, eu entro aqui e falo o que EU quiser, quando EU bem entender e da maneira que EU quiser. Sim, este daqui é o lugar onde EU mais gosto de ser EU demasiadamente EU. Voltando ao ocorrido. Bom, estava nas proximidades da Reitoria quando aceitei ter com alguns bons amigos num bar chamado come-come. Papo vai, papo vem, quando de repente vejo brilhar os olhos daquela criatura (sim, aquela da frase em questão). Os olhos brilhavam tal como brilha a lataria de um opalão em dia de domingo, aquela pessoa estava prestes a me atropelar tão "sem querer" quanto um caminhão. Percebi aquele olhar, justamente pelo fato de já o tê-lo. Já incomodei e já fui muito incomodado na minha vida, muito embora o tenha feito com 13 ou 14 anos, diferentemente da figura, que já possui fartos 22 anos. "É França, você já beijou tal pessoa", entoava o gajo numa espécie de hino de moer o resto da minha noite. Ele repetia tal refrão tão exaustivamente que eu já não sabia nem do porquê da existência da linguagem, já que as pessoas poderiam se comunicar falando umas com as outras numa espécie de ode ao amor eterno: "Oi, você já beijou tal pessoa hoje? Sim e você já beijou? Quem, a tal pessoa?" e assim ad infinitum. A grande verdade é que eu estava pouco me fodendo se ele insinuava isto, ou seja, se eu beijei a tal pessoa. O que me incomodava era a vontade da criança me incomodar, a vontade de me ridicularizar, a vontade de me ver por baixo, a vontade de possuir vontade através do poder de foder com um semelhante (no caso, eu). O mais incrivel é que o guri possuia as mesmas táticas de guerrilha que eu, em minha época de piá. Assim, ele usava de tudo, desde do famoso "estou brincando, não é fulana?" que claro, é usado com uma testemunha de apoio tático (geralmente mulher, para causar maior impacto no alvo-masculino escolhido) . E a destruidora frase "admita, admita que você fez". Esta última frase merece um comentário especial pelo fenômeno que causa. Repare que quando a pessoa pede para você afirmar determinada coisa, ela o está pressionando de uma forma algoz, já que uma afirmação é definitiva quando falada em público. Ainda mais em uma mesa de bar com cinco pessoas, se tal frase for dita da maneira certa, um silêncio cortará o coração do atingido e o forçará a dizer, pelo simples fato deste silêncio-abismo entre ele e a platéia existir. Não gosto de hipócritas. Acho um golpe sujo a pessoa se utilizar , não desta última frase cortadora de cabeças, mas sim da primeira: "estou brincando...". Porra, admita que não está brincando e sim alimentando o seu maldito ego de infeliz e egoísta que todos somos. Admita que você está pouco se fodendo para o que o seu semelhante está sentido naquele momento. Jogue limpo. Bom, foi o que o meu "querido" adversário fez ao falar "me diverti muito com você, França". Enfim, foi o que eu NÃO fiz quando me questionaram "não vai pagar a conta?"