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terça-feira, maio 31, 2005

Solidão e eu: uma estranha parceria.

Tomo um café expresso e completo as conexões do cérebro com um cigarro de filtro vermelho. Vou parar, com certeza no final do ano, de tragar esta fumaça nojenta. Dou um alô para alguns passantes do bairro que desavisados pisam o passo das minhas pálpebras cansadas. Mais um café é o suficiente para deter aquela sensaçãozinha de estriquinado. Volto para casa trópego e com a mandíbula levemente dura. Leio uma parte do Anticristo (a mesma que eu li na semana passada). Coloco um cd do Villa-Lobos; desato a escrever inutilidades. Dou algumas voltas pela casa. Um suco de uva estimula a minha atroz falta de vivacidade . O fim acaba sendo aquele terrível gosto amargo que a fruta deixa de brinde. Um amigo liga para o meu celular (eita objeto irritante) e me pede que eu desenvolva uma frase de efeito para o cartão endereçado a sua namorada. Começo a me questionar, "será que fui eu mesmo que escolhi esta música do seriado Friends para tocar nesta porra de telefone". Meu amigo parece ansioso com a resolução que eu darei para o "serviço". Falo para colocar uma frase do Cazuza; ele recusa dizendo que é muito "apaixonadona". Retorno ao Anticristo: para que ler um livro destes mais de uma vez? Eu não tenho ninguém para telefonar e dizer - algo mudou em minha vida. Como diria um amigo: "o legal não é só a foda, mas também é descrevê-la para a galera". Penso num verso sobre a solidão e descubro que eu já o havia escrito. A minha solidão não é mais novidade para ninguém. É foda descobrir que a solidão já se tornou rotina.

segunda-feira, maio 30, 2005

A arte do desencontro

Acordei no ap do Troy exatamente ao meio-dia. "Agora que me mandam para fora", pensei no exato momento em que entrei no expresso. Abro a porta de casa, meu irmão lava a louça do dia anterior: "bateu o recorde hoje, ein piá". Enfim, vou para o quarto, coloco um cd do Vinícius e ouço o verso que me faz acordar para a situação que estava a encarar-me de punho e sola. "Meu tempo é quando", "será, Vina?", perguntei ao poeta velho de guerra, já que eu tive a nítida impressão de que esquecia algo, afinal o meu tempo não é "quando" e geralmente eu confiro as horas pelo relógio do computador. Há muito que eu não lia os meus e-mails e que eu não entrava no orkut (um mês, acredito); isto significava um rombo entre mim e o mundo virtual. É como assistir a um filme e sair na metade para fazer o número dois. Perde-se o fio da meada, o desenlace e o climax da coisa. Primeiramente, abro a voz do Blues e de cara as letrinhas de um singelo comentário explodem na minha retina "chego em curitiba quinta-feira, no meio da sua boemia cabe mais uma cerveja? bêjus!" Nãããooooo, já passava das seis da tarde daquela maldita quarta-feira...isto mesmo, QUARTA-FEIRA, exatamente o dia que antecede a quinta, e eu não poderia fazer mais nada, já que eu não dei atenção ao comentário que deveria ser da segunda ou da terça. "Não Ju, a gente não vai tomar uma cerveja juntos, por que o idiota aqui não entrou na internet faz uma semana!!!!" Fiquei pensando como era conhecer uma blogueira de fora. Como era conhecer ao vivo uma pessoa que eu conhecia tão bem virtualmente. É só você entrar no blog de alguém para perceber que dentro de alguns posts está a personalidade de um indivíduo em forma de caracteres e idéias. E esta menina eu queria conhecer mesmo, já que além de transparecer uma enorme simpatia, alguns de seus posts possuiam um certo valor literário. Seus comentários também eram ótimos, já que instigavam a minha capacidade de argumentação e de interpretação de meus próprios textos. Assim, aquela tal Ju parecia entender muito bem o meu Blues e consequentemente a uma parte de mim. Eu parecia conhecer muito bem o blog dela também. Ambos conheciam o semblante virtual um do outro. Já era tarde demais. O blog dela demonstrava uma enorme empolgação com a viagem, ou seja, a sua "cara" virtual estava sorrindo para mim e para a minha cidade. Já a minha "cara" dormia tão profundamente, que parecia desprezar a felicidade dela. Fui para o Ponto Final conferir o aniversário do turco. No dia seguinte, espero a ligação da Ju em vão, provavelmente durante a viagem ela não leu o e-mail no qual eu havia escrito o meu telefone. Já era. A internet é um diabinho que lhe dá um corpo e um rosto virtual. Em troca, ela lhe pede que você entre todos os dias na rede, que sorva lágrimas através de comentários, que sorria através de posts, que se irrite com a demora do outro em digitar uma mensagem no msn. É como se alguém criasse uma alma para você. A minha alma virtual eu havia esquecido num canto. Como castigo, perdi a oportunidade de conhecer uma alma real. Tinha também o aniversário do Rodrigo "Mows" para ir (sábado, no Empório). Este sim eu conheci ao vivo, olhos nos olhos, aperto de mão e abraço de urso. Nem preciso dizer que ele me avisou da festa por e-mail.

quarta-feira, maio 25, 2005

Máquina do mundo no Ponto Final

Hoje é aniversário do Riad lá do Ponto Final.
Sinto que o fígado do mundo já começa a se liquefazer...

terça-feira, maio 17, 2005

para os ouvintes do Blues

seguinte, está cada vez mais difícil postar aquelas coisinhas que eu costumava escrever nas noites de assombro. Quatro motivos já se tornaram pedras no meu caminho: projeto pela lei de incentivo, carga de leitura, boemia desenfreada e o meu novo livro que sairá pela Kafka Edições Baratas. Esta última pedra é a minha mais feliz novidade. "Furtarei" alguns textos do meu blog e publicarei um conjunto de mais ou menos uns vinte dois poemas com o nome de "Complexo de Orfeu". Assim, dentro de um mês (e alguns dias a mais) estarei lançando umas cem cópias deste novo trabalho...falando nisto, o que vocês acharam do nome?

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