Uma coisa para dar
para uma certa menina:
o banheiro do cinema.
Com uma placa na porta:
mulher grande em roupas de guri
que deixa existirem seus quadris.
Todos os dias, precisamente,
às onze e onze, portas trancadas,
se formaria um círculo
de moças delicadas
que mijariam
se ela deitasse,
vinda do barro
como a cerâmica ,
se quisesse.
Um batalhão , garotas de uniforme,
arrumaria o papel
na posição "correta"
ou eu faria, pra deixá-la certa
de que é amada sempre .
Várias minuciosas vezes.
Um lugar seu
no banheiro público
tão bem aceito
quanto as boas filhas,
mas ainda conquistado
pelo seu tempo de luta:
o dia banal, na rua, à luz,
comigo.
Sabrina Lopes
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