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Blues Curitibano
domingo, maio 20, 2012
desejo de invenção
Fazer na literatura um pouco o que Schönberg, por exemplo, fez na música - a cada trecho, uma arquitetura de linguagem diferente. Indicar, ou melhor, proporcionar ao leitor uma sensação de se estar desbravando outros mundos a cada final de frase. Sugerir o que é próprio da nossa natureza - a vontade de invenção. Indicar o caminho da inventividade, e não da moral estabelecida do começo ao fim, e não da conclusão absoluta, e não do final unilateral, e não da estetização imóvel da condição humana. Queimar os retratos mofados da sua cabeça. Buscar o buraco-negro do paradoxo. Não compactuar com os sistemas já estabelecidos. Indefinir o mundo de que se está falando - colidir mundos inventados e que estão para ser inventados (ou seja, arquiteturas e estratégias de linguagem diferentes) para, com o colapso total, mostrar ao leitor que ele também é capaz de mais - que a destruição também gera invenção. Mostrar ao leitor (ao espectador também) que ele, JUNTO com o autor, é capaz de mais. Inflar a vontade do leitor com desejos de invenção. Fazer da literatura um libelo amorfo a favor da invenção constante.
sexta-feira, maio 18, 2012
sexta-feira, maio 11, 2012
quarta-feira, maio 09, 2012
A precisão artística de Luiz Felipe Leprevost.
O acaso, com a sua sabedoria torta, me indicou na cabeça do Leprevost para escrever esta apresentação. Nunca o acaso fez tanto sentido para mim. Ganhei de presente uma oportunidade real para falar justamente aquilo que sempre pensei de um amigo e nunca tive muita coragem para falar na sua cara. Salve a folha em branco e a caneta! Então, vamos em frente. Fui tomado de uma aguda emoção (interna, é claro, pois sou uma pessoa deveras orgulhosa para chorar na frente do Luiz Felipe) nas últimas apresentações deste artista genial. Eis os motivos: conheço a tragetória do Felipão como ninguém e sei que aqueles recursos todos apresentados para o público custou muito para o poeta-maior/inventor do estilo breganejo-experimental. Digo isto também pelo fato de estar há tanto tempo lutando no campo da composição para desenvolver uma obra, no mínimo, relevante – estudando, lendo e vendo as “novidades” do mundo contemporâneo. Leprevost é, de fato, algo novo (com os muitos sentidos que a palavra “novo” pode ter). Ele está sim no campo da alteridade artística, tão sonhada por candidatos a artistas do mundo inteiro. Salve Eugênio Fim que veio complementar de forma brilhante a arte nova deste grande artista (e, de certa forma, materializar o antigo sonho do poeta de ser um verdadeiro front man dos palcos brasileiros). Pois bem, Luiz Felipe estudou teatro no Rio de Janeiro e teve contato com toda a sorte de aventureiros, talentosos e entusiastas artísticos, em uma cidade que é celebrativa por natureza. Graças a deus, o Luiz foi influenciado pelo descabimento carioca. Ainda se infiltrou, na cara-de-pau, nos círculos de intelectuais curitibanos, ouvindo, falando e debatendo com pessoas como Octavio Camargo, Jaques Brand, Ulisses Galetto, Alexandre Nero e Antonio Thadeu Wojciechowski. Graças ao bom exu, Luiz Felipe Leprevost não teve medo algum de misturar, triturar, mastigar, engolir e vomitar as suas milhares de influências, tanto artísticas quanto vitais. Sua dança, uma mistura inusitada de Mick Jagger, Arnaldo Antunes e Kazuo Ohno, é feita com uma fé cênica tão potente que chego a acreditar que “este é o verdadeiro modo de se movimentar do poeta”. Sua voz, volumosa como seu corpo, nos abraça e nos agride a cada sutil movimentação amorosa de suas canções. Há uma doçura espontânea no trato com o público. Os mais sensíveis reagem e celebram a arte solar do velho Luiz Felipe de guerra. Os mais desconfiados, saem com uma certa aversão, como se alí se deparassem com um verdadeiro corpo sem orgãos deleziano. Mas a gente poderia se perguntar: como um rapaz de classe média alta, que já cogitou viver da advocacia, entre os clubes sociais dos então abonados curitibanos, chegou a um nível artístico de excelência, na contramão dos que torcem contra, dentro da lógica autofágica-curitibana? É que Luiz Felipe nunca escondeu suas origens – ou melhor, nunca escondeu quem ele é. Com uma leveza-pesadíssima, Leprevost expõe, em toda obra apresentada, suas entranhas – o patético, o lúdico, o fofo, o escatológico, o apaixonado, o rancoroso, o invejoso, o gentil, o humilde, o hipócrita, o mentiroso, o verdadeiro, o escandaloso, o pervetido, o apolíneo, o dionisíaco, o psicopata, o sociopata, o protegido, o protetor, etc, etc, etc. Mas ele não faz isto de maneira desleixada. Quando falamos em Luiz Felipe Leprevost, não estamos falando de “qualquer nota” destiladas aos borbotões pelas gigues musicais dos diversos refúgios boêmios da cidade. Ao atravessarmos a superfície poluida de sua obra, encontramos uma precisão austera de arquiteturas e sistemas artísticos desenvolvidos com muito suor e empenho. Por fim, considero a obra de Leprevost uma bela metáfora do funcionamento da vida – por trás de tanta carnificina de fatos, de tempo e espaço enviesados, encontramos alí resguardada a condição humana: tão perfeita quanto preenchida de imperfeição.
(Alexandre França - Curitiba, 26 de abril de 2012)
sábado, maio 05, 2012
sobre a habitação do demônio
Quem conhece o demônio
sabe
que ele só existe
e só conseguirá existir
dentro de um lugar
chamado LINGUAGEM.
sabe
que ele só existe
e só conseguirá existir
dentro de um lugar
chamado LINGUAGEM.
sexta-feira, maio 04, 2012
Saliva - Cena 4
O texto desta parte da peça, você encontra nesta postagem
http://www.alexandrefranca.blogspot.com.br/2012/04/trecho-da-peca-saliva.html
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