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Blues Curitibano
sábado, agosto 29, 2009
Lançamento do CD "Música de Apartamento" no teatro Paiol
Porta-retratos
(Octávio Camargo, Alexandre França e Thadeu Wojciechowski)
Fósforo aceso na madrugada
Uma carta de adeus queimada
Calada mais de uma vez por dia
Flores perdendo o tempo
De serem dadas envelhecendo
Nas cinzas que a tarde fez
Da vida
Pétala a pétala, conto todas as pétalas
Arrancadas da rosa que eu guardei
No armário
Uma lembrança do mar de espinhos
Que chuva tempestuosa da despedida
Detém num raio
O apartamento que abandonei
Toda a mobília que eu não usei
Como sumir do porta-retratos
Que você guarda na sua mesa
Mas o dia amanheceu
O dia amanheceu
Amanhecer o dia me faz muito bem
Faz muito bem.
sexta-feira, agosto 28, 2009
Olha, tem gente querendo foder o mundo
E você fazendo teatrinho pra boi dormir
Brincando com as últimas tendências da moda
Junto com os seus amigos colecionadores
De comandos em ação
As palavras não se esgotaram
Você está falando agora
Mas de alguma forma eles te querem mudo
Os colecionadores
De alguma forma eles te querem
À imagem e semelhança
De um fracasso do passado
O que os move a escrever?
Ter mais bonequinhos
Que os seus colegas de sala?
A possibilidade de falar
Sobre o nada
E sair ileso do teatro?
A carência, a solidão
A falta de assunto?
Quem mandou
Apagar as luzes
Da minha casa?
Quem mandou
Apertar o mute
Do que acontece
Lá fora?
segunda-feira, agosto 24, 2009
Bette Davis e Joan Crawford em "Whatever happened to baby jane"
Nestes bombardeios aéreos
de gente mal amada e carente
geralmente eu a mantenho trancada
em meu depósito de ilusões.
Um quarto abandonado da casa
de um filho que nunca nasceu.
Eu poderia te ensinar as coisas
que um cachorro ensina a uma criança,
mas já abandonei o circo,
estou há mais de um mês na jaula
jogando cartas com os elefantes.
Acho que deveríamos assistir mais filmes
Matar um pouco a saudade
Do que acontece lá fora.
O mundo em sua sala de visitas
só aceita a solidão.
Colaram um aviso na porta:
“é proibida a entrada de casais apaixonados”
é como em Paris o fumo
em locais fechados
eles não toleram mais a presença
destes desgraçados
que tanto fazem mal à saúde.
domingo, agosto 23, 2009
A culpa
Quem nos ameaça?
O que nos atingiu?
O nosso medo mata?
O que nos torna frios?
Calculando a morte
Nas ruas do Brasil
A arma faz da sorte
Um tiro no vazio
Qual cristo morrerá por nós?
Qual cristo morrerá em cena?
A tv ainda acha
Que valemos tanto a pena
E nos protege
De toda a culpa do mundo
Quem poderia admitir
Qual coragem nos faria admitir
A culpa toda do mundo?
_____________________________
Canção nova. Nova fase. Novo assunto.
sexta-feira, agosto 21, 2009
Octávio Camargo me ajudando com o prelúdio do Villa-lobos.
momento "mercadoramama"
Com André Abujamra, cantando "ninguém ouve ninguém". Ao fundo, Davi Sartori.
Davi Sartori, Alonso Figueroa e Vina Lacerda
Com os amigos Octávio Camargo, Alexandre Nero, Gilson Fukushima e Luiz Felipe Leprevost
(esta última foto é do meu irmão Phillip França)
Para quem não foi no show
"mercadoramama" com a participação do Phillip na voz de fundo
terça-feira, agosto 18, 2009
quinta-feira, agosto 13, 2009
Do Caderno G da Gazeta do Povo
Alexandre França apresenta sua Música de Apartamento
foto: Albert Nane
Publicado em 13/08/2009 | Pedro de Castro, especial para a Gazeta do Povo
O apartamento é o espaço onde se desenvolvem as histórias das letras das canções, que mantêm uma tênue linha narrativa, pouco evidente de propósito. Dentro dele, o homem experimenta decepção, traição e morte. Porém a continuidade não é mais importante que os episódios isolados. O espaço delimita a ação, é a clausura do personagem, e acumula outro significado. “Exploramos o sentido burguês do apartamento, símbolo desta camada, que não só contém como está ligado ao percurso do sujeito de classe média”, explica França. A presença do tema do isolamento remete ao disco anterior, que o músico faz questão de diferenciar. “Buscamos outro sentido além da solidão do apartamento, e este disco tem um tom mais intimista”, esclarece.
