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sábado, junho 28, 2008

Itamar Assumpção


terça-feira, junho 24, 2008

Habitués vence o primeiro concurso de dramaturgia do teatro lala schneider


Olha, é a primeira vez que eu ganho primeiro lugar em algum concurso de literatura. Confesso que nessas horas a vaidade sobe um pouco a cabeça. Como diria a Reka "não me julguem". Enfim, mais informações é só clicar no link abaixo.
www.teatrolala.com



sábado, junho 21, 2008

Inseticídio - texto da Reka (do blog "muito azeite, pouco sal")

Cá estava eu: pacífica, tranqüila e sem objeções na vida. Eis que de repente surge um besouro do tamanho da minha orelha e começa a me perseguir loucamente pelo quarto. Sim, querido, per-se-guir. Eu me jogava no chão e o filha-da-puta dava rasantes assustadoras, agulha-negra mesmo. Muahahaha, eu podia ouvir as malditas asas batendo, ver cada uma daquelas patinhas nojentas, a cara sanguinária do inseto. Foram segundos de desespero. Se não fosse a sacola da renner que prontamente enfiei em um dos meus braços para capturá-lo, provavelmente eu não estaria mais entre nós, Não matei o infeliz, por óbvio. Sou toda a favor dos direitos humanos dos insetos, portanto só estou mantendo ele refém na sacola renner-guantânamo com um nózinho para averiguar melhor a situação. Sério, foi apavorante. eu realmente me joguei no chão duas vezes.

Muahahaha eu definiria como um riso maléfico, normalmente resultado de enormes bules de café acompanhados de flashbacks coloridões-faber-castell-edição-luxo (resultado de uma adolescência de pH menor que sete, por assim dizer)

Não é minha culpa se moro no meio do mato e continuo lutando contra os insetos. Possuímos um tratado de paz com as aranhas, é verdade, mas como todo tratado, não é imune aos rebeldes e extremistas. Insetos são como Palestinos, entende? Digo, adoro os palestinos, sou a favor da criação de um Estado Palestino, até namorei um no colegial. Passávamos a tarde vendo filmes... Claro, era meio chato alugar fitas – aparentemente toda locadora nessa cidade exige comprovante de residência. Bem, isso não vem ao caso.

Enfim, era um besouro marrom mas, fique bem claro, em hipótese alguma se tratava de uma barata. Do alto dos meus (cof, cof) anos eu jamais ousaria ficar a somente uma sacola renner tamanho padrão (daquelas em que geralmente cabem duas camisas, uma calça e a nota fiscal) de distância de uma barata nojenta. Talvez o besouro fosse repugnante, entretanto, encaremos os fatos: talvez se tratasse de um besouro repugnante com uma família inteira de besouros repugnantes para alimentar. Sim, meu caro, imaginemos 3 filhos adolescentes repugnantes, uma esposa na menopausa repugnante e, por que não, um pulgãozinho marrento de estimação – sem mencionar a hipoteca do arbusto na praia.

No fim da contas não agüentei o peso de 3 besouros adolescentes repugnantes crescendo sem pai (um fazendo teatro, o outro morrendo num racha e a besoura-arquiteta casando com um besouro-empresário do batel), uma besoura na menopausa viciada em toda sorte de ervas “medicinais”... Sem mencionar o totó pulgãozinho abandonado por falta de recursos, que antes de virar sabão arrancaria sabe-lá-deus quantas cabeças de louva-deus inofensivos.

Não poderia dormir, jamais teria uma noite de sono tranqüila. Já me basta agüentar todas as noites a viúva chorona daquele cigarra que resolveu tirar um cochilo na dobradiça acobreada da minha venesiana. Olha, eu juro que estava escuro, eu tinha bebido um pouco além da conta, meus óculos estavam longe, o escorpião-fornecedor da besoura-menopausa havia passado aqui mais cedo... Eu juro não vi o seu marido ali! Quando ouvi o crocante-de-dar-água-na-boca do exoesqueleto dele já era tarde demais...

Sonoplastas, dica do dia: cigarras esmagadas em dobradiças acobreadas soam melhor do que seja lá o que vocês andam usando para fazer crocs nas propagandas de batata-chips.

