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domingo, dezembro 16, 2012

Dia 18 de dezembro

APAREÇAM!

quarta-feira, novembro 14, 2012

INVERNO (Alexandre França)


Ando a passos largos pela rua
Lembro que um dia estive lá
No inverno dentro da sua cabeça
Sinto sua temperatura baixa
O calor que era te esquentar
O sol com seu olhar cinza de pedra
E agora que tocou a nossa música
Eu tenho que tirar você para dançar
O nosso amor anunciou
A outra estação da nossa vida

Num porta-moedas vejo a foto
Três por quatro do seu rg
Da identidade que jogamos fora
O semblante sério do seu rosto
Imortalizado sem querer
Ficou no fundo falso da memória
E agora não me importa mais
Se chove aqui
Eu tenho que tirar
Você para dançar
O nosso amor anunciou
A outra estação da nossa vida

Mesmo que ninguém mais faça planos
Mesmo que a paixão não seja mais
A moda entre os casais da minha idade
Solitariamente nos beijamos
Solitariamente eu vou atrás
Daquilo que te traz felicidade
E agora que a noite enfim nos escondeu
Eu tenho que tirar
Você para dançar
O nosso amor anunciou
A outra estação da nossa vida.

CLIQUE AQUI PARA ESCUTAR A CANÇÃO http://youtu.be/oqeLn43LhwM

terça-feira, outubro 30, 2012

Clipe novo da canção Inverno! Com Davi Sartori no piano e participação especial de Loa Campos. Apareça!

segunda-feira, julho 02, 2012

O ritual e a sua legião de rituais.

Como disse a genial Juliana Galdino para mim logo na entrada do Club Noir, “o teatro é mais real do que a vida, você sabe disso, né?” A frase, com sua sonoridade incrível, pareceu me acompanhar durante toda a peça “as suplicantes”, tragédia de Ésquilo com direção de Roberto Alvim, que esteve em cartaz em São Paulo. Juliana me deu a pista que eu precisava: o “real” de fora do teatro – pelo menos naquele momento (com sua praticidade comesinha) - , na verdade, era a fachada de uma legião de rituais-mais-reais-do-que-a-vida colocados dentro da estrutura geométrica, própria de um ritual pagão, armada no palco. Mais do que mostrar que uma pessoa pode ter uma legião dentro de si, Alvim, nesta peça, nos mostra que um real pode ter uma legião de reais por dentro a comprometer a estruturação lógica de tempo e espaço, implicando/convidando o espectador a entrar numa zona de alta periculosidade “mais real do que a própria vida”. E como ele faz isto? Seria tolo e desumano tentar desvendar os mistérios que fazem de “as suplicantes” o espetáculo genial que é. Mas, alguns apontamentos estão atiçando os meus dedos nicotinados a dançar pelo teclado deste velho laptop (ainda mais agora que estou de volta a Curitiba). Alvim, junto com os atores, cria uma paleta de cores sonoras (falo isto da voz – a peça é feita em comunhão com o silêncio – momento sagrado de um ritual) que apontam sempre para um espaço do não-conhecido. Eu digo “apontam” justamente pelo fato de que o conhecido (que é tocado sutilmente por texturas vocais muito bem costuradas e pelo modo como o texto foi tratado) é o receptáculo necessário para a compreensão destes novos reais que a peça nos proporciona. Não esperem, aqui, a lógica da surpresa que, em muitos espetáculos, é a bússola reconfortante para a platéia. Em “as suplicantes” não há aquelas surpresas apatetadas típicas de um jogo infantil de esconde-esconde que muita gente adulta adora ver em teatro. Aqui, como num verdadeiro templo, temos a instauração completa de um novo território (neste caso, volto a dizer – um real contendo uma legião de reais). E isto não tem a ver com surpreender, mas sim com instaurar (neste sentido, a peça é muito mais um convite do que uma imposição hipnótica de comportamentos – neste sentido, também, a peça precisa mais do que nunca do público para “funcionar”). Os ruídos e tensões causadas pelo modo dos atores falarem o texto e, sobretudo, pelo modo como estas falas se chocam umas com as outras – às vezes repetidas em diferentes posições deste mapa existencial greco-noir - parece nos colocar sempre em uma nova perspectiva – como no lento movimento de um caleidoscópio. A legião de mulheres representadas pela excelente Paula Spinelli, nos parece, em determinado momento nos colocar frente a pulsões atávicas da nossa condição. E em outros nos posiciona bem no meio de uma selva escura de terras desconhecidas. O coro grego, então, ganha uma dimensão demoníaca. Pureza e castidade são deturpadas em função de uma nova lógica de funcionamento existencial – a lógica da multidão ordenada, ou melhor, desenhada. O tom etéreo evocado pelo ator Ricardo Grasson adquire, por exemplo, novas cores durante a peça. O significado das lágrimas é distorcido – um novo jeito de olhar o mundo nos é dado de presente. Por fim, o buraco negro. A sucção deste novo real mais-real-do-que-a-vida. O fluxo de subjetividades a nos sugar para outro universo. O portal muro branco buraco negro. Num só rosto de mulher. Somos tragados pelas infinitas suplicantes que existem naquele rosto vazado de negro. E algo no desenho abstrato da nossa própria vida parece mudar – definitivamente.