A visão voltada para si próprio é reforçada por um arranjo de poucos instrumentos, que também abre espaço ao viés cênico das canções. Sons encontrados no ambiente de um apartamento, como o barulho de água fervendo na chaleira até o ranger de portas ou o choro de um bebê, interferem na melodia das canções, pautadas pela estética da MPB. Um exemplo é a faixa que abre o trabalho, “Valsa de Apartamento”, onde o som de escovar de dentes dita o ritmo da canção. “A intenção é que o ouvinte fique absorvido na atmosfera do lugar através do disco e a instrumentação contribui com isso”, conta o músico.
França espera que o trabalho tenha uma boa recepção. “O outro disco já tinha recebido boas críticas”, lembra. O CD foi produzido dentro do âmbito do projeto Pixinguinha, da Funarte, que visa difundir a música popular brasileira.
* * *
Serviço
Música de Apartamento – Alexandre França. Teatro Paiol (Lgo. Guido Viaro, s/nº – Prado Velho), (41) 3213-1340. Hoje e amanhã, às 21 horas. Ingresso: R$ 15 (com CD), R$ 10 e R$ 7 (estudantes).
quarta-feira, agosto 12, 2009
terça-feira, agosto 04, 2009
O que acontece lá fora?
O tumulto ainda não nos atingiu.
Cadê minha dor?
Fugiu de casa
Quem nos conhece lá fora?
Lá no fundo, bem no fundo, alguém sentiu
A dor desta dor
Que eu cultivava.
O mundo está mudo, não sente, não chora
Não fala o que passa aqui dentro
Eu sei, você dirá que isto não importa
Estamos sozinhos na sala
E agora que o tempo parou, meu amor
É hora de nos abraçar
Até o dia passar
Sem querer
Por nós.
_______________________
canção nova daquelas que a gente não esquece tão fácil.
domingo, agosto 02, 2009
Música do meu amigo Octávio Camargo. Letra deste que vos fala. Uma das muitas parcerias "cancionísticas" com o Octávio. Ganhou versão nova no cd "Música de Apartamento". No vídeo, a minha querida amiga Bárbara Kirchner canta junto comigo (apresentação do Thadeu, do Octávio e da Bárbara na Casa Gomm)
Choro Suicida
(Octávio Camargo e Alexandre França)
Nem toda história de amor acaba em morte, mas
Em Curitiba estes números assustam, pois
Quando o inverno chega por aqui
Os suicidas de amor se multiplicam por dois
Mais um poeta da dor se joga fora do bar
Onde a garoa cai guardando suas palavras
No piso de pedra do Alto da Glória para
Toda a boemia abraçada rir cantando
Nem toda história de amor acaba em morte, mas
Em Curitiba estes números assustam, pois
Quando o inverno chega por aqui
Os suicidas de amor se multiplicam por dois
Esta doença de amor não tem remédio, porém
Em Curitiba no inverno os bares enchem mais
De gente fria esquentando com cachaça
Um desejo que no fundo só faz bem de mais
eu mesmo largo mão de tanta hipocrisia
dançando com as mocinhas da cidade
que eu não dava valor
em cada esquina mais um santo se agita
ao ler a missa que Dionísio saberia de cor
na rua o tom de cinza tenta dar um clima
avermelhado pro curitibano se despir do pudor
e a chuva deixa dentro um fogo um cataclisma
pulsando um outro sentimento que nos dá calor
é a polaca do Batel deixando a boca sorrir
falando alto, sem vergonha, pro comboio ouvir
que o esporro vai continuar na sua casa
outra casa cabisbaixa para farra enfeitar
com cores novas a fachada desbotada
cheia de lambrequins
um vinho campo largo pinta os dentes de um infeliz
que agora fala pelos cotovelos que não doem tanto
quanto antes numa época em que o amor doía como
aneurisma ou pontadas na barriga, o amor era uma briga
que batia um coração desajustado, tão cansado de sofrer
por opção
Nem toda história de amor acaba em morte, mas
Em Curitiba estes números assustam, pois
Quando o inverno chega por aqui
Os suicidas de amor se multiplicam por dois
Mas toda noite do mundo que se preze também
Possui no fundo da gaveta um suicida bem do tipo
Que não liga tanto para a vida, mas
Que para morte nunca deu a mínima.
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