quebranto
Um pombo sussurrou no meu ouvido: "quer que eu cague nele"? Olhei pela janela, somente o desgraçado na rua. "Caga, se quiser" retruquei, "mas não deixa espirrar nos outros". "Não deixa esta merda espirrar no meu olhar, ein". Trinta segundos depois, o rapaz é atropelado pelo expresso. Fecho a janela do meu quarto, desato a escrever cartas para os meus poucos conhecidos: "matei uma pessoa, eu confesso e pago a minha pena". Saio para tomar um cafezinho ali na padaria da esquina. Antes de entrar, acendo um cigarro de filtro amarelo. Mais alguns segundos depois, sinto uma meleca esbranquiçada escorrer pela minha cabeça e um pio pio escancaradamente sarcástico: "ops, desculpe...sabe como é: como o cara morreu...eu não tinha mais onde cagar".