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sexta-feira, dezembro 16, 2005

minutos antes

enquanto você suava o olhar
cansado de deter o espírito
eu deitava o rosto em seu peito
e com os dedos secava o que derretia de amor

minutos antes estávamos inquietos
eu sobre o seu corpo
você sobre o meu
encaixados, moucos como descargas elétricas
como bestas a procura de sanar a sede da alma

minutos antes experimentávamos
na escuridão das pálpebras
os nossos gemidos, como doces escondidos
em armários secretos.
Eu, com a língua,
roubava as pintas de sua pele.
você, com as unhas
abria caminhos em minhas costas

minutos antes não sabíamos
o que era este ardor
e agora dormimos abraçados
como o caule e a casca
alimentando no sonho a idéia de amar
em todos os minutos deste andor
e em todos os espaços desta casa.

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