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terça-feira, agosto 17, 2004

caixa de e-mails de um tempo virtual

Você sabe que na minha cabeça
>você existe quando abre os meus sonhos com a boca?
>Pois o seu valor se revela para mim quando você abre alguma coisa
>sua:
>a sua boca
>o seu sorriso
>os seus olhos
>Eu gosto de falar de valor desta forma.
>Os diamantes não têm o mesmo valor depois que se aprende a beber.
>Eu tenho muito valor quando a bebo até a última poça de beleza.
>A curva que os seus olhos fazem depois da meia-noite abraça as
>minhas vontades, como o irmão abraça as dúvidas do mais novo,
>minutos antes deste dormir.
>O cigarro nas suas mãos será sempre uma batuta na mão de quem deseja
>orquestrar o agora.
>O seu corpo será sempre uma dúvida que eu abraçarei com cautela.
>O seu rosto será sempre uma certeza que eu abraçarei com violência.
>A violência de tipos como eu está em escrever como um cego que toca
>vorazmente as texturas de uma imagem que nunca será.
>A sua violência está em fazer-me melhor por me fazer acreditá-la.
>Por acreditar em quem fabrica imagens que serão.
>A minha amargura está na impressão de decepção que os olhos de um
>irmão mais velho às vezes traz.
>Acreditar em alguém é uma obra não acabada, assim como a solidão
>inventada pela dúvida é a não aceitação da obra.
>Perguntar demais estraga a pintura, assim como arrumar demais um
>poema maquia a poesia.
>Eu acredito em você como acredito que eu existo. O existir se revela
>na descoberta. O não existir se esconde em sentimentos ruins.
>Eu existo por que são em poucos que acredito, pois nas mãos da
>descoberta esta a flor do acreditar.
>A beleza da sua boca, dos seus olhos, do seu pescoço, do seu sorriso
>é egoísta quando quer me comover.
>Quando eu lhe queria, só um sabor de tempo derretido escorreu entre
>os meus dentes. A forma que o espaço impõe se encolheu sem o tempo
>com a sua fria forma sólida.
>Quando surrei o meu rosto com o meu capricho de tê-la para mim, só
>uma impressão de fim de guerra me ninou no final da luz.
>Você é linda até quando quer ser feia.
>Por enquanto eu me contento com está descoberta
>E existo.

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