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quarta-feira, novembro 08, 2006

gripe II

entre
o emparedamento
de prédios partidos,
depredados e pichados.
entre
o guarda-roupa mofado
e úmido.
entre
livros velhos,
desfolhados, despetalados,
grifados com caneta piloto.
Eu ouço a minha música,
a melodia líquida
da minha circulação
e escuto a rua
aplaudir com seus apitos,
gritos e gestos
o réquiem rouco que dedilho
em poucos acordes azuis
derramados do meu umbigo.
Por dormir neste asfalto,
por deixar mensagens de amor neste asfalto,
por ser assaltado neste asfalto,
eu percorro o cárcere
dos órgãos do meu corpo
e o que eu encontro é o sol
cinza.
Estou suado
e com vontade de mergulhar neste asfalto.
Estou vazio
e com vontade
de que alguém
mergulhe em mim.

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