segunda-feira, junho 25, 2012

Existência

nossa existência é isto
somos deuses com as roupas de um final de domingo.
um garoto que se perde deliberadamente da mãe.
o espaço onde um dia viveu a civilização asteca
a retrospectiva 2012 e todas as outras retrospectivas
... que já esquecemos
a nossa falta de meta e a nossa próxima parada
a morte escrevendo uma parte da criação.
uma única e infinita explosão
sem qualquer compromisso com a verdade.

domingo, maio 20, 2012

desejo de invenção

Fazer na literatura um pouco o que Schönberg, por exemplo, fez na música - a cada trecho, uma arquitetura de linguagem diferente. Indicar, ou melhor, proporcionar ao leitor uma sensação de se estar desbravando outros mundos a cada final de frase. Sugerir o que é próprio da nossa natureza - a vontade de invenção. Indicar o caminho da inventividade, e não da moral estabelecida do começo ao fim, e não da conclusão absoluta, e não do final unilateral, e não da estetização imóvel da condição humana. Queimar os retratos mofados da sua cabeça. Buscar o buraco-negro do paradoxo. Não compactuar com os sistemas já estabelecidos. Indefinir o mundo de que se está falando - colidir mundos inventados e que estão para ser inventados (ou seja, arquiteturas e estratégias de linguagem diferentes) para, com o colapso total, mostrar ao leitor que ele também é capaz de mais - que a destruição também gera invenção. Mostrar ao leitor (ao espectador também) que ele, JUNTO com o autor, é capaz de mais. Inflar a vontade do leitor com desejos de invenção. Fazer da literatura um libelo amorfo a favor da invenção constante.

sexta-feira, maio 18, 2012

memória

Carregamos a memória da existência.

sexta-feira, maio 11, 2012

Cena da peça Mínimo Contato

quarta-feira, maio 09, 2012

A precisão artística de Luiz Felipe Leprevost.

