Tomar uma decisão
já é inventar
um novo
eu
.
Blues Curitibano
sábado, abril 28, 2012
Trecho da peça Saliva
Eu
Eu-agora
Eu-segundo
Eu-partícula
Ventania
Mulher-casa-filho
Ventania
Soma-soma-soma
Ventania
Um raio-agora
Eu-sozinho-agora
Partícula que entra pelo nariz-partícula e subtrai a célula
do segundo-ontem
Você-minuto-raio-corte-cataclisma
Um soco-azul no céu frouxo das lamentações
Um eu-caído-nada-tudo
Tempestuosidade
Família-agora
Família-ontem
Partícula-nômade
As construções inabaláveis de uma rotina
Rotina-partícula
Que derruba insetos
Que derruba a fauna
Que derruba árvores
Que move planetas-partículas
No infinito grão do velho-cosmos-novo
Entender-desentender
No entrar do coisa-alguma
Dentro do casulo semovente
Da vida-incerto-inseto
No seio-seio da origem inexistente
Olhar-piscar
o movimento lento do nascimento
Partícula-vagina
Mastigando-vomitando
O ser que fala-cala pra platéia que escuta-esquece a
boca-oca de tudo aquilo que não quer real
Partícula-realmente
No cérebro-mouco
Dos ouvintes dos ouvires dos oblivions-lumes
A lava
No estrangeiro gole
De saliva
Rasgo-pai rasgo-mãe
Na casa-revista-infância
Brinquedos e cores
Lápis-lasuli-sangue
Ferimento agulha e raiva
No instante-partícula
Aprendo a esquecer
No rapto-rato de memória
Da estalagem-sombra da raspagem-manha da contagem-estranha
De ponto-partículas
A conivência-convivência
Perpendicular aos momentâneos
Não há infância
Só a ância e a hiancia dos buracos sulcos marcas esquecidas
desaparecidas apagadas
Com a mão branca
Do acaso
Ela
Ela-agora
Ela-segundo
Ela-partícula
Ela-elas
A deslizar pelas células enrugadas
do passado-sonho
do desejo meu
Se por ventura eu existar
No encontro impossível
Da partícula-livre com
A partícula-controle
Se me afogar na saliva-agora
do movimento estranho
Do impossível?
Onde posso parar?
Como a água que suga
O percurso reto
Da corrente-alguma
Ando tortuosamente
Sou o próximo estranho de mim
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