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quarta-feira, janeiro 26, 2005

Para Luiz Felipe Leprevost

A sua alma depende de muitas máscaras para me assustar. Quando sua pele descasca e decalca a esperança de livrar-se de mim é que reconheço um colo de amizade em seu olhar. Ao beber gole por gole do seu porre, duvido de mim e ponho um ou dois versos a chorar (a desperdiçar tinta preta nos afluentes da ressaca, no arquivo morto da vida). Vaidoso como o poeta que já nasceu póstumo, tem a sagacidade de um aposentado ranzinza na mesa do bar (mas sem as rugas, sem rancores ou culpas no falar). Você é um na mesa, outro na cadeira, outro ainda no chão. Você é um tufão de excentricidades inconseqüentes. Você, sem querer, mede as conseqüências. O mundo, sem querer, o respeita. Você é você em todos os seus personagens:

talvez, por isto seja impossível o imitar.

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