O acaso, com a sua sabedoria torta, me indicou na cabeça do Leprevost para escrever esta apresentação. Nunca o acaso fez tanto sentido para mim. Ganhei de presente uma oportunidade real para falar justamente aquilo que sempre pensei de um amigo e nunca tive muita coragem para falar na sua cara. Salve a folha em branco e a caneta! Então, vamos em frente. Fui tomado de uma aguda emoção (interna, é claro, pois sou uma pessoa deveras orgulhosa para chorar na frente do Luiz Felipe) nas últimas apresentações deste artista genial. Eis os motivos: conheço a tragetória do Felipão como ninguém e sei que aqueles recursos todos apresentados para o público custou muito para o poeta-maior/inventor do estilo breganejo-experimental. Digo isto também pelo fato de estar há tanto tempo lutando no campo da composição para desenvolver uma obra, no mínimo, relevante – estudando, lendo e vendo as “novidades” do mundo contemporâneo. Leprevost é, de fato, algo novo (com os muitos sentidos que a palavra “novo” pode ter). Ele está sim no campo da alteridade artística, tão sonhada por candidatos a artistas do mundo inteiro. Salve Eugênio Fim que veio complementar de forma brilhante a arte nova deste grande artista (e, de certa forma, materializar o antigo sonho do poeta de ser um verdadeiro front man dos palcos brasileiros). Pois bem, Luiz Felipe estudou teatro no Rio de Janeiro e teve contato com toda a sorte de aventureiros, talentosos e entusiastas artísticos, em uma cidade que é celebrativa por natureza. Graças a deus, o Luiz foi influenciado pelo descabimento carioca. Ainda se infiltrou, na cara-de-pau, nos círculos de intelectuais curitibanos, ouvindo, falando e debatendo com pessoas como Octavio Camargo, Jaques Brand, Ulisses Galetto, Alexandre Nero e Antonio Thadeu Wojciechowski. Graças ao bom exu, Luiz Felipe Leprevost não teve medo algum de misturar, triturar, mastigar, engolir e vomitar as suas milhares de influências, tanto artísticas quanto vitais. Sua dança, uma mistura inusitada de Mick Jagger, Arnaldo Antunes e Kazuo Ohno, é feita com uma fé cênica tão potente que chego a acreditar que “este é o verdadeiro modo de se movimentar do poeta”. Sua voz, volumosa como seu corpo, nos abraça e nos agride a cada sutil movimentação amorosa de suas canções. Há uma doçura espontânea no trato com o público. Os mais sensíveis reagem e celebram a arte solar do velho Luiz Felipe de guerra. Os mais desconfiados, saem com uma certa aversão, como se alí se deparassem com um verdadeiro corpo sem orgãos deleziano. Mas a gente poderia se perguntar: como um rapaz de classe média alta, que já cogitou viver da advocacia, entre os clubes sociais dos então abonados curitibanos, chegou a um nível artístico de excelência, na contramão dos que torcem contra, dentro da lógica autofágica-curitibana? É que Luiz Felipe nunca escondeu suas origens – ou melhor, nunca escondeu quem ele é. Com uma leveza-pesadíssima, Leprevost expõe, em toda obra apresentada, suas entranhas – o patético, o lúdico, o fofo, o escatológico, o apaixonado, o rancoroso, o invejoso, o gentil, o humilde, o hipócrita, o mentiroso, o verdadeiro, o escandaloso, o pervetido, o apolíneo, o dionisíaco, o psicopata, o sociopata, o protegido, o protetor, etc, etc, etc. Mas ele não faz isto de maneira desleixada. Quando falamos em Luiz Felipe Leprevost, não estamos falando de “qualquer nota” destiladas aos borbotões pelas gigues musicais dos diversos refúgios boêmios da cidade. Ao atravessarmos a superfície poluida de sua obra, encontramos uma precisão austera de arquiteturas e sistemas artísticos desenvolvidos com muito suor e empenho. Por fim, considero a obra de Leprevost uma bela metáfora do funcionamento da vida – por trás de tanta carnificina de fatos, de tempo e espaço enviesados, encontramos alí resguardada a condição humana: tão perfeita quanto preenchida de imperfeição.
(Alexandre França - Curitiba, 26 de abril de 2012)

sábado, maio 05, 2012

sobre a habitação do demônio

Quem conhece o demônio
sabe
que ele só existe
e só conseguirá existir
dentro de um lugar
chamado LINGUAGEM.

sexta-feira, maio 04, 2012

Saliva - Cena 4

O texto desta parte da peça, você encontra nesta postagem http://www.alexandrefranca.blogspot.com.br/2012/04/trecho-da-peca-saliva.html

segunda-feira, abril 30, 2012

Decidir

Tomar uma decisão
já é inventar
um novo
eu

sábado, abril 28, 2012

Trecho da peça Saliva

Eu
Eu-agora
Eu-segundo
Eu-partícula
Ventania

Mulher-casa-filho

Ventania

Soma-soma-soma

Ventania

Um raio-agora
Eu-sozinho-agora

Partícula que entra pelo nariz-partícula e subtrai a célula do segundo-ontem

Você-minuto-raio-corte-cataclisma
Um soco-azul no céu frouxo das lamentações
Um eu-caído-nada-tudo

Tempestuosidade

Família-agora
Família-ontem
Partícula-nômade

As construções inabaláveis de uma rotina

Rotina-partícula
Que derruba insetos
Que derruba a fauna
Que derruba árvores
Que move planetas-partículas
No infinito grão do velho-cosmos-novo