Células-tronco, dona cigarra? Terapias alternativas? A senhora realmente acha que houve alguma espécie de negligência da minha parte? Acupuntura? Musicoterapia? Quanto tempo a senhora agüentaria trabalhar para manter um boêmio em estado vegetativo? Indenização? Aposentadoria por invalidez? Faça-me o favor! O advogado da senhora vai entrar em contato, é? Não perca seu tempo, aquele pernilongo charlatão não passa nem através das telas das minhas janelas, quem dera na Oab!

Alto lá! Desde quando insetos homópteros possuem células-tronco?

Não senhora, eu jamais... eu... eu jamais insinuei que seu falecido marido... eu jamais insinuei sobre a orientação sexual... Homóptero, sim. Homossexual, não.
Veja bem, já ouvi suas canções sobre os tempos de ninfa... tenho pleno conhecimento de que ele era o amor da sua vid... estéril? Bem, pelo que entendo isso lhe garantiu longevidade – compreendo que as fêmeas morrem após botarem os ovos (é, eu não sei conjugar “poer”)...

Bem, agora que me informei que somente cigarras macho emitem sons, e tendo em vista que Libras não é a minha praia, creio que devo parar de falar com a dona cigarra ou sobre a dona cigarra.

Dona besoura, essa erva que me recomendou é diurética?

Obrigada mestre La Fontaine por mais uma fábula-trauma.

O Ministério da Saúde deveria colocar avisos nas fábulas como faz nos cigarros.
O Ministério da Saúde adverte: crianças expostas a Jean de La Fontaine desenvolvem asma e problemas respiratórios.

O resultado de todas essas lindas fábulas contadas noite-após-noite-após-noite pelas nossas avós normalmente é um lindo garotinho rosáceo tomado pelas formigas assassinas no quintal daquela velha inconseqüente.

Avós são secularmente reconhecidas pela sua única função e objetivo de estragar o trabalho dos pais. Absolutamente natural e louvável, desde que a deseducação se dê na forma de miojo no café da manhã, estilingue, crueldade com animais, leite-com-manga, não obrigatoriedade de usar fio dental, canal pay-per-view sexy-hot-playboy-amateur-japanese-lesbian-gang-bang-anal liberado no quarto de visitas... o de sempre. Só, por favor, parem com as fábulas! Não se contentam em roubar nossos lugares no ônibus, no cinema, nas filas, nas filas do ônibus, nas filas de cinema, nas filas de filas? Precisam mesmo acabar com o bom-senso enfiado à pauladas na molecada por pais que, como eu, entendem a natureza sanguinária dos insetos?

O Ministério da Saúde deveria colocar avisos nas avós como faz nos cigarros.
O Ministério da Saúde adverte: esta avó possui mais de 4700 histórinhas tóxicas. Não existem níveis seguros para o consumo destas.

Isso me lembra que a minha cozinha está com um foco de formigas. Elas andam revoltadinhas desde que sacrifiquei algumas pelo bem maior carbonizando-as na boca de fritura do fogão com o intuito de observar as extremidades daquelas delicadas patinhas atingindo um sensacional tom rubro.

-Adoraria ter sapatos daquela cor. Scarpins 36-37, por favor, moço.

Pouca gente sabe, mas formigas são tão sujas quanto as baratas e alpinistas muito mais competentes. (Aviso aos navegantes: elas não se lambem como gatos, tampouco arrancam piolhos umas das outras à exemplo dos fellas primatas)

-Perfeito. Vou levá-los.

Ah, as baratas.

-Aceita Amex?

---Filho, pare de brincar no gramado da Teffé com os tatu-bola e venha aqui comigo.

Se deus quiser, baratas jamais cruzarão com piolhos.

-Ahn, tem como fazer em duas vezes? Ando meio apertada esse mês.

---Olha, filho, você está com lêndeas!

-Pois é, a dedetização não estava em meus planos financeiros. Dedetizou foi a minha conta bancária.

