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sábado, junho 30, 2007

Mundo dopado

Ontem vivi um mundo dopado
Ao lembrar de você
Cactos disfarçados de magnólias
Feridas abrindo flores, pingando pétalas
E a história passando de bicicleta
Pela via rápida
Um éden sufocado pela redoma
Do suvenir de plástico em minhas mãos
Nevando numa casinha de madeira
Nuvens caindo em meus dedos como luvas
Um piano de brinquedo tocando uma sinfonia
As cores das frutas da feira
Na minha cabeça
No beijo na boca
Ontem vivi um mundo dopado
Ao lembrar de você
Cidades em caixas de fósforo
Chamas encarceradas no espírito
Um cara correndo milhares de quadras,
Atrás de uma mulher vestida de noiva
Concretizando o final de um filme
Transformando clichês hollywoodianos em
Universos paralelos
Ontem vivi um mundo dopado
Ao lembrar de você
Na rua uma floresta de notas barrocas
De vozes e vodka, de corpos abraçados
De olhos afogados
Pelo amanhecer
A retina vidrada, as mãos trêmulas, a mandíbula dura,
O estômago se liquefazendo, suspiros em bolhas de sabão
Eu ali deitado, quase morto, sobre um bafo
De ópio e ódio, vivendo o ontem e o antes de ontem
A espera de que hoje
Você me acordasse
Pra realidade.

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