Terminei de ler as "Cinco Marias" do Carpinejar de forma definitiva. Agora, o adotarei como livro de cabeceira para o desenvolvimento do texto crítico que há meses eu prometi. Mas enquanto eu não o termino, leiam a entrevista que eu fiz com o autor da frase: "poesia é como briga de rua, se você não der o primeiro soco..."
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Blues Curitibano
quinta-feira, setembro 30, 2004
O meu projeto não foi aprovado, mas nem tudo está perdido!
Nunca passou pela minha cabeça não estar neste momento não trabalhando no meu amado, sonhado e pensado cd de músicas próprias. Anos de estudo. Anos aguentando tendências. Anos replicando o que realmente não merecia. Anos imaginando poder colocar as idéias em ordem não-alfabéticas. Anos pensando em algo que hoje vejo não ser. Schopenhauer (vendo deste ângulo obtuso de um leitor caduco, o nome deste cara parece o de um shopping no qual eu costumava jogar sinuca na época de cursinho) falava sobre a Vontade como uma entidade multiplicadora...que me desculpem os fãs do Shopping, mas parece que a nossa estrutura social é quase igual a estrutura do reino animal. E esta Vontade de nada adianta quando colocada cara a cara (a Vontade tem cara?) com a refração dos fatos que a gente acredita acontecerem de forma certeira e imediata. O fato é o punho da Vontade. Só que este punho é involuntário. A gente nunca sabe quando será engolido. A gente nunca sabe de fato quem são os nossos inimigos. Sei, agora, que homens não choram (eeee clichê). Mas no meu caso, eu não choro por saber que chorar agora é perda de tempo. Me passa pela cabeça uma idéia: Zaratustra realmente acreditava no que ele falava? Tudo leva a crer que não (que bom que é ter um blog e poder escrever o que quiser). E para falar a verdade, eu nunca me senti tão objetivo em toda a minha vida. Amo o verso que diz: "tem gente que vive chorando de barriga cheia". É...eu me sinto muito mais um super-homem ouvindo um verso destes do que lendo um livro que acreditei por anos ser o livro da minha vida. Se estou indignado? Sim. Mas como tudo na vida é multifacetado, comunico aos meus leitores que estou trabalhando arduamente numa prosa poética de pelo menos umas cento e poucas páginas. O nome será "sutura" e conta a tragetória de um linguísta-poeta que tenta escrever um poema que contenha o tempo (a entidade). Como ele faz isto? Por enquanto eu não abrirei o jogo. Afinal de contas, quem não gostaria de dominar o tempo?
domingo, setembro 26, 2004
terça-feira, setembro 21, 2004
Convite
Não há estrelas no céu
E me permito dormir na rua.
Outros olham
Criam asas em garrafas de fogo
Queimam casas
Gritam mares.
Uns choram filhos,
Matam as pazes;
Tocam oásis em almas tristes
E eu procuro estrelas onde não há cantares.
Procuro para não dormir
E não penar apetecido.
Já de dia, escavo com os poros
O lume saboroso do meio-dia
E os dedos corroboram em irem para fora.
Outras vozes, coisas de plástico, envolvem o que deve acordar no final da tarde.
A cor cospe fogos de fulgor no céu.
Olho outros.
Finjo estático a última estátua de desamor.
Me atrevo a encontrar um ponto luminoso no azul.
No preto, me encontro a afogar-me profundamente no roxo.
As estrelas partem, e explodindo as células do meu corpo
Um néon bordô rabisca a noite
ENTRE
ENTRE
ENTRE
Não há estrelas no céu
E me permito dormir na rua.
Outros olham
Criam asas em garrafas de fogo
Queimam casas
Gritam mares.
Uns choram filhos,
Matam as pazes;
Tocam oásis em almas tristes
E eu procuro estrelas onde não há cantares.
Procuro para não dormir
E não penar apetecido.
Já de dia, escavo com os poros
O lume saboroso do meio-dia
E os dedos corroboram em irem para fora.
Outras vozes, coisas de plástico, envolvem o que deve acordar no final da tarde.
A cor cospe fogos de fulgor no céu.
Olho outros.
Finjo estático a última estátua de desamor.
Me atrevo a encontrar um ponto luminoso no azul.
No preto, me encontro a afogar-me profundamente no roxo.
As estrelas partem, e explodindo as células do meu corpo
Um néon bordô rabisca a noite
ENTRE
ENTRE
ENTRE
segunda-feira, setembro 20, 2004
sexta-feira, setembro 17, 2004
quinta-feira, setembro 16, 2004
A pulga, que implantou no lóbulo da minha orelha esquerda, deu-me insônia. Dormir muito é para os talentos que esquecem o resto do dia e perseguem a si mesmos na cama. Não quis dormir, deixei-me de lado em função da sua impaciência em me fazer pensar em você. Escrever sobre outra coisa (que não seja você) exige uma força física incomum. Sem querer, esbarrei na sobremesa que expus para o consumo logo depois da siesta. Uma parte desabou na minha mão, como a nuvem que chove para desabar. A outra caiu resignada a ser esquecida. Sem querer lambi aquele suor doce, como um adolescente que lambe a própria pele ao pensar em outra. Ouvi claramente o som da minha pele. A sobremesa ainda sussurrava para o inseto: “eu sei que você quer me comer, devagar e sempre”.
quarta-feira, setembro 15, 2004
Uma faísca da cervical, uma centelha de imagem refletida. Velho, devo ser como todos os cães que não saem para passear, aposentam as mandíbulas, o rosnado. Guardam a língua para acariciarem a si mesmos, partes do interior que nunca foram retocadas. Velho, devo ser como todo o animal, que é presa daqueles que o amam.
terça-feira, setembro 14, 2004
Tire a blusa como se fosse abrir um presente de aniversário.
Tire a pele, deixe aberto o resto das dobraduras do origami do seu corpo.
Descasque o meu pau como as dobradiças da noite descascam o silêncio.
Me engole devagar, enquanto eu me esqueço no canto do travesseiro amassado.
O seu presente.
Tire a calcinha como se fosse abrir a boca da risada desesperada.
Tire a pele, deixe aberto o resto das dobraduras do origami do seu corpo.
Descasque o meu pau como as dobradiças da noite descascam o silêncio.
Me engole devagar, enquanto eu me esqueço no canto do travesseiro amassado.
segunda-feira, setembro 13, 2004
Jurava estar escrevendo naquele tempo. Um meio tempo esquisito de setembro. Jurava que o frio não me descrevia e fui tragado pelas decisões do céu. Deitar no chão, refletir sobre o clima, esvaziar o concreto com nuvens colhidas à tarde. Desperdiçar o tempo com estrelas de luzes raspadas pela palavra gasta. Dormir é um isqueiro de sonhos, acender os olhos é tragar a alma nas noites de solidão.
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