Oh, não! Eu achei que eram os amigáveis e simpatissíssimos piolhos sorvedores de sangue, mas são lêndeas de barata! Pente fino! Scarbin! Sauna! Máquina Zero!
Oh, não! Nada funciona! O que será aquilo? Um pássaro com uma bomba atômica? Um avião com uma bomba atômica? Céus! É o Mister-M com uma bomba atômica! Mas que diabos?!

(Cid Moreira:)
_E agora Mister M? Principe negro de todos os sortilégios.

Filho? Filho?

(Cid Moreira:)
E agora Paladino Mascarado, como é que você vai sair dessa?

Droga! Elas ainda estão vivas!

(Cid Moreira:)
_ Isto é um espanto!

Veja só, que belezinha, aquela ali perdeu a cabeça mas, ao contrário do meu garoto-piolhento-e-ranhento, sobreviverá mais onze dias sem ela – o que fazer com crianças humanas e sua incapacitante dependência de cabeças?

Bem, quem não tem mais filho, abraça a barata.

Vem cá com a mamãe, minha baratinha gosmenta... Você tem as minhas antenas mesmo, minha trufa... Dê um beijinho aqui, dê. Ah, entendo. Seus amigos estão olhando... Você tem vergonha de mim? Ok. Tudo bem. Sem problemas. Aliás, você já é um mocinho, já enfrentou as agruras de uma bomba atômica, tem a sobrevida limitada pelo que comeu antes da explosão pois perdeu a cabeça... Querido, você é adotado.

Como assim já sabia? Pediu para aquele viciadinho em pico do seu amigo mosquito roubar um pouco do meu sangue? Testou é? Eu não tenho sangue de barata?! Voa daqui, garoto insolente.

Ele só pode ter perdido a cabeça. Ah, as baratas. Nada é tão ingrato quanto filhos e baratas. Você os alimenta, enche de calor e umidade, e o que recebe em troca? Será que alguém se lembrou de averiguar como se sentiam os pais de Kafka?

Não. Não e não. Tudo errado. O quão cansativo é mencionar Kakfa e baratas?!

Falemos de kafta, prato típico árabe, delicioso. Um primor culinário que, curiosamente, quando esquecido dentro da cômoda do quarto pelo animal do meu filho, atrai baratas.

Vai um careta aí, mosquito? São lights sim. Ah, não quer aquele com as imagens horrendas dos seus amigos tailandeses ao lado daqueles ratos mafiosos? Ok. Acho que tenho outra carteira aqui. Fuma daquele com rolmops de criancinha?

Sabia que na Tailândia as pessoas comem toda sorte de insetos? Você acha justo? Achei que ficaria indignado... Como pode ser justo? Como assim, lá eles também comem toda sorte de criancinhas? Pois bem: é justo. Elas são saborosas? A culinária é mais desenvolvida que a humana? Im-pos-sí-vel, meu amigo.

Ferran Adriá e sua sofisticação babaca tri-estrelada em hipótese alguma será superado por invertebrados como vocês. Duvido que saibam fazer espuminha de peixe, azeitonas de gelatina, infusão assim e assado.

O que você quer dizer com isso? Que todas aquelas asinhas na nossa comida, todo aquele controle de insetos no que comemos, aquela porcaria de partes por milhão, é na verdade a triste realidade da segurança no trabalho? Milhares de mosquitinhos como você (bem, os de família... até onde sei exige-se exame toxicológio praquelas bandas) perdem asas, patinhas, cabeças e sabe-lá o que mais em subempregos nas nossas fábricas? Há uma máfia análoga à das pastelarias no brasil? Aqueles ratos! Você é uma mosquitinha? Mosquitinhos comem apenas frutinhas? É, minha querida, se eu fosse você, também me picaria.

Teria Noé coletado dois exemplares de cada inseto? Teriam os insetos invadido a arca com tochas nas mãos, exigindo seu lugar ao sol (ou chuva, que seja)? Posso imaginar os problemas causados pelos inconvenientes cupins naquele barcão de madeira. (Já repararam como madeira de demolição anda mais bem cotada que madeira da cruz?) Teria deus enviado junto de sua mensagem ao bom velhinho (ah, bons tempos sem fábulas) um grande balde para tratamento cupinicida na madeira? Os tamanduás ganhavam um quarto maior e o direito de repetir a sobremesa pelos seus préstimos como seguranças patrimoniais?


