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Blues Curitibano
quarta-feira, dezembro 24, 2008
segunda-feira, dezembro 22, 2008
Ocorrência
O que ocorre é que uma estranha textura de húmus percorre a superfície do pensamento o que ocorre é que uma nuvem de cimento e cal desaba concreto sobre o pensamento o que ocorre é que os acidulantes não percorrem a corrente sangüínea do pensamento eles dão gosto aos vazamentos destes vasos o ocorre é que o gosto de saliva não tem mais gosto de saliva para o pensamento o que ocorre é que o sabor da carne secou dentro do sistema digestivo o que ocorre é que um porta canetas antes era uma lata de refrigerantes o que ocorre é que a televisão é um diálogo de mão única o que ocorre é que a televisão não é um diálogo mas um condicionador o que ocorre é que os condicionadores deixam os meus cabelos mais oleosos o que ocorre é que as imagens pornográficas nunca me causaram arrepios na espinha o que ocorre é que você também pode completar as lacunas o que ocorre é que você pode continuar escrevendo com este início o que ocorre é que as lixas de unhas duram o tempo suficiente para que se perceba que elas são inúteis o que ocorre é que este texto é extremamente inútil o que ocorre é que é justamente nas lacunas impressas pela inutilidade que o pensamento pode se espalhar descansar repensar repensar repensar o que ocorre é que o meu pensamento tá folgado demais
domingo, dezembro 21, 2008
(para Aninha e Jaques)
Há um amigo de vocês
Que aprende a passos de tartaruga.
Sim, ele agüenta o mar e suas ondas
Sim, ele tenta não ser
Cegado pelo sol.
Todo dia este amigo volta da água
Pra contar com outros amigos
Que sabem que ele ainda
Não atravessou nenhum oceano.
O amigo chora quando entende
Que falou besteira
O amigo chora quando entende
Que atravessar oceanos
Talvez seja uma besteira
O amigo chora quando entende
Que a sua vaidade o afogou
Em besteiras.
Este amigo arrependido
Volta para o mar
Já no fim da madrugada,
Para enfim morrer
Afogado
Mas é justamente
Lá dentro, meus amigos,
Que ele respira.
quarta-feira, dezembro 17, 2008
As personagens passam um tempo olhando uma pra cara da outra, girando um isqueiro no centro de uma mesa (ou outra superfície qualquer)
A - Você não vai falar nada?
B - Não. Não quero falar
(pausa)
A - Eu nunca te pedi para fazer aquilo
B - Aquilo o que?
A - Aquilo...você sabe (apenas mexe os lábios)
B - Eu não fiz isto...
A – Como não?
B – Não fiz nada disso que você disse que eu fiz...
A – Eu disse?
(pausa)
B - você me forçou a contar uma coisa que eu não fiz
A - Claro que fez! Não seja hipócrita!
(pausa)
A – Desde que começamos a jogar o jogo da verdade aqui nesta (interrompendo B) Não fale mais nada a respeito...você jogou fora toda uma vida por causa de uma (apenas mexe os lábios) eu não consigo entender como uma pessoa como você que (apenas mexe os lábios) e depois conseguiu (apenas mexe os lábios) pode falar uma coisa daquelas pra mim...
B – Você me forçou a falar aquilo...
A – não! Você queria falar aquilo.
B – Você me obrigou!
A – Estava entalada na sua garganta
B – falou que iria contar que eu (apenas mexe os lábios)
(pausa)
A – Sim, eu poderia contar o seu segredinho...sua...
B – Não comece
A – Você é uma hipócrita mesmo...eu sabia que eu nunca poderia jogar o jogo da verdade com você
B - A única mentira que eu contei foi o que você me obrigou a contar...
A – Pare com este cinismo...
(pausa longa)
A – Por que você perguntou se eu já dei o cu?
B – Ué, jogo da verdade é pra isto, não é? Para constranger as pessoas...
segunda-feira, dezembro 15, 2008
De repente
Pessoas cantam nas ruas
Falam poemas, dançam,
Oferecem flores em forma de
Palavras
O dia escorre como um
Banho de cachoeira
De repente uma bomba
Estilhaços
Um anoitecer que
Chega às pressas
Um senhor fardado
Pedindo o RG, o CPF
O endereço completo
De repente lhe oferecem
Máscaras de oxigênio
De repente palavras
São justamente aquilo
Que não se pode
Falar
De repente já é outro dia
E tentamos a todo custo
Em meio aos cacos
Buscar um sentindo.
segunda-feira, dezembro 08, 2008
19:00 h - Monólogo: AS NOIVAS
Com: Helena Portela - Autor: Alexandre França - Direção: Verônica Rodrigues
19:45 h - Leitura do poema Sorex e Minustah
19:00 h - TEATRO
Na verdade não era o sinal de vai tomar…
Com Direção de Nina Rosa Sá, peça de Luiz Felipe Leprevost.
LEITURA POÉTICA - Poemas: Fernando Montalvão
Interpretação: Mara Mocrosky - Com: Lila Montalvão e Ronald Magalhães - Direção: Fernando Montalvão
19:00 h - APRESENTAÇÃO MUSICAL
Alexandre França – Anaís Monte Serrat Magalhães - Bárbara Kirchner – Eduardo Mércuri - Ilse de Freitas - Luiz Felipe Leprevost -Octávio Camargo - Ronald Magalhães -Thadeu Wojciechowski
ENTRADA GRATUITA
quinta-feira, dezembro 04, 2008
I
Fumar causa
câncer
de pulmão
II
Fumar causa
câncer de boca e
perda dos dentes
III
Fumar causa
câncer
de laringe
IV
Fumar causa
aborto
espontâneo
V
Fumar causa
impotência
sexual
VI
Esta necrose
foi causada
pelo consumo de
tabaco
VII
Ao fumar você inala
arsênico e naftalina
também usados contra
ratos e
baratas
VIII
Crianças que convivem com
Fumantes
têm mais asma,
pneumonia
sinusite e
alergia.
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