Entender-desentender
No entrar do coisa-alguma
Dentro do casulo semovente
Da vida-incerto-inseto
No seio-seio da origem inexistente

Olhar-piscar
o movimento lento do nascimento
Partícula-vagina
Mastigando-vomitando
O ser que fala-cala pra platéia que escuta-esquece a boca-oca de tudo aquilo que não quer real

Partícula-realmente
No cérebro-mouco
Dos ouvintes dos ouvires dos oblivions-lumes
A lava
No estrangeiro gole
De saliva

Rasgo-pai rasgo-mãe
Na casa-revista-infância
Brinquedos e cores
Lápis-lasuli-sangue
Ferimento agulha e raiva

No instante-partícula
Aprendo a esquecer
No rapto-rato de memória
Da estalagem-sombra da raspagem-manha da contagem-estranha
De ponto-partículas

A conivência-convivência
Perpendicular aos momentâneos

Não há infância
Só a ância e a hiancia dos buracos sulcos marcas esquecidas desaparecidas apagadas
Com a mão branca
Do acaso

Ela
Ela-agora
Ela-segundo
Ela-partícula
Ela-elas
A deslizar pelas células enrugadas
do passado-sonho
do desejo meu

Se por ventura eu existar
No encontro impossível
Da partícula-livre com
A partícula-controle

Se me afogar na saliva-agora
do movimento estranho
Do impossível?

Onde posso parar?

Como a água que suga
O percurso reto
Da corrente-alguma
Ando tortuosamente




Sou o próximo estranho de mim

terça-feira, março 06, 2012

Saliva - a nova peça da Dezoito Zero Um



Release - Saliva

Um homem atira em sua própria cabeça. Do furo da bala, nasce uma outra boca. E desta boca, uma outra cabeça. Saliva, a nova peça da Dezoito Zero Um – Cia de Teatro, é a tentativa de descoberta de novos universos linguísticos de significação do ser humano. Um homem tenta reconstituir o seu passado ao reconstruir a sua fala. A arquitetura de frases e expressões acompanha este processo de evolução que se dá em espirais.

O espectador se depara com uma nova concepção de sujeito. Não mais o homem íntegro, binário e dicotômico que somos acostumados a ver e conviver de acordo com o jogo social, mas sim um sujeito constituído de vários sujeitos, múltiplo, em plena complementariedade com o uno caótico e infinito da existência.

Otavio Linhares (que trabalhou nas últimas duas peças da companhia) faz este homem de múltiplas faces. Seu papel aqui é dar ao espectador ferramentas de preencher certos vazios que há entre a linguagem e o real físico de seu espectro. Seu desafio enquanto ator é: como traduzir a reconstrução da linguagem desta personagem de maneira corporal?

Um dos recursos utilizados por Otavio para responder a esta provocação do texto é a modulação e utilização de diferentes timbres e tonalidades vocais afim de compreender todo o universo em construção da personagem. A iluminação segue um caminho paralelo, ao tentar ambientar de maneira esquiza este processo.

Alexandre França, dramaturgo e diretor do espetáculo, foi buscar nos filósofos franceses Gilles Deleuze e Félix Guatarri a inspiração para a obra. “ Foi através do livro “Mil Platôs” que eu cheguei a escrita de Saliva. Gosto da idéia da obra como um agenciador, um detonador de impressões e sensações no espectador”.

Alexandre, que integra o núcleo de dramaturgia sesi-pr, fala também sobre a importância de Roberto Alvim no desenvolvimento da peça. “A teoria das dramáticas do transumano desenvolvida por Alvim através dos textos do núcleo me ajudou a compreender o caminho natural que eu estava trilhando. Saliva, junto com Grimorium (peça de Alexandre que será encenada por Alvim ainda este ano), é um dos primeiros trabalhos que eu realizo nesta direção transumana”.

SERVIÇO

SALIVA
com Otavio Linhares
texto e direção: Alexandre França
Trilha sonora: Glerm Soares
Iluminação: Erika Mitiko

Na Mostra Novos Repertórios
Festival de Curitiba - 2012
29/03 - 18h00
31/03 - 21h00
01/04 - 15h00
02/04 - 21h00

No Teatro da Caixa
Rua Conselheiro Laurindo, 280
Ingressos - R$ 20,00 inteira/ R$ 10,00 meia-entrada

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