Uma questão que sempre me intrigou é a escolha, recrutamento ou puro seqüestro dos animais da arca. A meu ver, há uma considerável possibilidade de que certos animais não estivessem acreditando naquele cidadãozinho descompensado pregando por aí que o mundo viraria uma versão ainda mais acessível e popular do piscinão de ramos. Digo, se eu fosse uma taturana, e estivesse tranqüila no meu apê no 3º galho, bloco b do meu condomínio de árvores de luxo, ficaria no mínimo em dúvida na hora de comprar a causa de um humanozinho maltrapilho metido a agente turístico. Por que motivo eu largaria minha boa vida de solteira bem-sucedida ? Haveria uma razão plausível para simplesmente abandonar meus 41 dias de trabalho árduo na empresa de outdoors que fundei porque a senhora Noé colocou os cogumelos indicados pela dona besoura, sem querer, na espuminha de peixe dele? Pensando bem... tenho saúde, sou empreendedora, haverá uma carência de mercado na minha área no novo mundo. Tantas oportunidades para meu futuro império da poluição visual nas grandes cidades... E se, eu ajudasse o velhinho tãn-tãn? Posso colar cartazes por aí com um desenho dele, botar um chapéu nele, terninho... mas ele não pode parecer antiquado, devemos atrair os jovens, descolados e acima de tudo sexualmente ativos...preciso investir no figurino... estou imaginando listras, listras e cores... listras vermelhas, azuis, brancas e , estrelas (mulheres adoram estrelas). É isso aí, milhares de indivíduos de todas as espécies duelarão pelo primeiro pacote de viagens CVC da história! Tudo que preciso agora é de uma frase de impacto, malinhas-brinde amarelas-e-azuis com nosso símbolo e um slogan, algo que transmita a idéia de que os queremos, mas ao mesmo não transpareça nosso desespero e ânsia por recrutá-los. Eles não devem se sentir usados por deus para perpetuar a espécie quando ele poderia simplesmente tirar a bunda do sofá e trabalhar mais um dia para melhorar as coisas... Algo mais ou menos como: I want you!

Reka

sexta-feira, junho 20, 2008

Hoje - apareçam.

Poemas de
Fernando Koproski
Luiz Felipe Leprevost
Edson Falcão e
Alexandre França
Interpretados por Antônio Sérgio
Onde?
no espaço Pé no Palco, Rua Conselheiro Dantas, 20 - rebouças (próximo à churrascaria paiol)
Quando? Hoje às 20h30

Apareçam.

quinta-feira, junho 19, 2008

Movimentos da praça Oswaldo Cruz

Uma sirene, que na verdade é um toque de celular
Acorda um grupo de pombos na praça Oswaldo cruz
Com o pretexto de chamar alguém para a conversa
Num canto de praça, ou na canaleta do expresso.
Nove da manhã e velhinhos esperam
Ser atropelados por estes expressos que
Voam como jatos de quinta categoria
Em busca de algum sentido para sua existência
Que não seja entulhar pessoas
Num espaço restrito de humor e
Humanidade.
Um prédio espera aquela esfera de demolição
(sim, aquela que a gente assiste nos filmes onde
alguma cena de ação se passa em
alguma construção ou demolição de
alguma construção
onde bandidos se escondem).
Dez da manhã, um jovem de uns
Vinte e pouco anos morre engolido por uma esteira elétrica
Depois de quatro horas ininterruptas de caminhada
Na esperança de perder numa só tacada
Vinte quilos de uma vida regrada a hamburgueres do Mc’ Donalds
E bolachas passatempo recheadas.
Dez e dez da manhã este mesmo jovem é encontrado
Ensanguentado e morto logo atrás daquela esteira elétrica
Pelos seus pais que desesperados gritam histéricos um “por que?”
Estranhamente gutural para os seus padrões vocais
Que sem querer e por um puro e simples movimento do vento
Acordam as pombas da praça Oswaldo cruz
Que comiam migalhas do pão francês de um velhinho
Destes que se matam em canaletas do expresso
Mas que hoje, magicamente, vislumbrou um futuro melhor
Ao dar de cara com um expresso que parou a sua jornada na velocidade da luz
Para dar passagem a este velho homem que prosaicamente catava
um pão francês do chão da canaleta do expresso
para dar de presente ao pombos do asfalto
que finalmente sumiram logo após este mesmo senhor
levantar seu olhar, do chão ao céu
com um pedaço de pão francês
em uma das mãos
e um celular nokia em outra.

