Porão Loquax - Rodrigo Madeira
IMPERDÍVEL
Terça, dia 13 de fevereiro
Porão Loquax com Rodrigo Madeira, o vencedor do Concurso de Poesias Helena Kolody, categoria Paraná. Rodrigo estará apresentando, no Wonka Bar (que fica na Trajano Reis 326) os poemas que compõe o próximo lançamento Sol sem Pálpebras, com lançamento previsto para abril.
entrada R$1,99
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Às vezes o tempo dá umas boas risadas da nossa cara. Digo isto pelo imenso prazer de escrever sobre o livro do poeta Rodrigo Madeira. Poxa tempo, eu é que deveria pedir ao Rodrigo para escrever qualquer impressão sobre algum poema meu! Já que é ele quem faz a poesia que pode nascer “menino Jesus” ou “bebê de rosemary”. Ele que, ainda criança, matou o Leminski no bar Stuart, numa tarde cinzenta desta cidade de chumbo chamada Curitiba. Ele que entende tão bem o gosto das damas da noite na boate Gato Preto, sentindo um sabor ácido de bateria usada na ponta da língua. Ele que fala sobre um amor que nunca ouvirá as suas palavras, mas que ainda sim subsiste “no fundo do peito, no canto da razão, no canteiro de pêlos”. Digo isto sem exagero nenhum e mais: o ritmo cortado e denso dos poemas parece sussurrar significados em minha cabeça, como se aqueles versos fossem as últimas palavras de um doente terminal, de alguma tarde fria da nossa tímida terra “e muitos de vós nunca se abriram, dominicais, em programas de auditório”. Há poemas ainda que provocam uma espécie de “ressaca moral”, um soco no estômago rompendo artérias de realidade, como no poema “favela”: “cedinho, três cadáveres assistem à televisão”.É por estas e por muitas outras (que o leitor terá o prazer de conferir) que o tempo é mesmo um sacana: no final do livro, Rodrigo ainda dá uma lição aos muitos candidatos a gênio da literatura, que infestam o intestino da nossa cultura: “eu não escrevo para ficar, meu amor, escrevo para ir embora”. O tempo, Rodrigo, que agora ri da nossa cara, sem dúvida o entende.