domingo, junho 15, 2008


Osmo

sexta-feira, junho 13, 2008

Shiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

O teclado dorme dentro da sua turva tinta alfabética

Enfurnado em almofadas e calmantes

Incensos e códigos html

Coisas dormem nestes espaços

Decodificados

Murmúrios cuspidos, líquidos negros que existem

Em sons de

sonolência

Amocsp

Fsalml

Fmskafl

Asmçlf

Çsafsfslafm

Csjrjpo

As´foqeln fçc

@@@gcnçld

c,w´pdvm

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mlçscahi
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Cmçae0cqe

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Um ronco estridente como o desfalecer de um trator movido a ar e falta de ar

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apnéia alfabética. O teclado rosna um passado incompreensível

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quinta-feira, junho 12, 2008

Clique na imagem
APAREÇAM!

mais info no www.iliadahomero.wordpress.com

quarta-feira, junho 11, 2008

Noturno

Crises noturnas
São explosões ao fechar dos olhos e
Seguem nuas pelas praias asfaltadas do
Pensamento aquoso de uma crise
Noturna, são diabos escondidos nos armários
Dos quartos que não são mais de dormir

Crises noturnas são tão inevitáveis
Quanto o estranho desejo de parar de beber
Quanto o estranho desejo de parar de fumar
Quanto o estranho desejo de desaparecer
Quanto o hábito de chorar
Em comédias românticas

Chorar é como batizar
A dor invisível
Desta noite

terça-feira, junho 10, 2008

Gilson Camargo e Luiz Felipe Leprevost

Simplesmente genial a parceria "foto e texto" promovida pelo fotógrafo Gilson Camargo e pelo (entre outras coisas) poeta L.F Leprevost. Aqui, um pouco do resultado desta nova empreitada "foto x texto" dos dois. Para mais informações é só entrar no blog do Gil que é esse daqui http://www.gilsoncamargo.com.br/blog/



Claudete Pereira Jorge e Helena Portela na peça "final do mês"


9 de Junho de 2008 - por gil

De: “gilson camargo” gilson@gilsoncamargo.com.br
Para: felipeleprevost@terra.com.br
Data: Mon, 2 Jun 2008 14:30:20 -0300 (GMT+3)
Assunto: fim do mes 1
Olas.
Pra quem viu varias vezes o espetáculo certamente faltarão cenas e imagens incríveis.
Aí vão algumas das que consegui captar de primeira.
A medida em que as for “descobrindo”, vou enviando.
Aguardo o texto. O post inclusive pode ir sendo modificado depois de editado, portanto podemos construí-lo em processo.
Manda aí!
Abraço.
Gil.
www.gilsoncamargo.com.br/blog

Certo, Gil, belezinha tudo ali, já me interessei por uma dúzia delas, dá caldo sim, vou precisar uns dois dias pra produzir alguns textos, pensei coisas já, por exemplo, na foto em que a Clau segura o pepino, poderia ter a seguinte frase: todos nós estamos segurando o rojão… ou ainda, no momento em que ela beija o pepino, algo assim: no dos outros é refresco…

…slogans, misturados a textos mais longos… tentarei algo difícil, alguma análise mais profunda sobre a dramaturgia do França…


…alguma outra análise que destaque o brilhante trabalho de atriz que a Heleninha e a Clau fizeram, detalhes de ações e composição de personagens, tudo muito verdadeiro…


…mas vamos conversando… vá guardando os mails, por ventura, eles compõe o corpo do estudo no futuro breve… abraços… Leprevost.


Aí, velho… vai o texto… pode mexer, reparti-lo, colocar debaixo de cada foto… edite aí como quiser… grande abraço… L.

Cenas domésticas que somos incapazes de domesticar.
Vicissitudes, parece-me uma palavra adequada para a ocasião.
O que dá pra pensar é se a nossa atuação - dos fazedores de teatro - está vinculada ao teatro municipal, ou se é do teatro municipal, ou se o município ser este aqui é infame destino.
Claro que alguém pode chegar pra você e dizer: - Eu já trabalhei de graça naquele teu projeto.
Claro que você pode chegar assim manso no ouvido dessa pessoa e dizer: - E eu já paguei o teu salário quantas vezes?
Ambos também podem se xingar simultaneamente: - Você é um babaca.
- Não, você é que é um babaca.
A questão é que nunca é de graça, a paga não é dinheiro, isto é uma coisa, a outra é que sem dinheiro tambor não vai, são as complexidades e contradições do ofício.
A peça Final do Mês é sobre isso, mas esta não é a sinopse, quem quiser a sinopse que vá assistir a próxima montagem em agosto no Teatro Municipal, na menor sala dele.
Sim, é texto perfeito o do França, a interpretação sem igual de Claudete e Helena.
Mas a peça é sobre outra coisa além da peça, é sobre um processo nascido da convivência, ninguém ali foi contratado, comprado, ninguém ali inventou um projeto, ninguém ali enganou ninguém fazendo bem feitinha a burocracia, apenas tiveram o desejo de fazer teatro, o França ficou indo lá no Clube Claudete durante meses, bebendo vodca com ela, é o que a gente diz: Quer dirigir a Claudete? Tem que beber vodca com ela. Isso é o mesmo que dizer: - Quer fazer teatro? Tem que se comprometer com uns Exus.
Tá provado, não precisa de frescurada pra fazer teatro, a trupe França, Claudete, Helena e Reka (a iluminadora) pegaram uma sala qualquer no centro da cidade, num hotel antigo e promoveram um belo encontro semanal de pessoas que iam lá ouvir a contundência, não de uma ideologia, pois teatro não é sobre ideologias, mas a de uma estória, já que teatro é sobre estórias.
Hein Claudete?!, pareceu-me sempre que estômagos falam mais alto e reto que pepinos, embora tagarelem e muito a pepinada toda.
Devo avisar: eu sou um dissidente paralisado, assim como a personagem da filha, quem só enxergou uma garotinha mimada e fútil na personagem da filha, então não enxergou nada, não enxergou a sua falta de escolha diante da máquina moedora de esforço humano que está aí fora, contra a qual a garota se insurge sobremaneira, ou você acha que é uma mera piadinha o momento em que ela retorna dizendo ter assaltado um banco? Caralho! Ela assaltou um banco e foi aplaudida, e não poderia ser diferente, ou você está do lado dos banqueiros? Eu não.
Veja o que acabo de ler num ensaio do crítico teatral Kenneth Tynan sobre o trabalho de Bertolt Brecht: Ele “buscava um método pelo qual os processos econômicos pudessem ser efetivamente dramatizados; ele esperava que dinheiro e comida substituíssem um dia o poder e o sexo como temas principais do teatro. Na maioria dos escritores burgueses, disse ele, ‘o fato de o ato de ganhar dinheiro jamais ser objeto de suas obras faz com que suspeitemos que [...] esse seja na verdade o objetivo deles.” Há, evidentemente, certo fatalismo na criação de França, porém não se pode desconsiderar que a conjuntura social e política contemporânea, aliada a observação e reflexão, trouxeram Brecht até nós graças a sensibilidade desse dramaturgo e suas parceiras Claudete e Helena.
Parecia que pra alguns aquelas palavras entravam por um ouvido e saíam pelo outro.
Se é um grande negócio a peça Final do Mês? É.
A sua competência pra ser popular, qualidade rara no dias de tantos gênios contemporâneos, seus diálogos ligeiros, dando saltos velozes do naturalismo para o nonsense.
Não admito que alguém que esteja na frente de um mestre não o reconheça. Então alguém dirá: - Mas um mestre não precisa ser reconhecido. Claro que não, direi eu.
A peça Final do Mês afinal de contas é sobre uma ponte sobre a água, ou um apartamento na palma da mão, ou um navio de carga trazendo maços de cigarros.
O teatro de Alexandre França tem aquela ousadia dos grandes caras do teatro, faz a gente rir de nós mesmos, mostra que as escolhas que nos restam talvez não sejam suficientes, e assim como, sei lá, um Pirandello, que quase nos faz rasgar de tanta gargalhada, Alexandre França não é uma piada, embora colocar uma maçã em cena falando “você quer me comer, você quer me comer!” seja nos restituir o pecado original, de um tempo em que as maçãs, pobres maçãs, nos proibiam o Paraíso. Agora a gente come dinheiro e o Paraíso sempre está um passo em nossa frente, mas nunca o alcançaremos.

Luiz Felipe Leprevost

Ficha técnica
Texto e Direção: Alexandre França
Com Claudete Pereira Jorge e Helena Portela
Trilha: Carlito Birolli e Cauê Menandro - participação especial de Odacir Mazzarolo

segunda-feira, junho 09, 2008

Diálogo no fim da tarde

Ela - Você vai pedir outra garrafa de vinho?!

Ele - O que você esperava? Outra garrafa de água?

(pausa)

Ela - É que você nunca bebeu tanto assim...

Ele - ...é que você sempre foi embora mais cedo.

(pausa)

Ela - o céu não está lindo hoje...

Ele - igual ao de ontem...

(pausa)

Ela - Desde quando você se tornou tão rabugento...

Ele - Tome a sua água que eu tomo o meu vinho...

(pausa)

Ela - A bebida está te fazendo mal...

Ele - Nossa! Você falando parece até que estou bebendo todos os dias da semana...

Ela - Você já esqueceu o que fez ontem?

sábado, junho 07, 2008

Confundindo Patrick Marber com David Mamet

Edmond (2005)


Não sei por que eu tinha esta mania de dizer que o filme "Closer" (escrito por Patrick Marber) era de David Mamet, usando isto como ponte para falar sobre o filme "Edmond" escrito por David Mamet (o título que deram para a versão brasileira é "Submundo"). Aqui, Mamet fala novamente sobre a capacidade do ser humano anular o próximo em benefício próprio e como forma de sobrevivência. Edmond Burke, cansado de sua vidinha medíocre, decide entrar numa incursão pelo submundo de Nova Iorque em busca de algum sentido para sua existência vazia e comum. Acontece que Burke não vive no submundo e agora terá que se adaptar as suas regras. Como em "Sucesso a qualquer preço" ("Glengarry Glen Ross", filme de 1992 com Jack Lemmon e Al Pacino), Mamet coloca Edmond no limite para expôr a sua essência. Diálogos intensos e agressivos dão o tom do filme. A todo momento, como uma metralhadora desenfreada, Edmond esbraveja e vocifera contra a existência numa espécie de discurso apocalíptico. Com uma atuação mais do que foda de William H Macy, Edmond surpreende tanto pela história, quanto pelas atuações. Um cinema voltado para os atores e para o texto. Assim como Closer.
Blog da Dezoito Zero Um - Cia de Teatro.

Para quem curtiu as peças "Um Idiota de Presente" e "Final do Mês", agora a Dezoito Zero Um - Cia de Teatro tem um blog, onde serão atualizadas as notícias da Cia. Apareçam de vez em quando para conferir as novidades. www.dezoitozeroum.blogspot.com

sexta-feira, junho 06, 2008

Organismo

Um organismo entulhado de gordura
E coca-cola em suas veias e artérias
Seu bafo de pasta de dente
Borrifa o bom ar do dia a dia
Seus braços são marretas de amaciar
Carne
Seus dentes, um triturador truculento de triturar
Carne
Seus olhos apontam para mim
Como numa descarga fatal
De analgésicos e sedativos
Estou com uma pizza no estômago
Esperando o próximo gole de refrigerante
Estou entre paredes adoçadas com Zero Cal
E cimento
Estou pronto para beber um muro de concreto
Estou na encruzilhada
Entre o caminho do inferno
Ou de um número um
Um organismo inteiro
Se alimenta do meu fluxo de consciência
Ele me domina
Um organismo
Ordenando que eu enfim
Pare.

quinta-feira, junho 05, 2008

desejo de matar

Pingüim de geladeira num armário rococó

Estou neste exato momento assistindo ao Canal Brasil e eu preciso desabafar. As horas passam atualmente como numa insistente apresentação de “Oh, Calcutá”: enfurnadas de gente mostrando uma avidez sexual tão tremenda, onde o único refúgio de uma possível delicadeza esteja no brega, no cafona, na pieguice – eu estou querendo dizer que, pelo menos pra mim, não há refúgio. Digo isto pelo fato das pessoas acharem (ingenuamente) que uma música, só por ser interpretada pelo Caetano Veloso (ou pela Maria Bethânia), se torna isenta do fato de ser brega por ter uma interpretação de algum medalhão da MPB. Ela continua sendo brega! Ela vai ser brega para sempre. E o Caetano deve saber disto (até por que ele não enxerga a música brega como sendo uma música pior ou melhor...”ou não”, enfim). Digo isto também pelo fenômeno de aceitação pedante provocado pelo Canal Brasil, que vem me causando um certo ódio (o que não é bom para a minha pressão, diga-se de passagem).O Canal Brasil é um canal legal (dubiedades à parte). Há bons programas no Canal Brasil. O que ocorre é que neste oba-oba do “tudo é lindo”, filmes ruins acabam passando como um monstro travestido de opiniões e mais opiniões de profissionais abalizados (e por que não dizer, mitológicos) bem rente à platina do nosso nariz. Estes “profissionais abalizados” falam que o “cinema brasileiro é maravilhoso e genial e etc e tal” antes e depois de uma pornochanchada chechelenta. Sem chamar ninguém de idiota, mas qual é a conclusão do espectador? Não, Jorge Dória: a pornochanchada não foi e nunca será a revelação cinematográfica brasileira do século passado. A pornochachada é pornochanchada e ponto (apesar de você ser uma figuraça, Jorge Dória). Não achem que estou dando uma de moralista. Só queria que as pessoas assumissem o que elas fizeram no passado, não vejo nada de ruim em uma pornochanchada ser uma pornochanchada, agora uma pornochanchada precisar da avaliação de especialistas para que ela se torne "genial", aí é golpe baixo. Pra falar a bem da verdade, não sou um profundo conhecedor do cinema brasileiro. Mas dizer que tudo o que passa no Canal Brasil é genial, daí não dá, né, cumpadi. Vamos botar a cachola pra funcionar, senhores “crítico de cinema”.

quarta-feira, junho 04, 2008

Ela não é psicóloga.

Alguns amigos que assistiram a peça "final do mês" questionaram o perfil da mãe dizendo que ela não poderia ser uma psicóloga por um monte de motivos. Eu gostaria de deixar claro que ela não é uma psicóloga (como diz a reportagem da gazeta que eu postei logo abaixo) e na verdade o texto da peça não deixa claro o que ela faz realmente. Em nenhum momento da peça há algum vestígio de que a mãe seria uma psicóloga. Aliás, não sei por que a gazeta divulgou desta forma. Enfim, queria agradecer as observações construtivas da minha amiga Ana e dizer que já estou trabalhando para melhorar o papel da filha. Até agosto muita coisa pode ser feita e acredito que a peça irá ganhar uma cara melhor com uma iluminação mais profissional e um cenário novo. Queria agradecer a todos que compareceram lá no Hotel Del Rey para dar uma força pra gente. A peça reestréia em agosto no Mini Guaíra.

Ah, este vazio que existe entre uma temporada e outra vai ser foda pra mim. Paciência é um ingrediente fundamental para a alquimia do artista. Mas eu nunca tive paciência. A angústia sempre invadiu meu quarto às 3 da madrugada me perguntado onde eu iria continuar o restante da noite. E ela nunca me abandonou. Bom, de qualquer forma, acho que pelo menos eu irei atualizar mais este blog.

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